Minha
formação teológica foi profundamente marcada pela Filosofia e Teologia da
Libertação. Parecia que nos anos 80 quem não pensasse desta forma estava em
outro planeta. Eu me voltei muito para a área intelectual. Estudei muito a
Sagrada Escritura e participei de muitos movimentos sociais da época, inclusive
manifestações do MST, PT, etc. Sentia no fundo de meu coração um grande vazio,
mas era moda e tínhamos que concordar com tudo, pois do contrário éramos
taxados de “conservadores”. Eu sempre gostei muito da opção pelos pobres sempre
amei trabalhar com eles. Inclusive trabalhamos três anos numa periferia de
Porto Alegre RS. Não concordava com os exageros e pensava muitas vezes nas
coisas que nos falavam que na realidade nos enchiam mais de ódio no coração do
que de amor. Havia um grande desprezo pelos sacramentos o que muito me
entristecia.
Graças
a Deus que fui convidado por um grupo da Renovação Carismática Católica de
Passo Fundo RS para celebrar em uma vigília de oração em 1990 recentemente
ordenado. Ao final da vigília o grupo de leigos me fez um convite para rezarem
por mim para que eu experimentasse a graça do Espírito Santo. No momento algo
me dizia para que eu aceitasse e prontamente me prostrei no chão e todos
rezaram por mim. Não sei como isto aconteceu, pois era muito orgulhoso e achava
que sabia tudo e o que eram aqueles leigos que considerava um grupo de
fanáticos. Quando voltei para o seminário onde morava senti durante a noite a
força do Divino Espírito Santo transformando todo o meu ser. De teórico da Fé
passei a ter um grande amor por Jesus e Nossa Senhora. Tudo se modificou em
minha vida. Deus seja louvado.
Hoje
me encontro aqui no extremo sul do Brasil na fundação da Obra Missionária Virgem
do Carmo Peregrina que tem como um de seus carismas ajudar as crianças
necessitadas e os irmãos encarcerados. Tenho certeza que a verdadeira
libertação acontece de dentro para fora. É a partir da vida no Espírito é que
nos tornamos agentes de libertação. Não podemos esquecer os pobres, mas
precisamos ser ricos em Deus para libertarmos os mais empobrecidos. O
sacramento da Eucaristia, a Reconciliação e todas as graças dadas por meio da
Igreja são os meios mais eficazes que temos para que nossa ação não seja vazia.
Muitos
colegas desistiram até mesmo do ministério sacerdotal, porque quiseram somente
defender Jesus e não amá-lo de todo coração. Hoje necessitamos de sacerdotes
que busquem uma verdadeira conversão para se tornarem agentes da verdadeira
libertação que nosso povo precisa.
Padre Giribone - Fundador da OMIVICAPE
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