“O
VERDADEIRO LOUVOR NOS LEVA À CONVERSÃO”.
Com
o Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa em que celebramos a Paixão, Morte e
Ressurreição de Jesus. Deus escolheu, em seu plano de amor pela humanidade, o
povo de Israel. Deste povo sairia a salvação para toda humanidade a partir da
experiência com Jesus o Cristo, o Verbo Encarnado. O maior investimento de Deus
para nos salvar aconteceu no Mistério da Encarnação. Jesus vem até nós para
participar de nossa vida e nos ensinar o essencial. O nosso maior desafio está
em definir a importância real da pessoa de Jesus Cristo em nossas vidas. O povo
exaltava Jesus como Rei de Israel, mas não queria uma mudança de vida. Não
queria aceitar a verdadeira transformação que Jesus veio ensinar na mudança da
forma de amar. O louvor a Deus deve estar ligado a uma profunda mudança de
valores. Não basta dizer que Jesus é o filho de Davi. Que ele é o nosso
Salvador se nossa vida não está sendo transformada e continua sendo a mesma.
EVANGELHO (Lc 19, 28-40):
Naquele tempo,
Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. Quando se
aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois de
seus discípulos, dizendo: “Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada
encontrareis um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrai-o e
trazei-o aqui. Se alguém, por acaso, vos perguntar: ‘Por que desamarrais o
jumentinho?’, respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele’”. Os enviados
partiram e encontraram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito. Quando
desamarravam o jumentinho, os donos perguntaram: “Por que estais desamarrando o
jumentinho?” Eles responderam: “O Senhor precisa dele”. E levaram o jumentinho
a Jesus. Então puseram seus mantos sobre o animal e ajudaram Jesus a montar. E
enquanto Jesus passava, o povo ia estendendo suas roupas no caminho. Quando
chegou perto da descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, aos
gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que
tinham visto. Todos gritavam: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no
céu e glória nas alturas!” Do meio da multidão, alguns dos fariseus disseram a
Jesus: “Mestre, repreende teus discípulos!” Jesus, porém respondeu: “Eu vos
declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão”.
“Bendito o rei, que vem em nome do Senhor”.
Esta
entrada de Jesus em Jerusalém, cidade que segundo Santo Agostinho é “Visão de
Paz” tem um grande significado. O Cordeiro que dará vida pela humanidade se
aproxima. Refere-se à aceitação do Messias enviado do Pai para salvar o seu
povo. Jerusalém representa a nossa vida. Precisamos de uma profunda amizade com
Jesus para ingressarmos no reino de Deus.
Numa
primeira análise desta passagem da vida de Jesus sentimos certa revolta contra
o povo ingênuo que um dia recebe Jesus e outro dia o condena. Com isto surge um
questionamento: como pode acontecer que este povo que aclama Jesus irá gritar
para que ele seja crucificado? O fato é que no julgamento de Jesus estavam
presentes pessoas de outra categoria. Que não viram ou que não queriam aceitar
os sinais que Jesus havia feito que comprovavam sua missão. Hoje não estamos
muito distantes disto. As pessoas se guiam mais por propagandas do que pela
verdade. Muitas pessoas querem o mais fácil e cômodo para suas vidas. Aí
percebemos o grande número de religiões que são criadas pelo comodismo e falta
de responsabilidade dos cristãos batizados. Se Jesus for aceito em nossa vida
acontecerá automaticamente uma conversão ou mudança de vida.
A experiência
de amizade com Cristo envolve toda pessoa. Não o aceitamos pelas conveniências,
não buscamos nele nossa satisfação, nem uma mera prosperidade material. Jesus
nos apresenta a Cruz como símbolo máximo da redenção. A experiência com Jesus nos
leva até a misericórdia de um Deus presente e preocupado com a nossa verdadeira
realização. O motivo de ter hoje tantas religiões que falam no nome de Jesus é
justamente a falta de aceitação de Jesus Cristo na sua totalidade. Do Cristo que
compromete e modifica a vida. Pelas renúncias momentâneas chegamos à felicidade
permanente. Pelas alegrias momentâneas chegamos à tristeza profunda. Tudo o que
sai desta realidade é um substitutivo alienante. Vemos a grande mídia tentando
de tudo para combater a Igreja apresentando pequenas falhas que fazem parte da
humanidade das pessoas que a compõem. O que existe de maravilhoso na Igreja não
é apresentado pela mídia, porque a sociedade não quer mudar de vida e quer amar
só as coisas terrenas.
Jesus
Cristo está presente no meio de nós. Através dos sacramentos e de uma maneira
toda especial da Santíssima Eucaristia. Ele está presente para nos curar e
mudar nossa vida. A experiência de amizade com Jesus tem de nos levar a um amor
altruísta. Vamos aos poucos nos despreocupando com uma realização pessoal.
Seremos felizes em conjunto não individualmente.
Jesus
se esquece de sua condição superior a nossa em todos os aspectos para nos
salvar. Quer que tenhamos uma experiência profunda do amor de Deus. Ele
nos leva ao encontro com o Pai mostrando o caminho da solidariedade que
vai ter uma conseqüência comunitária.
Vamos
procurar nesta semana santa acompanhar Jesus em todos os seus passos e seguir
seu exemplo de despojamento em favor dos irmãos. Vamos colocar de lado
nossos pequenos planos particulares para aceitarmos em nossa vida o que o
Senhor nos pede.
O
povo de Israel estava ansioso para a chegada do Messias, o “ungido do Senhor”
que traria a verdadeira libertação que esperava. A espera do Salvador, aos
poucos foi deteriorada pela influência política e social dos que se serviam da
religiosidade do povo para seus benefícios particulares o que vai desencadear
na crise que levará Jesus até a cruz.
Podemos
cair na tentação de julgarmos os judeus por não aceitarem Jesus. A situação que
se desenrolava não era tão simples. Os interesses que envolviam a religião
muitas vezes forçavam o povo a outras atitudes que não estavam de acordo com a
sua originalidade. Quando a prática religiosa não traduz a vida ela vai se
deteriorando.
Talvez
tenhamos certa curiosidade para sabermos o que significa a palavra “hosana” e
porque ela é aplicada especialmente neste dia dentro da liturgia. Fizemos uma
pesquisa no Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Editora Herder de
Barcelona), para entendermos com mais profundidade o sentido e o
significado desta palavra. É uma palavra hebraica que significa “vem em ajuda,
dá-nos a salvação”. Esta palavra se encontra no salmo 118, 25 como forma de
oração para pedir a Deus sua ajuda permanente depois da vitória. Na festa das
Tendas, hosana se converteu em uma oração corrente de súplica e também um grito
de louvor. Neste dia se fazia uma procissão com palmas de vários tipos,
cantando as orações com a invocação hosana como estribilho. Esta palavra só se
encontra no relato da alegre entrada de Jesus em Jerusalém. Todas as fórmulas
usadas significam o cumprimento da espera messiânica. Se o povo que recebeu
Jesus em Jerusalém estava utilizando esta palavra é porque já estava tendo
consciência da sua missão. Algumas pessoas do povo, pelos sinais que Jesus
realizava, percebiam uma nova era que se estava iniciando em sua história. A
aceitação de Jesus só se faz com humildade e sensibilidade as coisas de Deus.
Por esta razão os nossos apegos e pecados interferem nossa visão de Deus e de
sua graça em nossa vida.
Jesus
vem em nome do Senhor. Ele é o senhor, verbo encarnado que vem aos que se abrem
ao novo projeto de salvação. Deus tem uma linguagem paradoxal. Às vezes parece
para nossa lógica humana uma linguagem contraditória, mas Ele nos vê como
criaturas em particular, com a nossa individualidade e na comunidade com os
dons que devem ser partilhados.
Vamos
neste início da semana santa acompanhar os passos de Jesus que culminará na
Ressurreição que é o grande sinal que comprova sua divindade.
“Senhor
Jesus, renovai em cada um de nós a experiência de amor e acolhida para vos
receber em nossa vida”.
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