Introdução
A espiritualidade
carmelitana, alicerçada na devoção a Virgem Maria e experimentada pelo profeta
Elias no Monte Carmelo, tem sido um berço para muitos santos e santas da nossa Igreja.
Ser santo nunca foi tarefa fácil, mas também não é coisa impossível. Na nossa
caminhada rumo ao céu, a presença das pessoas que já alcançaram a meta nos
serve de testemunho e exemplo de que isto é possível.
Cada
jardim tem suas flores, com seu encanto e beleza particular. Assim, o Carmelo
Descalço, idealizado e querido por Santa Teresa e São João da Cruz, é um jardim
na Igreja de Deus e na humanidade que tem seus santos. Todo santo carrega algo
de especial que lhe é próprio, tem sua fisionomia e sua espiritualidade. Ainda
não inventaram máquina de xerox e clonagem dos santos!!!
Na história da
Igreja, vemos o exemplo de muitos santos carmelitas que alcançaram a glória
através do cultivo da presença de Deus, que é a essência da espiritualidade
carmelitana, como diria Santa Teresa: “...estar com aquele que sabemos que nos
ama!”. E esta é também a nossa missão como Obra Missionária Virgem do Carmo
Peregrina!
Outra santa
carmelita, Santa Teresa dos Andes, nos diz que “é preciso estar com Deus no
mais profundo de nossa alma. É preciso possuir a Deus para dá-Lo às almas.”
Portanto, aí esta o grande tesouro do Carmelo, jardim florido que tantas almas
tem levado para o céu: ESTAR COM DEUS! Eu não posso dar aquilo que não tenho!
Se eu quero dar Deus aos meus irmãos, eu preciso possuí-Lo. E, não se assuste,
é possível possuir a Deus e Ele quer isto de nós! Este é o matrimônio
espiritual, vivido por tantos santos carmelitas.
Quando nos
aproximamos dos santos, nos sentimos “revolucionados por dentro”. Ao mesmo
tempo que sentimos como estamos distantes do ideal de santidade, há algo de
extraordinário que nos lança em busca deste ideal. Lembramos que o ideal de
santidade não são os santos, mas o próprio Deus, como Jesus mesmo nos disse:
“Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Não há
outro caminho a seguir, nem outro modelo a contemplar. Os santos são nossos
irmãos que já alcançaram a meta e nos “incomodam” dizendo e mostrando que dá
para chegar lá!
O Carmelo nos
oferece um estilo de santidade, de perfeição que brota do interior e vive numa
constante doação, quase que “misteriosa e invisível”. É na solidão e no
silêncio que se faz a voz que grita no deserto da humanidade que “sem Deus não
se pode viver”, que somos chamados a ser santos.
Os santos
carmelitas são pessoas que, seduzidas pela chama da sarça ardente, aproximam-se
deste fogo que queima, mas não consome, escutam a voz de Deus, tiram as
sandálias e, deixando tudo, tornam-se, elas mesmas, o fogo que queima e não
consome. É o grande caminho da santidade: saber acolher a força da Palavra de
Deus, atravessar os desertos, as chamas, as noites, para contemplar a luz que
ofusca os nossos pobres olhos.
A loucura da
contemplação só é compreendida a partir do amor que não tem explicações. Ou
você consegue explicar porque acorda todos os dias, religiosamente, uma hora
antes de suas atividades para rezar e estar com Deus?!
Os santos do
Carmelo Descalço são marcados por este desejo infinito de Deus, por esta paixão
pelo infinito e pelo ser humano. Não são fugitivos e fugitivas que têm medo da
vida, mas sim seduzidos pela vida que querem viver a plenitude de estar com o
Senhor.
Que o perfume
e a beleza destas flores nos estimule a aventura da santidade! Vale a pena
tentar ser santo, florescer e espalhar o perfume de Jesus, no lugar onde Deus
nos plantou!
Neste estudo
iremos aprofundar a vida de alguns santos carmelitas e buscar neles o exemplo
para vivermos a presença de Deus no nosso dia-a-dia. Iremos apreciar a vida de
tantas Teresas (ou você nunca se confundiu com Santa Teresa de Jesus, Santa
Teresinha, Santa Teresa dos Andes, Santa Teresa Benedita da Cruz e outras
teresas?!), de João da Cruz, de Elisabete da Trindade e outros nomes menos
conhecidos, mas nem por isto de menor expressão para a nossa caminhada.
Queira Deus
que a vida destas pessoas ou de algumas delas, em particular, possa encontrar
em nossas vidas um reflexo. Que nós possamos refletir a sua santidade, assim
como a santidade delas é reflexo do Santo dos Santos: nosso Deus.
Neste
percurso, não podemos esquecer que, acima de tudo, a santidade é experiência.
Nós iremos aprender 0,0001% da experiência destes santos, mas a experiência é
deles! Depois desta leitura, eu preciso querer experimentar na minha “carne” a
santidade. Eles já estão lá, são a Igreja Triunfante.... nós estamos aqui (aí
mesmo onde você está!) e somos a Igreja Militante... nós ainda estamos
marchando para lá! Queiramos pisar onde eles pisaram, mas não esqueçamos de
preparar novas pegadas para os que vem depois de nós.
Ainda, podemos
dizer que a diferença entre o santo e o pecador é pequena mas é total. Ou seja,
tanto um como o outro peca! Porém, o pecador fez as pazes com o pecado e o
santo é incansável na sua luta contra ele.
Eu quero ser
santo?!
1- O QUE É SER SANTO?
Como diria
nosso Fundador, Frei Giribone, “a santidade é a busca da estabilidade na
constante instabilidade da vida”.
Também o Papa
Bento XVI a define da seguinte forma: “consiste propriamente a santidade só na
conformidade à vontade divina, expressa no contínuo e exato cumprimento dos
deveres do próprio estado”.
Podemos assim
dizer que a santidade não consiste em obras extraordinárias e sim,
essencialmente na linha do dever! Portanto, ela está ao alcance de todos! É
preciso somente buscar o cumprimento do dever generoso e constante. Generoso:
sem negligência, solícito em agradar a Deus em cada ação, pronto a abraçar com
amor cada expressão de sua vontade. Constante: em todas as circunstâncias e
situações, ainda nas menos felizes e nas desagradáveis, nos momentos obscuros de
tristeza, cansaço e aridez... a cada dia.
Se Deus me
chama a varrer minha casa e eu não cumpro este dever com uma resposta generosa
e não sou constante (não vou até o final!!) eu não estou buscando a santidade!
Podemos citar
aqui o exemplo do velejador brasileiro Amyr Klink que em um de seus livros diz
o seguinte: “não poder dormir mais de trinta minutos a cada período,
administrar a quebra dos equipamentos, enfrentar icebergs e ondas gigantescas é o lado espetacular que impressiona
as pessoas, mas essas são, para mim, as dificuldades mais fáceis de resolver.
Porque se você não as enfrenta, morre. Você acha que não vai agüentar, mas
agüenta, porque é a sua vida que está em jogo.”
Quantas vezes
você não se sentiu assim?
2- COMO SER SANTO?
Com a queda de
Adão, o pecado destruiu o plano divino de santificação do homem. Nossos
primeiros pais, criados a imagem e semelhança de Deus, em estado de graça e
santidade, precipitaram num abismo de miséria e levaram consigo todo o gênero
humano. Assim, para restituir a graça, para conseguir o que o homem não pode,
Deus nos mandou um Salvador.
Jesus veio
para salvar todos os povos e convidar a todos para a mesa do Pai. “Quer Deus
todos os homens salvos e que cheguem todos ao conhecimento da verdade” (1Tm
2,4).
Desta forma,
todos os que crêem em Cristo, seja quem for (de qualquer povo, raça ou nação),
são efetivamente chamados a ser santos, são chamados a pertencerem e serem
consagrados a Deus mediante o batismo e, portanto, com a força desta
consagração tornarem-se pessoalmente santos.
Cada cristão
pode tornar-se santo e o será na medida em que, com o auxílio de Deus, fizer
frutificar a graça que o batismo lhe conferiu. Tendo sido batizado, o cristão
já é santo por direito e deve procurar sê-lo de fato, levando uma vida santa e
com obras santas, dignas de filho de Deus.
“Procurai a
paz para com todos e ao mesmo tempo a santidade, sem a qual ninguém pode ver o
Senhor.” Hb 12,14
Com esta
passagem bíblica podemos nos questionar se queremos, de fato VER a Deus. Se queremos, não há outro caminho a
não ser buscar a santidade. Não se deixe enganar: não há escolha! E não
esqueça: para que haja paz é preciso haver guerra. A paz é conseqüência de uma
guerra que foi vencida. A santidade exige luta e sem luta não poderei ter paz.
“Virtude fora
do comum exige-se para cumprir com atenção, piedade, íntimo fervor de espírito,
todo o conjunto de coisas comuns que enche nossa vida cotidiana” (Pio XI). Ou
seja, é necessário ser violento consigo mesmo!
Nessa luta
vemos a importância de sermos fiéis aos mandamentos de Deus e buscar nos
sacramentos instituídos pelo próprio Cristo as forças necessárias para alcançar
esta fidelidade.
2.1- Os mandamentos: sinaleiras no caminho
Deus revelou a
Moisés no Sinai (Ex 20) os meios pelos quais alcançamos a vida da graça: os
mandamentos. Por eles sabemos como chegar também ao cume da santidade.
Os Mandamentos
de Deus, só para relembrarmos:
1-
Amar a Deus sobre todas as coisas;
2-
Não tomar seu Santo Nome em vão;
3-
Guardar domingos e festas de guarda;
4-
Honrar pai e mãe;
5-
Não matar;
6-
Não pecar contra a castidade;
7-
Não roubar;
8-
Não levantar falso testemunho;
9-
Não cobiçar a mulher do próximo;
10- Não
cobiçar as coisas alheias.
E Jesus veio
para confirmar estes mandamentos, mas também para dizer que o maior mandamento
é o mandamento do amor! É famosa a frase de São João “Deus é amor” (1Jo 4,16) e
esta é uma grande verdade. Podemos dizer que todo cristão é santo, ou seja,
participa da santidade de Deus, na medida em que participa do seu amor. É
verdadeiramente a caridade o primeiro e mais necessário dom de Deus ao homem e
ao mesmo tempo, primeiro e maior mandamento que Deus lhe deu: “Amarás o Senhor
teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. É
este o primeiro e o máximo mandamento. Mas o segundo é semelhante a este:
amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37-39).
O amor é a
essência da santidade, é o que dá movimento a vida cristã.
2.2- Vida sacramental: concretização da
santidade
Só Deus é
Santo e só Deus pode santificar. A iniciativa da santificação do homem vem de
Deus e é justamente através dos sacramentos que se isto se concretiza.
Toda a vida
cristã é estruturada e sustentada pelos sacramentos que, infundindo a graça nos
fiéis, fazem-nos participantes da vida divina e, portanto, da santidade de
Deus.
Com o batismo
nasce o homem para a vida da graça, com a crisma cresce, com a Eucaristia se
alimenta, com a penitência é curado, com os sacramentos sociais – a ordem e o
matrimônio – torna-se fecundo natural e sobrenaturalmente, com o óleo dos
enfermos é confortado na doença e auxiliado na passagem para a vida eterna.
Desta forma, através dos sacramentos “devem os fiéis, com o auxílio de Deus,
conservar e aperfeiçoar, em sua vida, a santidade que receberam “(LG 40).
Quanto mais o
homem quiser ser santo e aspirar a união com Deus, tanto mais deve empenhar-se
em valorizar os sacramentos. A vida sacramental é a realidade essencial e
substancial da vida cristã.
2.3- Consagração a Obra Missionária Virgem
do Carmo Peregrina: escolha pessoal de viver a santidade em comunidade
A nossa regra
diz que somos missionários do cultivo da presença de Deus na efusão do Espírito
Santo através da oração e da vida fraterna. Viver o nosso carisma é o meio que
escolhemos para viver a santidade!
Você
provavelmente já deve ter lido várias vezes, mas é sempre bom relembrarmos dos
nossos “amores” e “pilares”!
2.3.1- Nossos amores:
EUCARISTIA: Viver o Mistério da Eucaristia. Celebração diária da
Eucaristia. Cultivar com amor profundo a presença de Jesus na Hóstia Consagrada.
Adorar o Santíssimo Sacramento como fonte de descoberta da vontade de Deus em
nossa vida e ajuda em nossa missão. Unido ao amor a Eucaristia está o
Sacramento da Reconciliação que deverá ser buscado pelos missionários a cada
quinze dias.
PALAVRA DE DEUS: Viver o Mistério da Palavra. Leitura Orante e
Reflexiva da Palavra sempre iluminada pelo Magistério da Igreja. Da reflexão da
Palavra nasce o amor aos empobrecidos especialmente as crianças, os
encarcerados e as pessoas que precisam ser restauradas.
VIRGEM SANTÍSSIMA: Viver o Mistério Mariano. Seguir o grande
exemplo de Maria mãe de Jesus e nossa mãe na Obediência, Humildade e Oração.
Divulgar a devoção do título de Virgem do Carmo Peregrina.
2.3.1- Nossos pilares:
ORAÇÃO: A oração dos missionário(a)s é a fonte de toda nossa vida.
Sem oração não existe missão. Seguimos o conceito teresiano de oração como
trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama. Esta oração Contemplativa
é unida a leitura e reflexão da Palavra de Deus, Adoração ao Santíssimo
Sacramento, quando possível, e Efusão do Espírito Santo. Percebemos que sem a
oração associada à disciplina não existe crescimento em nossa vida espiritual e
nem em nossa ação evangelizadora.
“Se o missionário(a) não rezar
nem ele(a) nem ninguém irá se restaurar. Por esta razão esta oração deverá ser
feita diariamente sem exceção”.
FORMAÇÃO: Devemos ter um cuidado todo especial nesta área do estudo
e da formação. Cada membro deverá sempre estar lendo algum livro de formação
conforme a orientação do Diretor Espiritual. O conhecimento deve estar unido à
vida pelo contrário ele se tornará vazio e improdutivo. Além da leitura e do
estudo pessoal devemos participar dos “Momentos Missionários” em que a
comunidade se reúne para rezar, estudar e se organizar.
TRABALHO: Nossa atividade é fruto de nossa oração. Neste pilar
estão incluídos os trabalhos do dia a dia, o trabalho profissional e nossa ação
missionária que será decidida pelo Diretor Espiritual com o consentimento do
Conselho da Obra. Conforme o estado de vida de cada consagrado(a) devemos estar
atentos ao nosso trabalho. A preguiça é um vício que pode ser a porta para
todos os demais vícios. Sem disciplina não há restauração. Cada membro deve se
esforçar por oferecer o seu trabalho pela Igreja de forma que ele não se torne
pesado, mas nos auxilie em nossa conversão.
VIDA FRATERNA: O recreio diário e os demais encontros dos
missionários são importantíssimos para a vida fraterna que nos propomos viver.
A nossa convivência e amizade deve ser uma conseqüência imediata de nossa
oração. Cada missionário(a) deve sentir-se obrigado na “edificação” de seu
irmão(a). Devemos sempre que necessário descobrir momentos de lazer e
descontração, passeios, diversões sadias entre nós e nossos familiares. A Obra
Missionária é uma Obra de Acolhida, portanto lugar de amor e simplicidade. Não
estamos na Obra em vista de cargos políticos, bajulações e jamais devemos
“falar mal” de algum dos membros ou de qualquer pessoa.
3- QUEM É SANTO?
Santo é todo
aquele que vai para o céu. Santo são todos aqueles que levaram o Evangelho a
sério. Santo é aquele que acertou o alvo de Deus!!!
3.1- A comunhão dos Santos
A oração do
Creio fala da comunhão dos santos e, sobre isto, o Catecismo da Igreja Católica
fala que esta comunhão significa a união entre as pessoas que estão unidas a
Cristo morto e ressuscitado pela graça. Neste sentido, alguns são peregrinos na
terra (estes somos nós – Igreja Militante); outros já morreram e estão no
purgatório para serem purificados de seus pecados (estes podem ser ajudados com
as nossas orações) e há aqueles que já estão na glória junto de Deus (são a
Igreja Triunfante e intercedem por nós. Todos juntos, formamos uma família: a
Igreja (CIC 954).
3.2- Processos de Beatificação e
Canonização
De maneira
simples, podemos dizer que antigamente este processo era realizado somente pelo
Papa, mas atualmente existe um Bispo – postulador, é uma espécie de advogado –
que te atarefa de investigar detalhadamente a vida do “candidato a santo”.
Quando este
processo é iniciado o candidato recebe o título de SERVO DE DEUS (que é o caso
da nossa irmã Dulce). Então é iniciado o primeiro processo das virtudes ou
martírio. Este é o passo mais demorado porque o postulador deve investigar
minuciosamente a vida do Servo de Deus. Em se tratando de um mártir, devem ser
estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte para comprovar se houve
realmente o martírio. Quando este processo é terminado, a pessoa é considerada
VENERÁVEL.
O segundo
processo é o milagre da beatificação. Para se tornar BEATO é necessário que
haja um milagre comprovado ocorrido pela intercessão do candidato. No caso dos
mártires, não é necessária a comprovação do milagre.
O terceiro e
último processo é o milagre da canonização. Este milagre tem que ter ocorrido
após a beatificação. Comprovado o milagre, o beato é canonizado, recebe o
título de SANTO e passa a ser cultuado universalmente.
3.3- Santos e Santas do Carmelo Descalço
Vamos fazer um
breve apanhado cronológico dos santos carmelitas. Desta forma, queremos
distinguir as “teresas” dentro do tempo bem como saber em que momento os santos
viveram na história.
- Santo Elias: viveu no
tempo do Rei Acab (Rei de Israel entre 873-853 a.C.);
Em
Elias vemos o início da Ordem Carmelitana, ainda antes do nascimento de Cristo!
Agora iremos observar os santos a partir da reforma do Carmelo. Portanto
iniciamos pelos reformadores Santa Teresa e São João da Cruz:
- Santa Teresa de Jesus:
nasceu em Ávila na Espanha no dia 28 de março de 1515 e morreu no dia 04 de outubro
em Alba de Tormes na Espanha.
- São João da Cruz: nasceu
em Fontiveros na Espanha no dia 24 de junho de 1542 (dia incerto) e morreu no
dia 13 para 14 de dezembro de 1591 em Ubeda na Espanha.
A partir de agora,
iremos observar os demais santos, de acordo com o seu momento histórico:
Santo (a)
|
Data de nascimento
|
Local
|
Data da morte
|
Local
|
Beato Ciríaco Elias Chavara
|
10/02/1805
|
Kainakary, Índia
|
03/01/1871
|
Koonamavu
|
Santo Henrique de Osso Cervelló
|
16/10/1840
|
Vinebre, Espanha
|
27/01/1896
|
Gilet, Espanha
|
Beata
Maria da Encarnação
|
01/02/1566
|
Paris,
França
|
18/04/1618
|
Pontoise,
França
|
Beata Tereza Maria da Cruz
|
1846
|
Campi Bisenzio, Itália
|
1874
|
Campi Bisenzio, Itália
|
Beata
Ana de São Bartolomeu
|
01/10/1549
|
Almendral
de la Cañada, Espanha
|
07/06/1682
|
Amberes,??
|
Beata Tereza de Santo Agostinho e 16
companheiras virgens e mártires
|
17/07/1794
|
Compiègne, França
|
||
Beata Maria Pilar
|
30/12/1877
|
Tarazona, Espanha
|
24/07/1936
|
Guadalajara, Espanha
|
Beata Tereza
|
05/03/1909
|
Guadalajara, Espanha
|
24/07/1936
|
Guadalajara, Espanha
|
Irmã Maria Angeles
|
06/03/1905
|
Madri, Espanha
|
24/07/1936
|
Guadalajara, Espanha
|
Beata Maria Sacrário de São Luis Gonzaga
|
08/01/1881
|
Lillo, Espanha
|
14/08/1936
|
Espanha???
|
Beata Maria de Jesus Crucificado
|
05/01/1846
|
Abelin, Israel
|
26/08/1878
|
Belém, ???
|
Santa Tereza Margarida Reddi
|
15/07/1747
|
Arezzo, Itália
|
07/03/1770
|
Florença, Itália
|
Beata
Maria de Jesus Maria Lopes de Rivas
|
18/08/1560
|
Tartanedo,
Espanha
|
13/09/1640
|
Toledo,
Espanha
|
Santa Terezinha do Menino Jesus e da
Sagrada Face
|
02/01/1873
|
Alençon, França
|
30/09/1897
|
Lisieux, França
|
Beata Josefa Naval Girbés
|
11/12/1820
|
Algemesí, Espanha
|
24/02/1893
|
Algemesí, Espanha
|
Beato Francisco Palau y Quer
|
29/12/1811
|
Aytona, Espanha
|
20/03/1872
|
Tarragona, Espanha
|
Beata Elizabete da Trindade
|
18/07/1880
|
Camp d’Avor, França
|
??
|
??
|
São Rafael Kalinowski
|
01/09/1835
|
Vilna, Rússia
|
15/11/??
|
Wadowice,
Polônia
|
Beato
Dionísio da Natividade Berthelot
|
1600
|
Bayeux,
França
|
1638
|
Morreu
a caminho de Portugal, no mar
|
Santa Madre Maravilhas de Jesus
|
04/11/??
|
Madri, Espanha
|
11/12/1974
|
????
|
Beata
Maria dos Anjos Maria Anna Fontanella
|
07/01/1661
|
Turim,
Itália
|
16/12/1717
|
Turim,
Itália
|
Beata Cândida da Eucaristia
|
16/01/1884
|
Cicília, Itália
|
12/06/1949
|
Cicília, Itália
|
Beato Alfonso Maria do Espírito Santo –
mártir Jósef Mazurek
|
1/03/1891
|
Baranówka, Polônia
|
28/08/1944
|
Czerna, Polônia
|
Santa Tereza de Jesus (dos Andes)
|
13/07/1900
|
Santiago do Chile, Chile
|
12/04/1920
|
Los Andes, Chile
|
Santa Tereza Benedita da Cruz (Edith
Stein)
|
12/10/1891
|
Breslavia, Alemanha??
|
???
|
Auschwtz, Polônia
|
- Santa Teresa de Jesus:
nasceu em Ávila na Espanha no dia 28 de março de 1515 e morreu no dia 04 de
outubro em Alba de Tormes na Espanha.
* Santos e as festas
do Carmelo Descalço:
Mês
|
Festas e Santos
|
Janeiro
|
03- Beato Ciríaco Elias Chavara
27- Santo Henrique de Osso e
Cervelló
|
Fevereiro
|
|
Março
|
|
Abril
|
18- Beata Maria da Encarnação
23- Beata Maria Teresa da Cruz
|
Maio
|
16- São Simão Stock
|
Junho
|
07- Beata Ana de São Bartolomeu
|
Julho
|
13- Santa Teresa dos Andes
16- Nossa Senhora do Carmo
17- Beata Teresa de Santo
Agostinho e companheiras virgens e mártires
20- Santo Elias
24- Beata Maria Pilar, Teresa e
Maria Angeles
|
Agosto
|
09- Santa Teresa Benedita da
Cruz (Edith Stein)
16- Beata Maria Sacrário de São
Luis Gonzaga
16- Elvira Maragas Cantarero
25- Beata Maria de Jesus
Crucificado
|
Setembro
|
01- Santa Teresa Margarida Reddi
12- Beata Maria de Jesus Maria
Lopes de Rivas
17- Santo Alberto de Jerusalém
|
Outubro
|
01- Santa Teresinha do Menino
Jesus
15- Santa Teresa de Jesus
|
Novembro
|
06- Beata Josefa Naval Girbés
07- Beato Francisco Palau e Quer
08- Beata Elisabete da Trindade
19- São Rafael Kalinowski
29- Beato Dionísio da Natividade
Berthelot
|
Dezembro
|
11- Santa Madre Maravilhas de
Jesus
14- São João da Cruz
16- Beata Maria dos Anjos Maria
Anna Fontanella
16- Beata Cândida da Eucaristia
(Maria Barbra)
16- Beato Alfonso Maria da
Eucaristia ( Mártir Jósef Mazurek)
|
Podemos
observar o quanto a espiritualidade carmelitana tem levado homens e mulheres a
percorrerem o caminho da santidade e alcançarem o céu. Porém, ainda existem
meses e datas vazias precisando ser preenchidas pelas nossas vidas. Você aceita
o desafio?!
Livros e fontes de
consulta
- Santos e santas do Carmelo Descalço
Frei
Patrício Sciadini OCD – LTR Editora – 2006
- Intimidade Divina
Frei
Gabriel de Santa Maria Madalena OCD – Edições Loyola/Carmelo – 1990
SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE
“Não quero ser santa pela metade, eu escolho tudo.”
Santa Teresinha
Introdução
Quando lemos
ou ouvimos este nome: “Teresinha” lembramos de tantas pessoas que foram
batizadas com ele, de tantos estabelecimentos que levam este nome (farmácias,
mercados, fruteiras, papelarias e até açougues!!!...) e lembramos de Santa
Teresinha!
Teresinha
é um nome popular assim como a Santa que iremos estudar o é! Com certeza ela é
alguém muito requisitada lá no céu. Em quase todas as casas encontramos um
santinho ou imagem dela. Ela e São Francisco de Assis são, com certeza, os
santos mais populares da Santa Igreja Católica.
Teresinha
tem um lugar especial na Igreja, especialmente depois que o Papa João Paulo II
a proclamou Doutora da Igreja no dia 19 de outubro de 1997 no centenário de sua
morte. Teresinha, a mais nova doutora da Igreja, com apenas 24 anos vividos
nesta terra, tem um título doutoral muito especial: “doutora da ciência do
amor”.
Ela
é uma santa para que o III milênio seja menos complicado, ansioso e angustiado
do que é, pois ela tem acesso livre nos corações desejosos de simplicidade.
Hoje conhecemos muitas máquinas e dominamos cada vez mais a ciência, mas o que
adianta sabermos tudo isto (e muito mais) se não sabemos o essencial?
A sua
popularidade também causa alguns equívocos. Muitos são os que rezam PARA Santa
Teresinha, mas qual de nós reza COM Santa Teresinha? Muitos têm uma devoção aos
santos e os procuram num momento de necessidade, mas qual de nós os procura
para imitar-lhes a vida?
Como
membros da Obra Missionária Virgem do Carmo Peregrina, o exemplo de
simplicidade de Santa Teresinha nos leva para mais perto de Deus e nos ajuda a
amar o nosso irmão com um amor fraternal, na certeza de que Deus é nosso Pai.
Por muitas vezes, ela quer estar com Deus como uma criança confiante que se
abandona no colo do Pai. Que nós possamos aprender a estar com nosso Pai com
esta mesma confiança filial.
Afinal de
contas, quem foi esta jovem? Por que ela é santa?
1. Sua Vida
A
vida de Teresa do Menino Jesus é breve: vinte e quatro anos. Foi dito que os
santos no Carmelo morrem jovens! Isto não acontece devido às penitências e
jejuns “exagerados” mas, como diz São João da Cruz, eles morrem de amor. Quem
ama se consome por dentro e tem um único desejo: unir-se o quanto antes ao seu
amado: o Senhor.
Além
do mais, santidade não é dada pelos anos que se vive, mas pela intensidade com
que se vive, pelo amor forte mais do que a morte e mais violento do que todas
as torrentes.
1.1 Santa Teresinha no tempo
Teresa nasceu
em Alençon, uma pequena cidade na França, no dia 2 de janeiro de 1873. Em 1877 a família se transferiu
para Lisieux. Será esta pequena cidade que, sem Teresa, permaneceria
desconhecida para sempre.
Ela foi
batizada com o nome de Maria Francisca Teresa Martin. Hoje a conhecemos por
Teresa de Lisieux (nome da cidade onde viveu, como vimos acima) ou Teresinha do
Menino Jesus (nome que adotou quando fez os votos no Carmelo, lembrando que o
nome completo é Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face).
A Família de Teresa é uma Família
feliz! Os pais, Luis e Zélia Martin, queriam ser religiosos, mas não foram
aceitos: o pai não pôde entrar na Ordem dos Monges de São Bernardo por não
saber latim e a mãe foi recusada pelas Irmãs Vicentinas sem nenhuma explicação.
Casaram-se
desejosos de ter um filho para oferecer a Deus. Dos nove filhos que tiveram,
dois eram meninos e morreram ainda crianças. Sobreviveram cinco filhas e todas
entraram para a vida religiosa, acabando assim a descendência direta da família
Martin.
Teresinha é
fruto de uma família cristã, de uma boa educação!
ALENÇON
(1873-1877)
1873* 02/janeiro às 23:30 hs.
Nasce Maria Francisca Teresa Martin, à Rua Sainte-Blaise, 36, hoje 42.
* 04/janeiro
Batismo na igreja de Nossa Senhora, pelo Pe. Lucien Dumaine. Padrinhos: a irmã mais velha, Maria (13 anos) e Paulo Alberto Boul (13 anos).
* 15 ou 16/março
Teresa é um bebê frágil e começa a apresentar vômitos, fraqueza,... então sua família lhe leva para casa de Rosa Taillé em Semallé (Orne), a fim de ser amamentada.
1874
* 02/abril
Retorna definitivamente para sua casa.
* 24/junho
Começa a falar quase tudo.
1875
29/março
Viagem com a mãe até Mans para visitar Irmã Maria Dositéia, no mosteiro da Visitação.
1876
* 16/julho
Primeiro retrato. Faz beicinhos para o fotógrafo.
* 24/dezembro
Sua mãe, Zélia Martin, consulta com Dr. Notta, em Lisieux, a respeito de seu tumor no seio. Não é mais possível fazer uma cirurgia.
1877
* 03/abril
Aos quatro anos ela diz: "Serei religiosa em um claustro".
* 04/abril
Primeiro escrito de Teresa: um bilhete a Luisa Madalena, amiga de Paulina.
*
Sra. Martin, Maria, Paulina e Leônia fazem uma peregrinação a Lourdes
* 28/agosto
Morte da Sra. Martin. Este é um fato marcante na vida de nossa santa. Ela tem 4 anos e meio e não se lembra de tudo, mas não consegue esquecer do último beijo que deu no rosto da mãe morta.
* 29/agosto
Sepultamento da Sra. Martin. Teresa escolhe sua irmã Paulina como sua segunda mãe (a irmã mais velha que será a primeira a entrar no Carmelo).
LISIEUX - LES BUISSONNETS (1877-1888)
* 15/novembroChegada de Teresa e suas irmãs a Lisieux, aos cuidados do tio Guérin.
* 16/novembro
Instalação nos Buissonnets.
* 30/novembro
Chega o pai, Sr. Louis Martin.
1878
* 08/agosto
Pela primeira vez, Teresa vê o mar, em Trouville.
1879
* Verão de 1879 (ou em 1880 – lembrando que o verão europeu acontece durante o nosso inverno!!)
Visão profética a respeito da provação de seu pai.
1880
* 01/dezembro
Primeira carta (que se conserva) que ela escreveu sozinha (a Paulina).
1882
* 12/janeiro
Inscrição na Obra da Santa Infância.
* 16/fevereiro
Paulina decide ingressar no Carmelo.
* Verão
Fica sabendo da partida próxima de Paulina. Sente-se chamada ao Carmelo. Fala com Madre Maria de Gonzaga.
* Outubro
O nome Teresa "do Menino Jesus" lhe é proposto por Madre Maria de Gonzaga.
1883
* 25/março
Páscoa. Sr. Martin, Maria e Leônia estão
* 06/abril
Tomada de hábito de Paulina (Irmã Inês de Jesus). Teresa pôde abraçar sua irmã no locutório (sala onde as irmãs podem conversar com as pessoas de fora).
* 07/abril
Recaída (doença), nos Buissonnets.
* 13/maio
Festa de Pentecostes. O Sorriso da Virgem (imagem de Nossa Senhora que havia no seu quarto e lhe sorri), cura repentinamente Teresa.
* 01/outubro
Ano de preparação para a Primeira Eucaristia.
1884
* 02/abril
Exame do catecismo.
* 04/maio
Retiro preparatório de quatro dias.
* 07/maio
Confissão geral.
* 08/maio
Primeira Eucaristia na Abadia das Beneditinas. Profissão de Irmã Inês de Jesus no Carmelo.
* 22/maio
Comunga pela segunda vez.
* 14/junho
Crisma, por Dom Hugonin, bispo de Bayeux, na Abadia. Madrinha: Leônia, sua irmã.
* 25/setembro
Inscreve-se na Confraria do Santo Rosário.
* 14/dezembro
Teresa é nomeada Conselheira da Associação dos Santos Anjos, na Abadia.
1885
* 26/abril
Inscreve-se na Confraria da Sagrada Face de Tours.
* 15/outubro
Inscreve-se no Apostolado da Oração.
1886
* 02/fevereiro
Recepção como aspirante das Filhas de Maria.
* 15/outubro
Entrada de Maria (outra irmã de Teresa) no Carmelo (Irmã Maria do Sagrado Coração de Jesus)
* 25/dezembro
Aos trezes anos, depois da Missa da meia-noite recebe a Graça da Conversão, nos Buissonnets.
1887
* 29/maio
Pentescostes. Teresa consegue do pai licença para ingressar no Carmelo aos quinze anos de idade.
* 31/outubro
Visita ao Bispo Dom Hugonin, em Bayeux, para solicitar ingresso no Carmelo.
* 20/novembro
Audiência com Leão XIII em Roma . Teresa apresenta seu pedido ao Papa.
* 28/dezembro
Resposta favorável de Dom Hugonin à priora do Carmelo, Madre Maria de Gonzaga, para admissão de Teresa.
1888
* 01/janeiro
Resposta positiva, mas o Carmelo delonga em três meses a entrada de Teresa, para depois da Quaresma.
* 09/abril
Festa da Anunciação. Entrada de Teresa no Carmelo de Lisieux.
NO CARMELO (1888-1897)
* 9/abrilTeresa inicia o postulantado (até o dia 10/01/1889). Ocupação de Teresa: rouparia. Deve também varrer um dormitório.
* Fim de outubro
Teresa é admitida pelo Capítulo Conventual (reunião interna entre as irmãs) à tomada de hábito.
* Novembro
Em razão do estado de saúde do Sr. Martin, a tomada de hábito de Teresa é adiada.
1889
* 10/janeiro
Tomada de hábito. Última festa para o Sr. Martin. Teresa acrescenta "da Santa Face" ao seu nome religioso. Teresa inicia o noviciado (até o dia 24/09/1890). Ocupação: refeitório, com Irmã Inês de Jesus e serviço de vassoura.
1890
* Janeiro
Retardamento da profissão de Teresa. Ela
* 28/agosto
Início do retiro para profissão. Teresa sente secura espiritual.
* 02/setembro
Exame canônico na capela.
* 07/setembro
Teresa duvida de sua vocação.
* 08/setembro
Profissão de Teresa. Ele se sente "inundada de um rio de paz".
1891
* 10/fevereiro
Designada como segunda sacristã com Irmã Santo Estanislau.
*
Retiro pregado pelo franciscano Fr. Alexis Prou. Teresa é lançada "nas ondas da confiança e do amor".
1892
* 12/maio
Última visita do Sr. Martin ao locutório.
1893
* 02/fevereiro
Compõe sua primeira poesia, O orvalho Divino.
* 20/fevereiro
Eleição de Madre Inês (Paulina) como Priora. Teresa torna-se auxiliar da Mestra de Noviças, Irmã (antes a Madre) Maria de Gonzaga.
1894
* 02/janeiro
Atinge a maioridade. Compõe "A Missão de Joana d'Arc" (uma peça teatral).
* Primavera
Começa a sofrer da garganta.
* 29/julho
Morte do Sr. Martin no Castelo deLa
Musse (Eure), às 8h e 15m.
* Dezembro
Recebe da Madre Inês de Jesus a ordem de escrever suas memórias (autobiografia “História de uma alma”).
1895
Ano da redação do Manuscrito A de História de uma alma.
* Abril
Confidencia a Irmã Teresa de Santo Agostinho: "Morrerei em breve".
* 09/junho
Recebe, durante a missa, a inspiração de oferecer-se ao Amor Misericordioso.
* 11/junho
Faz, com Celina, a oblação do Amor, diante da Virgem do Sorriso.
* 17/outubro
Teresa é designada, por Madre Inês, irmã espiritual do Pe. Maurício Bellière, seminarista e aspirante a missionário.
* 02/janeiro
Atinge a maioridade. Compõe "A Missão de Joana d'Arc" (uma peça teatral).
* Primavera
Começa a sofrer da garganta.
* 29/julho
Morte do Sr. Martin no Castelo de
* Dezembro
Recebe da Madre Inês de Jesus a ordem de escrever suas memórias (autobiografia “História de uma alma”).
1895
Ano da redação do Manuscrito A de História de uma alma.
* Abril
Confidencia a Irmã Teresa de Santo Agostinho: "Morrerei em breve".
* 09/junho
Recebe, durante a missa, a inspiração de oferecer-se ao Amor Misericordioso.
* 11/junho
Faz, com Celina, a oblação do Amor, diante da Virgem do Sorriso.
* 17/outubro
Teresa é designada, por Madre Inês, irmã espiritual do Pe. Maurício Bellière, seminarista e aspirante a missionário.
1896
* 20/janeiro
Teresa entrega a Madre Inês o Manuscrito A.
* 21/março
Difícil eleição (sete dias) de Madre Maria de Gonzaga. Teresa é confirmada no cargo de Mestra auxiliar no noviciado. Outros ofícios: sacristia, pintura, rouparia (com Maria de São José).
*2 a
3/março
Noite de Quinta para Sexta-feira Santa: primeira hemoptise (tosse com sangue), na cela (nome dado ao quarto de uma carmelita), confirmada pela manhã.
* 05/abril
Páscoa. Entrada "nas mais densas trevas", provação da fé, que durará até sua morte.
* 30/maio
Madre Maria de Gonzaga confia a Teresa um segundo irmão espiritual: Pe. Roulland, das Missões Estrangeiras.
* 08/setembro
Redação da segunda parte do Manuscrito B.
* 20/janeiro
Teresa entrega a Madre Inês o Manuscrito A.
* 21/março
Difícil eleição (sete dias) de Madre Maria de Gonzaga. Teresa é confirmada no cargo de Mestra auxiliar no noviciado. Outros ofícios: sacristia, pintura, rouparia (com Maria de São José).
*
Noite de Quinta para Sexta-feira Santa: primeira hemoptise (tosse com sangue), na cela (nome dado ao quarto de uma carmelita), confirmada pela manhã.
* 05/abril
Páscoa. Entrada "nas mais densas trevas", provação da fé, que durará até sua morte.
* 30/maio
Madre Maria de Gonzaga confia a Teresa um segundo irmão espiritual: Pe. Roulland, das Missões Estrangeiras.
* 08/setembro
Redação da segunda parte do Manuscrito B.
1897
* Início de abril
Gravemente enferma.
* 06/abril
Início das Últimas Palavras.
* 03/junho
Redação do Manuscrito C, por ordem de Madre Maria de Gonzaga.
* 08/julho
Teresa desce para a enfermaria. Manuscrito C fica inacabado.
* 30/agosto
Última fotografia, no claustro.
* 14/setembro
Desfolha uma rosa sobre o crucifixo (suas imagens carregam um crucifixo com rosas)
* 29/setembro
Agonia. Confissão ao Pe. Faucon.
* 30/setembro
Morte de Teresa, diante da comunidade reunida, por volta das 19h e 20m, depois de uma agonia de dois dias. Durante o dia, passa por angústias indizíveis, mas também diz: “Tudo o que escrevi sobre os meus desejos de sofrimento, oh! Apesar de tudo é verdade... E não me arrependo de me ter entregado ao Amor. Oh! Não”.
* 04/outubro
Sepultamento no Cemitério de Lisieux.
* Início de abril
Gravemente enferma.
* 06/abril
Início das Últimas Palavras.
* 03/junho
Redação do Manuscrito C, por ordem de Madre Maria de Gonzaga.
* 08/julho
Teresa desce para a enfermaria. Manuscrito C fica inacabado.
* 30/agosto
Última fotografia, no claustro.
* 14/setembro
Desfolha uma rosa sobre o crucifixo (suas imagens carregam um crucifixo com rosas)
* 29/setembro
Agonia. Confissão ao Pe. Faucon.
* 30/setembro
Morte de Teresa, diante da comunidade reunida, por volta das 19h e 20m, depois de uma agonia de dois dias. Durante o dia, passa por angústias indizíveis, mas também diz: “Tudo o que escrevi sobre os meus desejos de sofrimento, oh! Apesar de tudo é verdade... E não me arrependo de me ter entregado ao Amor. Oh! Não”.
* 04/outubro
Sepultamento no Cemitério de Lisieux.
1.2
Santa
Teresinha na eternidade
* 26/05/1898 Reine Fauquet, menina cega de quatro anos de idade é curada sobre o túmulo de Teresa.
* 30/09/1898
Publicação de 2000 exemplares de "História de uma Alma".
* 14/08/1921
Bento XV promulga o Decreto sobre a heroicidade das Virtudes da Venerável Serva de Deus.
* 29/04/1923
Beatificação da Irmã Teresa do Menino Jesus por Pio XI. O Papa faz dela a “estrela de seu pontificado”. O Carmelo de Lisieux recebe entre
* 17/05/1925
Solene Canonização na Basílica de São Pedro,
* 14/12/1927
Pio XI proclama Santa Teresinha Padroeira Universal das Missões, juntamente com São Francisco Xavier.
* 03/05/1944
Nomeada Padroeira secundária da França, juntamente com Santa Joana d'Arc.
* 30/09/1997
Primeiro Centenário de Sua Morte.
* 19/10/1997
Solene Proclamação como Doutora da Igreja, pelo Papa João Paulo II.
* 13/12/1997
A urna com suas relíquias chega ao Brasil para peregrinar por várias dioceses, trazida pelo Cardeal Primaz Dom Lucas Moreira Neves.
* 30/09/1998
Primeiro Centenário da Publicação de "História de uma Alma".
1.3
O que alguns
Papas disseram sobre ela
·
Pio X: “Eis a maior santa dos tempos modernos.”
·
Bento XV: “É a chave da sabedoria cristã.”
·
Pio XI: “É a palavra de Deus ao mundo de hoje.”
·
Pio XII: “Lembra a importância da humildade e o
perigo do ativismo.”
·
João XXIII: “A sua doutrina nos é necessária.”
·
Paulo VI: “Ensinou-nos o total abandono em
Deus.”
·
João Paulo I: “História de uma florzinha de
maio, a sua? É a história de uma barra de aço!”
·
João Paulo II: “Aprofunda a verdade fundamental
do Evangelho: Deus é nosso Pai e nós somos os seus filhos.”
2 Sua Obra
Como a maioria dos
místicos, Santa Teresinha não escreveu para ficar “famosa” ou para ganhar
dinheiro. Provavelmente, ela nunca teria escrito História de uma alma se a Madre Priora, Madre Inês, não lhe tivesse
dado este encargo por obediência. A idéia surgiu durante uma conversa entre as
irmãs Martin. Teresinha levou a sério esta ordem, passando os momentos de tempo
livre escrevendo suas memórias. Um livro feito com simplicidade, segundo os
estudiosos da língua francesa, cheio de erros. Ainda bem que Deus “não conhece
bem a gramática” e não dá importância aos erros! Ele olha o coração e nos ama
como somos.
O
livro fundamental de Santa Teresinha é com certeza História de uma alma, traduzido em quase todas as línguas do mundo,
é um livro que nos apresenta a sua pessoa, sua doutrina e nos faz entender que
para conhecer o Senhor precisamos percorrer o caminho do amor. É um livro que
tem levado muitas pessoas a abraçar a vida e a espiritualidade carmelitana!
Ela
também escreveu algumas cartas, poesias e peças teatrais.
2.1
História de uma alma
A
História de uma alma não é uma
biografia como normalmente se entende, mas sim uma leitura e releitura da vida
pessoal e familiar com um olhar todo especial... o olhar de Deus. Ela via
contando com simplicidade e a um certo momento, esquecendo por completo a sua
família, falava de si mesma, das graças recebidas e de sua missão. Os
caderninhos “amarelos”, conhecidos como manuscritos A, B e C, compõem o livro.
Este
livro faz parte das maravilhas da espiritualidade. Quem ler este livro não será
mais o mesmo, algo de diferente vai acontecer na sua vida; ver-se-á obrigado a
parar e pensar, procurando caminhos novos de liberdade para si mesmo e para os
outros.
Acompanhemos
alguns trechos do livro:
“Ser tua esposa, Ó Jesus; ser carmelita;
ser, pela minha união a Ti, a mãe das almas, deveria ser-me suficiente... mas
não é... Sem dúvida, estes três privilégios formam minha vocação: carmelita,
esposa e mãe. Todavia, sinto em mim outras vocações, a de guerreira, a de
sacerdote, a de apóstolo, a de doutor, a de mártir, enfim, sinto a necessidade,
o desejo de realizar, para Ti, Jesus, as mais heróicas obras... Sinto na minha
alma a coragem de um cruzado, de um zuavo pontifício. Queria morrer num campo
de batalha pela defesa da Igreja...
Sinto em mim a vocação
de SACERDOTE; com que amor, Jesus, eu te levaria nas minhas mãos, quando, à
minha voz, tu descerias do Céu... Com que amor dar-te-ia às almas!... Mas ah!
Mesmo desejando ser Sacerdote, admiro e invejo a humildade de São Francisco de Assis
e me sinto com a vocação de imitá-lo, recusando a sublime dignidade do
Sacerdócio.
Ò Jesus! Meu amor,
minha vida... como aliar esses contrastes? Como realizar os desejos de minha
pobre alminha?
Ah! Malgrado minha
pequenez, queria esclarecer as almas como os Profetas, os Doutores, tenho a
vocação de ser Apóstolo... quisera percorrer a terra, pregar teu nome e plantar
sobre o solo infiel tua Cruz gloriosa, mas, ó meu Bem-Amado, uma só missão não
me bastaria, quisera, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho nas cinco partes do
mundo e até nas mais remotas ilhas. Quisera ser missionária não somente durante
alguns anos, mas quisera ter sido desde a criação do mundo e sê-lo até a
consumação dos séculos... Todavia, quisera acima de tudo, ó meu Bem-Amado
Salvador, quisera derramar meu sangue por ti até a última gota...
O Martírio, eis o
sonho da minha juventude, esse sonho cresceu comigo nos claustros do Carmelo...
Mas ainda aí, sinto que meu sonho é uma loucura, pois não saberia me limitar a
desejar um gênero de martírio... Para me satisfazer, ser-me-iam necessários
todos... Como tu, meu Esposo Adorado, quisera ser flagelada e crucificada...
Quisera morrer esfolada como São Bartolomeu... Como São João, quisera ser
mergulhada no óleo fervendo, quisera sofrer todos os suplícios infligidos aos
mártires... Como Santa Inês e Santa Cecília, quisera apresentar meu pescoço à
espada e como Joana D`Arc, minha irmã querida, quisera na fogueira murmurar teu
nome, ó JESUS... Pensando nos tormentos, que serão que serão a partilha dos
cristãos no tempo do Anticristo, sinto meu coração pular e quisera que esses
tormentos me fossem reservados... Jesus, Jesus, se quisesse escrever todos os
meus desejos, ser-me-ia necessário pedir emprestado teu livro da vida, aí estão
relatadas as ações de todos os santos e essas ações quisera ter realizado por
Ti...
Ó meu Jesus! O que
vais responder a todas estas loucuras?,,, Há alma menor, mais impotente que a
minha?... Porém, por causa da minha fraqueza, achaste prazer, Senhor, em
atender aos meus pequenos desejos infantis e queres, hoje, realizar outros
desejos, maiores que o universo...
Como meus desejos me
faziam sofrer um verdadeiro martírio na oração, abri as epístolas de São Paulo
afim de procurar alguma resposta. Meus olhos caíram sobre os capítulos 12 e 13
da primeira epístola aos Coríntios... No primeiro, li que nem todos podem ser
apóstolos, profetas, doutores etc... que a Igreja é composta por diferentes
membros e que o olho não poderia ser, ao mesmo tempo, a mão.
... A resposta estava
clara, mas não satisfazia aos meus desejos, não me propiciava paz... Como
Madalena se inclinando sempre junto ao túmulo vazio acabou por encontrar o que
desejava, também me abaixei até as profundezas do meu nada e elevei-me tão alto
que consegui atingir minha meta... Sem desanimar, prossegui com minha leitura e
esta frase aliviou-me: ‘Aspirai, também, aos carismas mas elevados. Mas vou
mostrar-vos uma via sobre todas sublime’. E o Apóstolo explica como todos os
mais perfeitos dons não valem nada sem o Amor... Que a caridade é a via
excelente para levar seguramente a Deus. Enfim, tinha encontrado repouso...
Considerando o corpo místico da Igreja, não me reconheci em nenhum dos membros
descritos por São Paulo, melhor, queria reconhecer-me em todos... A caridade
deu-me a chave da minha vocação. Compreendi que se a Igreja tem um corpo,
composto de diversos membros, o mais necessário, o mais nobre de todos não lhe
falta. Compreendi que a Igreja tem um coração e que esse coração arde de amor.
Compreendi que só o Amor leva os membros da Igreja a agir, que se o Amor viesse
a extinguir-se os apóstolos não anunciariam mais o Evangelho, os mártires
negar-se-iam a derramar o sangue... Compreendi que o Amor abrangia todas as
vocações, que o Amor era tudo, que abrangia todos os tempos e todos os
lugares... numa palavra, que ele é Eterno!...
Então, na minha
alegria delirante, exclamei: Ó Jesus, meu Amor... enfim, encontrei minha
vocação, é o Amor!...
Sim, achei meu lugar
na Igreja e esse lugar, meu Deus, fostes vós quem o destes a mim... no Coração
da Igreja, minha Mãe, serei o Amor... serei tudo, portanto... desta forma, meu
sonho será realizado!!!...” (MB 2v-3v)
2.2
Cartas
São
266 cartas. Um bom número se considerarmos que a primeira foi escrita em abril
de 1887 e a última em 25 de agosto de 1897. Os destinatários não são muitos,
familiares, alguns leigos, Padres, especialmente Celina, sua irmã, que será a
última a entrar no Carmelo. Contudo, embora dê notícias de cada dia, são sempre
espirituais. Ela se serve deste meio para formar as almas e para comunicar a
sua espiritualidade.
2.3
Poesias
As
poesias de Teresinha carecem de métrica e de arte, são simplesmente textos
escritos em forma de poesia e nada mais. O conteúdo destes escritos é religioso
e às vezes poesias compridas onde ela descreve toda uma temática. Há nas suas
poesias uma teologia e espiritualidade onde ela quer comunicar a sua
experiência de Deus ou cantar seu amor a Maria.
O ABANDONO É O DELICIOSO FRUTO DO AMOR
Existe, aqui nesta terra,
Um árvore excelente:
Sua raiz – que mistério!-
Se encontra, porém, no céu.
Debaixo
de sua sombra,
Nada
é capaz de ferir.
Se
medo da tempestade,
Lá
se pode repousar.
Amor é o nome que tem
Essa árvore inefável,
E seu fruto delicioso
Leva o nome de abandono.
Já
desde aqui, nesta vida,
Seu
fruto me dá prazer.
Minh`alma
rejubila
Com
seu divino perfume.
Esse fruto, quando o toco,
Deixa impressão de um tesouro.
Mas é quando à boca o levo
Que sinto maior doçura.
Ele
me traz, neste mundo,
Um
mar inteiro de paz.
Neste
repouso profundo
Encontro
descanso eterno.
Só o abandono me leva
A Teus braços, ó Jesus,
Só ele me faz viver
A vida de Teus eleitos.
A
Ti, pois, eu me abandono,
Ó
meu Esposo divino
E
nada mais ambiciono
Que
a unção de Teu doce olhar.
Para ti quero sorrir,
Dormindo em Teu Coração
E sempre Te repetir
Que te amo muito, Senhor.
Assim
como a margarida,
Com
seu cálice dourado,
Eu
também, pequena flor,
Abro as
pétalas ao sol.
Meu doce sol da vida,
Amabilíssimo Rei,
É Tua pequena Hóstia,
Tão pequenina como eu...
Os
reflexos luminosos
De
sua chama celeste
Fazem
nascer em minh´alma
Um
abandono perfeito.
As criaturas deste mundo
Poderão me abandonar,
Mas, junto a Ti, sem queixar-me,
Passo muito bem sem elas.
Mas
se Tu me abandonares,
Ó
meu Tesouro Divino,
Mesmo
sem Tuas carícias,
Ainda
quero sorrir.
Quero esperar em paz,
Doce Jesus, Tua volta,
Sem jamais interromper
Os meus cânticos de amor.
Não,
nada mesmo me inquieta,
Nada
pode perturbar-me.
Mais
alto que a cotovia,
Minh´alma sabe
voar.
Lá, bem acima das nuvens,
O céu fica sempre azul.
E aí se toca a fronteira
Do Reino do nosso Deus.
Espero
em paz a glória
Da
morada celestial,
Porque
encontra na Hóstia
O
doce fruto do Amor!” (Poesia 52)
2.4 Peças teatrais
O
equilíbrio da vida da clausura é dado por três elementos: oração, trabalho,
repouso-lazer. Os recreios carmelitanos em determinados dias de festa, ainda
hoje, são preenchidos por peças teatrais que não são nada de extraordinário e
nem “obras de arte”. Teresinha era convidada a escrever peças teatrais para as
festas do mosteiro e das Irmãs. Assim, ela escreveu e encenou peças como: “A
missão de Joana d`Arc”, “O triunfo da humildade”,...
Conclusão
Após este breve
estudo da vida de Santa Teresinha podemos destacar alguns pontos principais da
sua “doutrina”:
- Voltar ao essencial: como diria a santa, a felicidade está dentro de nós e não fora, por isso é possível ser feliz tanto num palácio de rei circundado de tudo, como numa pobre e pequena cabana. Para isto é preciso ser simples em tudo, tirar as máscaras e não se deixar dominar pelas coisas.
- Deus é um amigo que vive em nós: Teresinha teve e tem o grande merecimento de ter colocado Deus ao nosso lado como Pai que ama, que nos abraça com afeto e com amor, que nos corrige com delicadeza e nos chama a sermos seus filhos amados.
- Fazer felizes os outros: o mundo e a sociedade de hoje nos fazem cada vez mais egoístas e menos irmãos de caminhada. Saber amar é ir além do mundo pequeno e restrito do próprio eu e ampliar o olhar sobre a humanidade e os mais necessitados. Teresinha soube pensar nos outros, esquecendo se si até nas mais elementares necessidades pessoais.
- Cultivar a criança que há em nós: todos nós temos um desejo de liberdade e de amor que não pode ser sufocado. Também há em nós uma criança que não pode morrer, reclama viver e ser ela mesma para nos fazer viver momentos de extrema felicidade e alegria, nos maravilhando das coisas mais pequenas. E toda criança é amiga de toda criança... ela não se apavora com a religião, nem com a política, ... ela não está contaminada com o “mal dos adultos”, sabe brincar com todos e ama a todos.
Livros e fontes de
consulta
- Santos e santas do Carmelo Descalço
Frei
Patrício Sciadini OCD – LTR Editora – 2006
- Santa Teresinha de
A a Z
Santa Teresa de Lisieux (Frei
Patrício Sciadini – seleção de textos e introdução)
Edições
Carmelitanas e Loyola - 1996
-
http://www.cancaonova.com/portal/canais/especial/santa_teresinha/02.php
Santa Teresa de
Jesus de Los Andes
“Vivamos sempre alegres. Deus é alegria infinita.”
Santa Teresa dos Andes
Introdução
Santa
Teresa dos Andes é uma santa que chama a nossa atenção pela brevidade de sua
vida e pela intensidade com que viveu. Também nos questiona o fato dela ser uma
santa tão próxima de nós, pois viveu no Chile: ela é nossa vizinha!!!
Para
começar, já podemos tirar duas conclusões sobre ela (mesmo que você ainda não a
“conheça”...): a primeira é que a santidade é para os jovens, ela não
corresponde a quantidade de anos que se vive, mas a intensidade com que se vive
os anos; e a segunda é que a santidade é para nós, povos da América Latina! Não
é necessário buscar exemplos longe de nós! Nós temos exemplos aqui perto! A
Santidade não é européia, ela é para todos os povos!
Ela
era uma jovem muito alegre, cheia de vida e que soube doar ao Senhor o melhor
de si mesma. Santidade não é assumir ar sombrio e triste, é alegria de ter Deus
como Pai! Santa Teresa dos Andes ou Santa Teresinha da América Latina ou Santa
Teresa de Jesus (ou como queiram chamá-la!!!), é modelo para todos os que
desejam viver o Evangelho da felicidade.
Como
Obra Missionária que tem a sua essência na busca da presença de Deus, ela nos
ensina: “quero que vivas sempre com Deus no fundo de tua alma... Tens de
possuir a Deus para dá-lo às almas”. Que possamos possuir a Deus!
1 Sua Vida
Teresa
dos Andes é a santa mais jovem do Carmelo. Morreu com apenas 19 anos e nove
meses. Nasceu numa família cristã e sempre encontrou nos pais amor e afeto. O
amor nasce bem cedo no seu coração.
Gostava da
vida. Apreciava os esportes e o que mais lhe dava alegria era poder cavalgar
nas fazendas do pai.
1.1 Santa Teresa dos Andes no tempo
1900
- 13/Julho: Nasce em Santiago do
Chile, filha de Miguel Fernández Jaraquemada e de Lúcia Solar Amstrong.
- 15/Julho: Batizada na Paróquia
de Santa Ana pelo Pe. Baldomiro Grossi com o nome de Juana Enriqueta Josefina
dos Sagrados Corações.
Seus
padrinhos foram: Salvador Ruiz-Tagle e Rosa Fernández de Ruiz-Tagle.
Seus
irmãos: Lúcia, Miguel, Luís, Juana (morta poucas horas depois do nascimento),
Rebeca e Inácio.
Passa
temporadas na fazenda Chacabuco, propriedade de seu avô materno, alternando com
Santiago.
1906
Desde muito pequena gosta de
ouvir falar de Deus. Durante um mês assiste, todas as tardes, às aulas no colégio
das Teresianas. Ali aprendeu a ler.
1907
-Ingressa como externa no colégio
da Alameda das religiosas do Sagrado Coração.
- 13/Maio: Morre seu avô materno
Eulógio Solar. Seus herdeiros vendem a fazenda Chacabuco e a casa de Santiago.
A família de Juanita tem que se mudar.
- Desperta no coração de Juanita
uma terna devoção por Maria. Faz a promessa de rezar o Rosário diariamente por
toda a vida, promessa que cumprirá fielmente.
- Faz sua primeira confissão,
preparada pelas religiosas.
- Começa a assistir habitualmente
à missa com sua mãe e solicita a comunhão. Não lha concedem; porém ela inicia
um trabalho de domínio e controle pessoal como preparação para recebê-la,
conseguindo “modificar seu caráter”.
1909
-22/Outubro: Recebe o Sacramento
da Confirmação.
1910
- 11/Setembro: Das mãos de D.
Ângelo Jará, recebe a primeira comunhão na capela do colégio. “Dia sem nuvens”
que a marcou definitivamente. Desde então, dia ela, todos os dias comungava e
falava com Jesus muito tempo. “Nosso Senhor me falava depois da comunhão.
Porém, minha devoção especial era pela Virgem: contava-lhe tudo.”
- Muda novamente de casa.
1911
- 8/Dezembro: Chama a atenção o
fato que, no dia da Imaculada, estava às portas da morte por diversas
enfermidades, durante quatro anos seguidos – 1911 a 1914.
- Até 1915 continua recebendo
esmerada formação no Colégio do Sagrado Coração como externa. Destaca-se por
sua preocupação pelos anciãos e necessitados, chegando em certa ocasião a rifar
seu relógio para socorrer um menino pobre. Trata com carinho as empregadas da
casa e delas cuida quando estão enfermas, o mesmo faz com os moradores de
Chacabuco durante as temporadas que ali passa com sua família. Ao ser vendida a
fazenda, coubera-lhes uma parte – herança de sua mãe.
1914
- Dezembro: Sofre forte crise de
Apendicite. É operada no dia 30 no pensionato São Vicente de Santiago.
1915
- Restabelece-se da operação em
Chacabuco, onde veraneia com seus pais.
- 13/Julho: Ao completar seus
quinze anos declara que Cristo a cativou.
- Julho: Ingressa como interna no
Colégio das Mestras (hoje Portugal) do Sagrado Coração.
- 10/Outubro: Tem com a Madre
Rios uma entrevista decisiva para sua vocação. Juanita assegura-lhe que lhe faz
muito bem a vida de Santa Teresinha de Lisieux e que a leu várias vezes.
- 8/Dezembro: Faz voto de
castidade que depois irá renovar periodicamente. Promete “não admitir a outro
esposo senão a Jesus Cristo”.
1916
- Janeiro e Fevereiro: Férias em Chacabuco. Passeios
e caminhadas a pé e a cavalo. Encantada pela equitação. Colabora nas missões e
não deixa a meditação e a leitura espiritual.
- 15/Abril: Revela à sua irmã
Rebeca o segredo da vocação: “Serei Carmelita. Em 8 de dezembro eu me
comprometi”. No retiro espiritual do ano, impõe-se um método de vida, exigindo
de si mesma a meditação, o exame diário e a prática da humildade.
1917
- Janeiro: A leitura de Santa
Teresa de Jesus (de Ávila) a ajuda a vencer obstáculos para ser fiel ao seu
propósito de fazer oração diariamente.
- Janeiro e fevereiro: Descansa
várias semanas em Chacabuco.
- 10 e 11/Fevereiro: Peregrinação
fervorosa ao Santuário de Lourdes de Santiago.
- Entre as suas resoluções para o
ano figuram esquecer-se de si mesma, esmerar-se em proporcionar felicidade aos
demais, viver com Jesus em seu interior e tornar amável a virtude.
- Março: Regressa ao internato. O
pe. José Blanch CMF, substitui como diretor espiritual o Pe. Artemio Colom SJ.
- Impõe-se sacrifícios e oferece
ao Senhor sua vida pela conversão de várias pessoas.
- 15/Junho: Recebe a medalha de
Filha de Maria.
- 27/Junho: É premiada como
primeira aluna em história.
- 30/Junho: “É tão bom dar”,
escreve depois de juntar trinta pesos para comprar sapatos para um menino pobre
e para ajudar outros necessitados.
- Julho: Lê Ir. Isabel da Trindade.
Fica encantada e sintoniza com ela porque seu sonho é também viver com Jesus no
íntimo de seu ser e transformar toda a sua existência em louvor de Deus.
- 8/Agosto: Entra em retiro. Faz confissão
geral e o confessor lhe assegurou que, pela graça de Deus, não cometeu em sua
vida nenhum pecado mortal.
- 5/Setembro: Escreve sua
primeira carta a Madre Angélica, priora das Carmelitas de Los Andes,
expressando seu ardente desejo de pertencer à sua comunidade, sabendo que a
vida da carmelita é “sofrer e orar”.
- Começa a se conscientizar de
que terá de superar grandes dificuldades para ser carmelita: falta de saúde,
oposição familiar e, inclusive, dificuldade para conseguir o dote, pois os
negócios de seu pai vão muito mal.
- 20/Dezembro: Superados
brilhantemente os exames e com prêmios, deixa o internato para gozar férias
junto dos seus. A sua família já vive em outra casa.
1918
- Intensifica a sua
correspondência com a madre priora das Carmelitas de Los Andes, pois seus
desejos de ser carmelita vão aumentando.
- Janeiro e Fevereiro: Passa
tranqüila e feliz grande parte do verão em Algarrobo. Pratica
esportes: natação, tênis, passeios e caminhadas por montanhas e praias. Escreve
cartas, sobretudo a seu pai ausente. Participa diariamente da missa e benção do
Santíssimo. Dá aulas de catecismo a 9 meninos. Sente sede do infinito. Tudo a
leva a Deus, sobretudo a imensidade do mar.
- 12/Março: Regressa ao
internato.
- Durante vários meses sofre
provas interiores: abandono espiritual, secura, aridez...
- 7/Agosto: Último retiro
espiritual que faz no internato. Promete comungar, fazer exame de consciência e
oração diariamente, e tratar de fazer em tudo a vontade de Deus.
- 12/Agosto: Deixa
definitivamente o internato. Sai temerosa de que os familiares que se opõem à
sua vocação quisessem fazê-la freqüentar muitas festas e diversões. Propõe-se,
por isso, ter firmeza de caráter e não se deixar levar pelo respeito humano nem
pelo sentimento, mas pela razão e pela consciência.
- Como sua irmã Lúcia casou-se em
junho, compete-lhe cuidar da casa e não tem outro pensamento a não ser agradar
a todos e sacrificar-se por cada um deles a todo momento.
- 7/Setembro: Escreve à madre
priora de Los Andes pedindo-lhe que a admita em sua comunidade. Com imensa
alegria, recebe resposta afirmativa.
- Novembro: Nesta época lê o
“Caminho de perfeição”, de Sta. Teresa de Ávila. Descansa vinte e poucos dias
em Cunaco, na fazenda de suas primas Elisa e Hermínia Valdés. Ali dá provas de
seu bom humor, de sua alegria contagiante e de sua afeição pelo esporte, assim
como de sua piedade e espírito de serviço. Colabora nas missões. Escreve a seus
familiares que se tornou famosa “com suas tentações de risos”. Durante várias
semanas atormenta-a a dúvida se deve ser carmelita ou religiosa do Sagrado
Coração. Consultados seus diretores, desaparece a perturbação.
1919
- 11/Janeiro: Viaja com a mãe a
Los Andes. Acha que são simples, alegres e encantadoras as monjas. A pobreza do
convento a seduz. Recuperada a tranqüilidade, regressa cheia de felicidade a
Santiago.
- 14/Janeiro – 7/Março: Permanece
na fazenda São Paulo (perto de São Xavier de Loncomilla). Sem se descuidar dos
trabalhos da casa, colabora nas missões, dá catecismo às crianças, dá-lhes aula
de diversas matérias e as entretém organizando brincadeiras, jogos e rifas.
Também visitou umas trinta casas de inquilinos consagrando-as ao Sagrado
Coração de Jesus.
- 7/Março: regresso a Santiago.
- Descansa uns dias em Bucalemu,
na fazenda de seus tios. Ali admiram sua destreza para montar a cavalo,
qualificando-a de “verdadeira amazona”.
- 25/Março: De Santiago escreve a
seu pai uma carta enternecedora, pedindo-lhe autorização para ser carmelita.
- 3/Abril: Nasce Luz, sua
“sobrinhazinha mimada”, filha de sua irmã Lúcia.
- 6/Abril: Obtém o consentimento
de seu pai para ingressar no Carmelo.
- 7 a 15/Abril: Permanece na
fazenda de suas primas Valdés em Cumaco. Dali escreve a seu pai (dia 7)
manifestando sua gratidão pelo generoso consentimento que lhe concedeu; e no
dia 12 a
Madre Angélica, comunicando-lhe que conta com a autorização paterna e que está
decidida a ingressar no convento no dia 7 de maio.
- Março-Maio: Período em que,
para Juanita, chegam ao auge, tanto a felicidade como a “pena mais horrível”. A
felicidade, porque logo estará realizando o seu sonho de consagrar-se plenamente
ao Senhor, ingressando no convento. E o martírio mais terrível por ter de
separar-se de seus pais e irmãos, aos quais ama com loucura, e que nas últimas
semanas choram sem consolo quando pensam que vão ficar sem aquela que é a
“jóia, a alegria e o sol da casa”. Seu pai, ausente nos últimos dias, não teve
coragem de voltar “pára não se encontrar lá no momento da separação”.
NO CARMELO...
- 7/Maio: Ingressa nas Carmelitas
de Los Andes. Muda seu nome, chamando-se daí por diante de Teresa de Jesus.
- 8/Maio: Escreve sua primeira
carta do convento. É um testemunho eloqüente de seu amor filial e da felicidade
que a inunda.
- Escondida na clausura, realiza
intenso apostolado, não só mediante a misteriosa fecundidade do sacrifício e da
oração, como também por suas cartas. Com elas contagia seus familiares e amigas
com o seu amor a Cristo, à Eucaristia e à Maria, ao mesmo tempo que apregoa sua
felicidade e alegria, e que seu amor pelos seus assume maiores proporções a
cada dia.
- 14/Outubro: Toma o hábito de
Carmelita Descalça. Começa seu noviciado. Daí por diante escreve menos cartas,
porém mais afetuosas e penetradas de humildade. Cartas que são boa prova de que
os santos não são seres esquisitos e alienados, mas pessoas com grande
equilíbrio e estabilidade. Vivendo em Deus – “seu centro e sua morada” – Teresa
participa da estabilidade e da alegria daquele que é o Imutável, e vive em
plenitude a condição humana. Aquela que chegou ao convento com o sonho de ser
“co-redentora do mundo” imolando-se pela Igreja e pela humanidade escreveu:
“assim passamos a vida: orando, trabalhando e rindo”. Nem a morte teve nada de
espantoso para ela, porque morrer é submergir definitivamente em Deus, em cujos
braços amorosos vivia.
1920
- Primeiros dias de Março:
Assegura que morrerá logo, dentro de um mês.
- 2/Abril: Sexta-feira Santa. Cai
de cama, gravemente enferma de tifo.
- 5/Abril: Administram-lhe os
últimos sacramentos, a seu pedido.
- 6/Abril: Faz sua profissão
religiosa, repetindo alegre e emocionada a fórmula de consagração ao Senhor.
- 7/Abril: Última comunhão de Ir.
Teresa.
- 12/Abril: às 19h15min, morre
santamente. Contava 19 anos e nove meses de vida e onze meses de Carmelita.
“Logo
fará milagres”, escreve poucos dias depois o Pe. Julião Cea CMF, que acertou plenamente.
Desde então são incontáveis as pessoas que atribuem à sua intercessão graças e
favores de toda a espécie.
1.2 Santa Teresa dos Andes na Eternidade
1940
- 17/Outubro: Translado de seus
restos mortais ao sepulcro construído debaixo do cora das religiosas.
1947
- 20/Março: Tem início o processo
diocesano em vista de sua beatificação. Terminou em 4 de março de 1971.
1976
- A Santa Sé decide que se
enriqueça o processo diocesano mediante o processo chamado “COGNITIONIS”. E em
17 de novembro se inicia oficialmente o mencionado processo para complementar e
enriquecer o anterior.
1978
- 18/Março: Sessão de clausura do
processo “COGNITIONIS”, cujas atas são enviadas a Roma.
- Paulo VI, antes de morrer,
dispõe que se abra o processo de Ir. Teresa o quanto antes.
1881
- 20/Março: Decreto da Santa Sé
declarando a validez dos processos mencionados, trâmite importantíssimo do
processo de beatificação.
1986
- 23/Janeiro: Rescrito declarando
o valor jurídico do processo feito em Santiago para recolher provas e
documentação técnico-médicas sobre uma cura considerada milagrosa e atribuída a
Ir. Teresa de Jesus de Los Andes.
- 22/Março: Decreto de
reconhecimento das virtudes heróicas tanto teologais como cardeais e anexas de
Ir. Teresa.
1987
- 13/Abril: Foi beatificada por
João Paulo II, em Santiago do Chile e foi proposta como modelo para os jovens.
1993
- 21/Março: Foi canonizada,
também por João Paulo II, em Roma. É a primeira flor da santidade da nação
chilena e do Carmelo na América Latina.
2 Sua Obra
A nossa santa
nunca escreveu um livro, mas podemos ver em seu diário e em suas cartas pérolas
preciosas no nosso caminho rumo ao céu. Iniciou seu diário aos quinze anos e em
1917 dedicou-o da Madre Rios, com o título: “História de vida de uma de suas
filhas”.
A sua
mensagem não é uma história “interessante”, marcada por reflexões teológicas,
mas é marcada pela cotidianidade da vida, cuja monotonia é assumida com e por
amor.
No mundo de hoje, pensamos que as “pessoas
realizadas” são aquelas que viveram grandes aventuras, que se destacam das
outras e obtém algum tipo de fama. Mas não nos deixemos enganar: só seremos
“realizados” quando encontrarmos a fonte de toda a realização, que é Deus, e
nos entregarmos totalmente a Ele. E para isso, não precisamos viajar para
longe, mas precisamos viajar para dentro!
Vamos
observar algumas das pérolas de Teresa e deixar que elas façam parte do nosso
tesouro espiritual:
“A história de
minha alma resume-se em duas palavras: SOFRER E AMAR. Aqui tem minha vida
inteira desde que me dei conta de tudo, quer dizer, aos seis anos ou antes. Eu
sofria, porém o bom Jesus ensinou-me a sofrer em silêncio e a desafogar nele o
meu pobre coraçãozinho.” Introdução do seu diário.
“A verdadeira
amizade consiste em aperfeiçoar-se mutuamente e em aproximar-se mais de Deus”.
(carta 82)
“O
amor é a força que ajuda a fazer aquelas coisas pelas quais se sente mais
repugnância”. (carta 45)
“Quem
ama não tem outra vontade senão a do Amado; logo, quero fazer a vontade de
Jesus. Quem ama se sacrifica. Eu quero sacrificar-me em tudo. Não quero dar-me
nenhum gosto. Quero imolar-me constantemente para assemelhar-me Àquele que
sofre por mim e me ama. O amor obedece sem nada replicar. O amor é fiel. O amor
não vacila. O amor é o laço de união de duas almas. Pelo amor me fundirei em
Jesus”. (diário 30)
“Aqueles
que se dedicam ao apostolado precisam ter muita vida interior para que sua obra
produza fruto, pois têm de dar Deus às almas e ficarem eles com Deus, do
contrário, não têm nada para dar”. (carta 46)
“Tudo
o que vejo leva-me para Deus. O mar em sua imensidão faz-me pensar em Deus, em
sua infinita grandeza. Sinto então sede do infinito”. (carta 20)
“O
esquecimento de nós mesmos, fazendo desaparecer o eu – que é o deus que
adoramos interiormente – custa e arrancar-nos-á gritos de dor. Mas Jesus pede
esse trono e é preciso dá-lo. A caridade há de ser a arma para combater esse
deus”. (diário 16)
“A
carmelita sobe ao Calvário, ali imola-se pelas almas. O amor a crucifica, morre
para si mesma e para o mundo. Sepulta-se e seu sepulcro é o Coração de Jesus; e
dali ressuscita, renasce para nova vida e vive espiritualmente unida ao mundo
inteiro”. (diário 58)
“Quando
um dia nos virmos no céu, que pela misericórdia de Deus obteremos,
agradecer-me-ás que tanto te haja pedido a comunhão diária, porque
compreenderás que nela reside o início da vida eterna”. (carta 117)
“Ser
muito indulgentes para com os outros e, com nós mesmas, muito rigorosas. Outro
dia, disseram a este respeito um pensamento que gostei muito: ‘ser touperia
para com o próximo e lince para consigo mesma’ isto é, não ver os defeitos
alheios mas os nossos”. (carta 101)
“Busquemo-lo
por meio dos sacramentos. Nosso Senhor no-los deixou para unirmo-nos mais a sua
Divina Pessoa. Comunguemos o mais freqüentemente possível para amá-lo mais.
Quem se aproxima do fogo se aquece”. (carta 96)
“Reconheço-o.
Sou pó rebelde. Sou um nada criminoso. Mas, por acaso não és Tu o Bom Pastor?
Não foste Tu que saíste em busca da samaritana para dar-lhe a vida eterna? Não
foste Tu que defendeste a mulher adúltera e que enxugaste as lágrimas de Maria,
a pecadora?... Que eu viva te contemplando sempre. Que viva submersa em teu
amor, para que ele consuma meu miserável ser e me converta em Ti”. (diário 57)
“Abandono-me
à vontade de Deus. Ele sabe melhor do que eu o que me convém”. (carta 39)
“Vais
sair ao campo de batalha do mundo. Adestra-te para a luta. Tuas armas: a
comunhão e a oração. Teu alimento: a vontade de Deus. Teu capitão: Jesus. Tua
bandeira: a humildade”. (carta 121)
“O
sofrimento não me é desconhecido. Nele encontro minha alegria, pois na cruz se
encontra Jesus e Ele é amor. E o que importa sofrer quando se ama?” (carta 14)
“Tudo
passa, tudo morre. Logo, para que apegar-me a coisas transitórias que não me
levam a Deus, que é o meu fim?” (diário 29)
“Deus
é o único bem que nos pode satisfazer, o único ideal que nos pode apaixonar
inteiramente. Encontro tudo nele. Alegro-me até o íntimo por vê-lo tão lindo,
por sentir-me sempre unida a Ele, já que Deus é imenso e está em toda a parte.
Ninguém pode separar-me dEle. Sua essência divina é minha vida. Deus me
sustenta em cada momento, alimenta-me. Tudo quanto vejo fala-me de seu poder
infinito e de seu amor. Unindo-me a seu ser Divino santifico-me, aperfeiçôo-me,
divinizo-me”. (carta 121)
“Compreendi
que não nasci para as coisas da terra, mas para as da eternidade. Para que
negá-lo por mais tempo? Só em Deus meu coração descansou. Com ele minha alma
sentiu-se plenamente satisfeita, e de tal maneira, que não desejo outra coisa
neste mundo senão pertencer-lhe por completo”. (carta 73)
“Quando
falam da Eucaristia, sinto algo tão estranho em mim que não posso pensar, nem
fazer nada. Como que me paraliso e creio que, se nesse instante, me viessem ímpetos
de amor, não poderia resistir a eles. Jesus meu, aniquilo-me diante de Teu
amor! Tu, Deus do céu, da terra, dos mares, dos montes, do firmamento
marchetado de estrelas. Tu, Senhor, que és adorado pelos anjos em êxtases de
amor, Tu, Jesus Cristo Homem, Tu, pão! Ah! Aniquilar-se; tudo é pouco! Se nos
tivesse deixado uma relíquia tua seria uma demonstração de amor digna de vossa
veneração, mas ficar Tu mesmo sabendo que serias objeto de profanações,
sacrilégios, ingratidões, abandonos! Estás louco, Senhor, de amor?”
“Quando
o amor é verdadeiro, nem o tempo nem as distâncias separam”. (carta 134)
“Viva
em Deus pela fé. Tudo muda quando se fixa este Sol Divino. Que a fé seja a
lente que lhe descubra seu Criador. Uma alma com fé tem tudo, porque tem Deus.
Os sofrimentos se transformam com ela”. (carta 120)
“Eu
sou cada dia mais feliz, pois sou de Nosso Senhor. Ele me dá a felicidade
verdadeira... O amor a Jesus dá forças e alegria”. (carta 128)
“Compreendi
que o que mais me afasta de Deus é meu orgulho. Proponho-me ser humilde. Sem a
humildade as demais virtudes são hipocrisia. Sem ela as graças recebidas de
Deus são dano e ruins. A humildade alcança-nos a semelhança com Cristo, a paz
da alma, a santidade e a união íntima com Deus”. (carta 29)
“Não
sabemos fazer o mais leva sacrifício por nosso Deus, depois que Ele nada nos
recusou desde toda a eternidade”. (carta 114)
“Jesus
vive já em meu coração. Procuro unir-me, assemelhar-me e confundir-me nEle. Sou
uma gota d`água que hei de perder-me no Oceano Infinito”. (diário 16)
“Gostaria
que pusesse os olhos de sua alma em Jesus Crucificado. Ali
encontrará não só alívio na dor, mas também aprenderá a sofrer em silêncio, sem
murmurar nem interior nem exteriormente, a sofrer alegremente, tendo em conta
que tudo é pouco, contanto que se salvem as almas que tem a seu encargo, como
mãe”. (carta 143)
“Nem
todos os bons são chamados por Deus para serem religiosos. O mundo precisa de
almas virtuosas e hoje mais do que nunca é de absoluta necessidade o bom exemplo”.
(carta 81)
“Meu
espelho há de ser Maria. Visto que sou sua filha deve parecer-me com ela e
assim parecerei com Jesus”. (diário 15)
“Terei
caráter. Jamais me deixarei guiar pelo sentimento e pelo coração, mas pela
razão e por minha consciência”. (diária 43)
“Na
oração há muitos graus e modos... O primeiro é a meditação, que consiste em
refletir sobre uma verdade. O essencial da oração é inflamar a vontade no amor
de Deus, depois que se consegue isso, tem-se força para praticar a virtude”.
(carta 138)
“Todos
temos de morrer. Tudo passa e nós também. Cada dia nos aproximamos da
eternidade. Para que apegarmo-nos a coisas
que morrem?” (diário 42)
“O
inferno deixa-me gelada. Mas só uma coisa me causa mais horror que tudo o mais
e é o que disse Santa Teresa: ‘Os condenados não amam’. Oh! Como sofrerá o
coração humano então, pois Deus o criou para Ele. Odiar a Deus é o maior
suplício”. (diário 79)
“Busquemos
a Deus por meio da oração. Embora não sintamos atrativo por ela, nosso
entendimento deve ver de quanto proveito é esse conhecimento e nossa vontade
deve querer os meios para chegar a ela. Não se deve ter em conta o atrativo
sensível, senão até certo ponto, pois as faculdades superiores são as que
governam o homem”. (carta 96)
“Tenhamos
temor filial para não ofender a Deus: assim como um filho com seu pai, que teme
desgostá-lo não pelo castigo, mas porque sabe que seu pai o ama e sofrerá”.
(carta 143)
“Em
que consiste a pobreza verdadeira? Em não possuir nem mesmo a nossa vontade, em
estar desapegado de nosso próprio juízo”. (carta 68)
“Tragam
Nosso Senhor em suas almas e representem-no ora como menino, ora como
crucificado ou ressuscitado... Esse olhar da alma para seu Esposo inflama-a de
amor. A toda hora pode olhá-lo. Essa vista de Jesus a pacificará, se estiver
perturbada ou exaltada, a fortalecerá, se estiver abatida, a recolherá, se
estiver dissipada”. (carta 137)
“Antes
parecia-me que Deus daria às almas que se entregam à Ele apenas satisfações e
doçuras na oração e que bastaria encerrar-se no convento para senti-las. Mas
hoje compreendo que isto não é buscar a Deus mas a si mesmo e preparo-me não
para regalos, mas para securas e abandonos, numa palavra, para cumprir a
vontade de Deus”. (carta 86)
“A
contemplativa é imolada como uma hóstia viva: em silêncio. Sua ação,
sua obra redentora não é acaso semelhante à de Jesus-hóstia? Ela salva as almas
pela oração e o sacrifício. Atrás das grades de seu claustro, escondida,
esquecida pelo mundo, ala detém a justiça de Deus. Ele é a seiva por onde Deus
faz circular sua graça nas almas”. (carta 138)
“Amemos
a Jesus que tanto nos amou. Cerquemos seu sacrário muitas vezes ao dia com o
pensamento. Ele sempre nos olha e deseja que o amemos. Ele vive ali mais pobre
que em Belém, mais impotente está que quando era menino, não se pode valer por
Si mesmo e Ele é a Vida própria”. (carta 156)
“Os
sacrifícios a que me submeto não são sacrifícios, o amor adoça e alivia tudo.
Amo e no amor desejo viver toda a minha vida. O que importa mortificar a carne,
fazê-la morrer, se dessa morte nasce a vida da alma e a união com Deus?” (carta
96)
“É
fome, é sede insaciável a que sinto de que as almas busquem a Deus”. (carta
104)
Conclusão
Podemos sintetizar
a mensagem de Teresa dos Andes em alguns pontos:
Na
mensagem enviada a toda as contemplativas da América Latina (12 de dezembro de
1989), o Papa João Paulo II afirmou: "Sem a oração, o nosso esforço seria
em vão e a nossa esperança de uma nova evangelização, que seja eficaz, poderia
tornar-se sem fundamento”. A oração no Carmelo, em todas as suas manifestações
contemplativas e ativas, é o fundamento de todo o nosso agir.
Teresa dos Andes
não chegou a santidade através de uma vida longa e nem através de muitos
méritos, frutos de obras. Simplesmente abriu-se à luz do Senhor, aceitando com
alegria a vontade de Deus, com uma vivência radical da fé, esperança e amor.
3. Seguimento radical de Jesus Cristo
Toda a vida desta
jovem não foi outra coisa que o seguimento apaixonado e radical de Jesus, único
e verdadeiro amigo. A nossa única preocupação deve ser: conhecer Jesus Cristo
para amá-Lo, enamorar-se dEle. A vida contemplativa centra-se na pessoa de
Cristo, tudo nos leva a Ele e nEle deve ter sua origem.
Lendo seus
escritos, vamos encontrar, a cada passo, a presença da cruz, do sofrimento, da
doença que ataca e não perdoa. Diante de tudo isso, a atitude desta menina de
19 anos nos surpreende e nos faz refletir: ela aceita e carrega com alegria,
com fé e esperança a cruz que Deus lhe envia. Que importa sofrer quando se ama?
Não saberemos o que o sofrimento esconde em si enquanto não tivermos uma
experiência profunda de amor. Nunca devemos nos afastar da certeza de que
Cristo nos salvou através da cruz e todo o sofrimento desemboca na alegria
pascal da ressurreição.
5. Ser jovem
Nós nos
acostumamos a pensar que a santidade é para os adultos, os velhos. É urgente
resgatar a santidade como processo de amor, entrega corajosa do coração que
sabe pensar pouco e amar muito. O jovem pode se espelhar no exemplo de Teresa
que, tendo assumido o Evangelho com amor, encontrou na vida carmelitana o lugar
onde desabrochar a plenitude do seu coração.
Para
todos nós, jovens “em espírito ou em verdade”, Santa Teresa dos Andes é um
exemplo de alguém que assumiu com radicalidade a sua missão de dar “sabor” a
este mundo. Ela nos questiona e nos lança nos braços daquele que é o único que
pode satisfazer os anseios mais profundos de nossa alma. Não tenhamos medo de
ser totalmente de Deus! Não tenhamos medo de sermos santos! Não tenhamos medo
de “perder tudo para ganhar tudo”!
“Não tenham medo! Abram, abram de para em par
as portas a Cristo!... Quem deixa Cristo entrar não perde nada, nada-
absolutamente nada- do que faz a vida livre, bela e grande. Não! Só com esta
amizade abrem-se as portas da vida. Só com esta amizade abrem-se realmente as
grandes potencialidades da condição humana. Só com esta amizade experimentamos
o que é belo e o que nos liberta... Não tenham medo de Cristo! Ele não tira
nada e dá tudo. Quem se dá a Ele, recebe cem por um. Sim, abram, abram de para
em par as portas a Cristo e encontrarão a verdadeira vida”. (Bento XVI, Homilia
no solene início do Ministério Petrino do Bispo de Roma, 24 de abril de 2005).
Livros e fontes de consulta
- Deus, alegria infinita
Teresa
de Los Andes – 3ª ed. – Edições Loyola – 1994.
- Pensamentos: Santa Teresinha da
América Latina (Teresa dos Andes)
Frei
Patrício Sciadini OCD – edições Carmelitanas e Loyola – 1993.
- O Carmelo no mundo
Irmãs
Carmelitas da Associação Nossa Senhora do Carmo – Província do Sul do Brasil –
1998.
- Documento de Aparecida: texto
conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe
Conselho
Episcopal Latino-Americano – CNBB, Paulus e Paulinas - 2007
Este estudo foi realizado por Ana Paula Cardoso Kirchhof MVC
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