segunda-feira, 28 de março de 2016

A FÉ É ACEITAÇÃO DO MISTÉRIO DE DEUS EM NOSSA VIDA



“RECONHECER JESUS RESSUSCITADO É RECONHECER SUA MISERICÓRDIA”.

O segundo domingo da Páscoa é reconhecido oficialmente pela Igreja como Domingo da Misericórdia grande devoção de nosso saudoso Papa João Paulo II. Esta festa nos recorda o momento em que Jesus entra Glorioso no Cenáculo com as portas fechadas e transmite a grande consequência dos que experimentam a Deus. A Paz é fruto do amor misericordioso de Deus para com suas criaturas. É o grande fruto do amor de Deus que jamais se esquece de seus filhos. Ele oferece o seu imenso amor a todos os seus filhos através de Jesus Cristo. É o grande mistério de amor da Santíssima Trindade que deseja que façamos parte de sua felicidade.



EVANGELHO (Jo 20, 19-31):
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos de Jesus se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos em suas mãos, e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem aventurados os que creram sem terem visto!” Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais a vida em seu nome.



“Acreditaste, porque me viste? Bem aventurados os que creram sem terem visto!”

A humanidade está passando por uma grande crise afetiva que envolve a dimensão mais profunda da pessoa. É uma crise que abala as relações humanas. As pessoas não se sentem amadas e por isso se perdem em seus próprios projetos particulares deixando de lado o plano de Deus. Nós seremos bem-aventurados no momento em que crermos firmemente que Jesus está vivo no meio de nós. Temos a certeza de sua presença e esta realidade é fonte de realização interior. Jesus nos oferece uma felicidade permanente. O cristianismo é uma herança do testemunho apostólico. Somos desafiados a crer no testemunho dos apóstolos que viram Jesus Ressuscitado e ter uma grande amizade com Ele.
A profissão de fé de Tomé, chamado dídimo, que significa pequeno; faz-nos repensar sobre nossa Fé como aceitação do Mistério da presença de Deus em nossa vida. Muitas vezes agimos como ele. Queremos uma comprovação daquilo que só é possível saber pela Fé. A razão é uma ferramenta que tem suas limitações para entendermos a lógica inefável de Deus.
Jesus entra no local onde os discípulos se encontravam com as portas fechadas. Com medo da perseguição e das críticas que os outros poderiam fazer em relação ao seu discipulado. Eles ainda não tinham experimentado a força do Espírito Santo que fará a abertura do Cenáculo e o anúncio do testemunho da Ressurreição de Jesus. Os cristãos do mundo inteiro devem anunciar hoje esta grande realidade sem medo algum de qualquer perseguição.
A saudação de Jesus se refere à grande necessidade do ser humano que é ter paz. Uma paz que muitas vezes exigirá sofrimento daqueles que irão ser seus apóstolos após Pentecostes. A segunda saudação de paz está unida à missão apostólica. Os apóstolos a partir deste momento recebem a graça do sacramento da Reconciliação. O perdão dos pecados que nos renova da nossa incapacidade de amar. O que seria de nós sem este sacramento. Viveríamos longe da Graça de Deus.
Jesus pede que os seus discípulos perdoem os pecados. É o mistério da Igreja, a forma de mediação mais perfeita que Deus deixou para nossa salvação. Infelizmente com o surgimento do protestantismo muitas pessoas relativizaram este mandato de Jesus pensando em um perdão pessoal. O pecado atinge a comunidade e o sacerdote em nome de Deus e da comunidade prejudicada com suas faltas, nos perdoa. É um momento de profunda libertação para todos nós. Se este sacramento fosse mais freqüente em nossa vida, certamente teríamos menos problemas de ordem afetiva e emocional.
Crer é aceitar e se entregar ao que Deus nos apresenta com sua linguagem paradoxal. Os discípulos “viram o Senhor”. Hoje devemos crer nesta verdade que perpassa os séculos. O testemunho é uma verdade que se vê na testa. Na frente da pessoa envolvida pelo mistério. Jesus não está morto, mas vive no meio de nós, na sua Igreja nos sacramentos, na pessoa de cada irmão especialmente os mais necessitados.
Crer é ter a vida em Cristo. É se dispor a negar-se a si mesmo em favor da missão que Ele nos confia. Quando acreditamos somos enviados ao sofrimento. A experiência de Deus é rica em misericórdia. Por esta razão ela é uma experiência de perdão. Quando somos perdoados nos sentimos amados. Por esta razão a humildade é necessária para sermos realmente felizes em nosso processo de ressurreição.
Somos pecadores, mas o Senhor é misericordioso e quer nos reconciliar. A comunicação perdida com Deus através do pecado original é derrotada pelo próprio amor que Deus sente pelas suas criaturas. A experiência da misericórdia afasta o inimigo de nossa presença e faz que confiemos no amor inefável de Deus.
Hoje, através de nossa vida, devemos mostrar ao mundo que Cristo está vivo. Especialmente pelos valores que vamos assumindo em nossa existência em direção ao Pai. Os cristãos precisam viver na alegria verdadeira que nasce da conexão com o Criador através de Jesus Cristo. Hoje queremos ser os bem-aventurados, que mesmo sem termos visto o Senhor acreditamos no testemunho daqueles que nos antecederam na Fé.
“Meu Senhor e meu Deus”. A profissão de fé do apóstolo Tomé marcou a história da humanidade. Podemos cair na tentação de achar que ele era uma pessoa fraca e insensível. Mas o crer no Cristo ressuscitado é o maior desafio que temos em nossa vida. Crer é concretizar na vida os valores de Cristo. Pela fé teremos paz que é um dom necessário para sermos felizes.
A saudação que Jesus ressuscitado faz ao estar junto aos seus discípulos é muito importante para que saibamos qual é a conseqüência da vida de seus seguidores. A paz é fruto do amor que invade o coração daquele que crê. O processo de ressurreição começa já nesta vida quando iniciamos a aceitar a realidade do amor que Deus sente em grande escala por nós.
O perdão é uma graça dada a partir do Espírito Santo e isto provoca a unidade dentro de nós mesmos e na vivência comunitária.  Tomé representa todos nós que queremos uma comprovação tátil daquilo que é sobrenatural. Quando amamos temos certeza de fatos que não conhecemos de um modo racional. A razão é um instrumento que deve nos levar a experiência de sermos criaturas amadas por Deus. 
Os primeiros mártires da Igreja nos dão provas de que quando vamos nos entregando ao mistério da ressurreição, nos desapegamos da sociedade que valoriza o que não tem valor.
Como é importante aceitarmos o testemunho de nossos irmãos. Vermos a transformação que acontece em suas vidas a partir da fé. Se Tomé tivesse valorizado aquilo que seus irmãos tinham experimentado, ele não seria revestido da dúvida em relação ao fato da ressurreição de Jesus.
A partir do mistério da Ressurreição de Jesus a história da humanidade já não é mais a mesma e a definição sobre a existência humana toma outro sentido. Jesus está vivo no meio de nós oferecendo a sua infinita misericórdia. Não podemos mais perder tempo com alegrias momentâneas, tudo o que estamos passando é preparação para a vida definitiva.
Se existimos é porque somos amados. Estamos sobre o olhar amoroso de Deus que nos criou para a vida. A conversão ou o nosso processo de ressurreição exige de nossa parte uma mudança em nosso olhar. Para nos santificarmos precisamos olhar como Deus olha. Deixarmos de lado todo egoísmo para experimentarmos o amor.



“Senhor Jesus nós confiamos em vossa misericórdia.”


DEVOÇÃO AO JESUS DA MISERICÓRDIA


“Diz à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e Eu a encherei de paz. A humanidade não encontrará a paz enquanto não se voltar, com confiança, para a minha misericórdia”.

Estas palavras foram pronunciadas por Jesus Cristo na aparição a Santa Maria Faustina Kowalska nos anos trinta do século passado. A missão desta santa iniciou-se em 22 de fevereiro de 1931, quando o misericordioso Salvador lhe apareceu. Ela viu Jesus vestido de túnica branca, com a mão direita levantada a fim de abençoar, enquanto a esquerda pousava no peito, fazendo que a túnica, levemente aberta, deixasse sair dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. A Santa Faustina fixou em silêncio o olhar de Jesus que lhe disse:

“Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus eu confio em Vós. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha misericórdia” (Diário nº 699).


Neste próximo domingo em muitas comunidades católicas será exposta a imagem de Jesus Misericordioso. O sacerdote que divulgar esta devoção receberá muitas graças para si e para sua comunidade. Também podemos alcançar a graça da Indulgência Plenária conforme a Igreja prescreve para este dia.



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