“PARA SEGUIR A CRISTO É PRECISO SABER RENUNCIAR AS COISAS QUE NÃO SÃO DELE”.
O mês de setembro é dedicado a Palavra de Deus.
A Bíblia é uma herança de Deus para nossa salvação. Ela unida ao magistério da
Igreja nos fala exatamente o que Deus planejou para nossa felicidade real. Não
é um livro de ciência ou de história. É a revelação de Deus Trindade que nos
ama acima de tudo e quer que façamos parte de sua felicidade. Quando nos
dispomos a seguir a Cristo devemos nos desapegar de tudo que nos impede de
viver a nossa profunda relação com Ele, conosco mesmos e com nossos irmãos.
Seguir Jesus é empreender uma grande batalha contra si mesmo para se reconhecer
a verdade última de nossa existência.
EVANGELHO (Lc 14,
25-33):
Naquele
tempo, grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: “Se
alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus
filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu
discípulo. Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser
meu discípulo. Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se
senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?
Caso contrário, ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos
os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: ‘Este homem começou a construir
e não foi capaz de acabar!’ Ou ainda, qual o rei que ao sair para guerrear com
outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá
enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? Se ele vê que não pode,
enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as
condições de paz. Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar
a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”
“Qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser
meu discípulo!”
Falar em cruz nos dias de hoje parece ser algo fora
de cogitação. O homem da era atômica, informatizado, se considera estar muito
além da cruz. Quer buscar soluções imediatas para seus problemas. O que importa
é a satisfação do momento. Até mesmos falsos cristianismos renunciam a Cruz
para pregarem uma prosperidade nesta vida em nome de Jesus. A vida eterna fica
em segundo plano. O fato é que somos peregrinos e a nossa meta é um dia
habitarmos a casa do Pai.
A cruz sempre será um sinal de contradição que vai passar por todas as
fases da história como algo incompreensível. Foi um método de tortura romano
importado da África para servir de propaganda ao poder “perpétuo” do grande
império romano. Este objeto de morte e tortura só foi alterado no momento em que Jesus foi
crucificado. Ele morreu fisicamente, e após três dias aparece ressuscitado. A
cruz passa a ser na história o sinal sagrado de maior importância, ela é vista
em todos os continentes. Os cristãos passam a se identificar com ela. Os que
desejam a vida eterna terão que passar pelo caminho da cruz.
Através da interpretação mística dos primeiros discípulos de Jesus, ela
passou a ser considerada como método de redenção. Não é mais a cruz material,
mas sim a somatória de todos os enfrentamentos que os cristãos terão com a sua
realidade pessoal, social e comunitária. Ela se torna uma condição para aqueles
que querem seguir a Cristo de forma real em suas vidas.
Quando assumimos os valores de Cristo, somos crucificados pela maioria
esmagadora. O problema é que esta maioria não consegue definir o sentido
profundo de sua própria existência. Nós morremos para viver. Nascemos para a
morte física, mas pela fé, através da prática do bem, iremos ressuscitar. Fica
o questionamento ao mundo: se sua auto suficiência é capaz de torná-lo feliz.
Vemos muitas pessoas depressivas fazendo exatamente o que o mundo prega.
Somos desafiados no
seguimento de Cristo a deixar tudo o que possa impedir a plena adesão ao seu
projeto de amor. Jesus no Evangelho percebe uma grande multidão que o seguia.
Talvez um tipo de seguimento que buscava compensação e honras humanas. Quem vier
a Ele deve desapegar-se de tudo que parece ser natural na vida humana até mesmo
de sua própria vida para abraçar a causa do Reino. Ser discípulo de Cristo é
sofrer as consequências do seguimento. Não podemos amar o nosso interesse ao
mesmo tempo em que procuramos concretizar o Plano de Santificação de Deus.
O grande desafio de
nossa vida é sabermos administrar os dons que Deus nos dá. O alicerce de nossa
vida é o amor de Deus. O cristão é sempre chamado a deixar algo para
concretizar a Vontade de Deus em sua vida.
Deus não nos criou para
vivermos uma auto satisfação. Somos criados para transmitir o seu amor aos
nossos irmãos. Quando o homem se fecha em si mesmo cai em um grande engano. Não
seremos felizes enquanto não nos desapegarmos de nós mesmos para nos apegarmos
a grande verdade dos valores apresentados no Evangelho. A pergunta que fica é
sobre a felicidade apresentada hoje pela maioria das pessoas.
O homem quer o tudo para
si e esquece que depende do seu Criador que é o seu Tudo. Fomos criados para
uma comunicação profunda com Ele que nos dá a razão de nossa vida. Quanto mais
nos apegarmos aos nossos princípios, pensando que somos autores de tudo, mais
iremos nos afastar da felicidade.
Não é fácil seguir a
Cristo, pois Ele sempre vem acompanhado da Cruz. Podemos pensar que isto seja
algo radical ou que tenha uma tendência de obrigação, de busca do sofrimento,
mas na realidade, para praticarmos o bem precisamos renunciar a nós mesmos.
Devemos redimensionar a nossa vida colocando-a em um amor universal.
"Senhor Jesus, nós
queremos assumir em nossa vida os sofrimentos que fazem parte do seu
seguimento”.