segunda-feira, 14 de março de 2016

DOMINGO DE RAMOS



“O VERDADEIRO LOUVOR NOS LEVA À CONVERSÃO”.

Com o Domingo de Ramos iniciamos a Semana Santa em que celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Deus escolheu, em seu plano de amor pela humanidade, o povo de Israel. Deste povo sairia a salvação para toda humanidade a partir da experiência com Jesus o Cristo, o Verbo Encarnado. O maior investimento de Deus para nos salvar aconteceu no Mistério da Encarnação. Jesus vem até nós para participar de nossa vida e nos ensinar o essencial. O nosso maior desafio está em definir a importância real da pessoa de Jesus Cristo em nossas vidas. O povo exaltava Jesus como Rei de Israel, mas não queria uma mudança de vida. Não queria aceitar a verdadeira transformação que Jesus veio ensinar na mudança da forma de amar. O louvor a Deus deve estar ligado a uma profunda mudança de valores. Não basta dizer que Jesus é o filho de Davi. Que ele é o nosso Salvador se nossa vida não está sendo transformada e continua sendo a mesma.



EVANGELHO (Lc 19, 28-40):

Naquele tempo, Jesus caminhava à frente dos discípulos, subindo para Jerusalém. Quando se aproximou de Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois de seus discípulos, dizendo: “Ide ao povoado ali na frente. Logo na entrada encontrareis um jumentinho amarrado, que nunca foi montado. Desamarrai-o e trazei-o aqui. Se alguém, por acaso, vos perguntar: ‘Por que desamarrais o jumentinho?’, respondereis assim: ‘O Senhor precisa dele’”. Os enviados partiram e encontraram tudo exatamente como Jesus lhes havia dito. Quando desamarravam o jumentinho, os donos perguntaram: “Por que estais desamarrando o jumentinho?” Eles responderam: “O Senhor precisa dele”. E levaram o jumentinho a Jesus. Então puseram seus mantos sobre o animal e ajudaram Jesus a montar. E enquanto Jesus passava, o povo ia estendendo suas roupas no caminho. Quando chegou perto da descida do monte das Oliveiras, a multidão dos discípulos, aos gritos e cheia de alegria, começou a louvar a Deus por todos os milagres que tinham visto. Todos gritavam: “Bendito o rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!” Do meio da multidão, alguns dos fariseus disseram a Jesus: “Mestre, repreende teus discípulos!” Jesus, porém respondeu: “Eu vos declaro: se eles se calarem, as pedras gritarão”.


“Bendito o rei, que vem em nome do Senhor”.
Esta entrada de Jesus em Jerusalém, cidade que segundo Santo Agostinho é “Visão de Paz” tem um grande significado. O Cordeiro que dará vida pela humanidade se aproxima. Refere-se à aceitação do Messias enviado do Pai para salvar o seu povo. Jerusalém representa a nossa vida. Precisamos de uma profunda amizade com Jesus para ingressarmos no reino de Deus.
Numa primeira análise desta passagem da vida de Jesus sentimos certa revolta contra o povo ingênuo que um dia recebe Jesus e outro dia o condena. Com isto surge um questionamento: como pode acontecer que este povo que aclama Jesus irá gritar para que ele seja crucificado? O fato é que no julgamento de Jesus estavam presentes pessoas de outra categoria. Que não viram ou que não queriam aceitar os sinais que Jesus havia feito que comprovavam sua missão. Hoje não estamos muito distantes disto. As pessoas se guiam mais por propagandas do que pela verdade. Muitas pessoas querem o mais fácil e cômodo para suas vidas. Aí percebemos o grande número de religiões que são criadas pelo comodismo e falta de responsabilidade dos cristãos batizados. Se Jesus for aceito em nossa vida acontecerá automaticamente uma conversão ou mudança de vida.
A experiência de amizade com Cristo envolve toda pessoa. Não o aceitamos pelas conveniências, não buscamos nele nossa satisfação, nem uma mera prosperidade material. Jesus nos apresenta a Cruz como símbolo máximo da redenção. A experiência com Jesus nos leva até a misericórdia de um Deus presente e preocupado com a nossa verdadeira realização. O motivo de ter hoje tantas religiões que falam no nome de Jesus é justamente a falta de aceitação de Jesus Cristo na sua totalidade. Do Cristo que compromete e modifica a vida. Pelas renúncias momentâneas chegamos à felicidade permanente. Pelas alegrias momentâneas chegamos à tristeza profunda. Tudo o que sai desta realidade é um substitutivo alienante. Vemos a grande mídia tentando de tudo para combater a Igreja apresentando pequenas falhas que fazem parte da humanidade das pessoas que a compõem. O que existe de maravilhoso na Igreja não é apresentado pela mídia, porque a sociedade não quer mudar de vida e quer amar só as coisas terrenas.
Jesus Cristo está presente no meio de nós. Através dos sacramentos e de uma maneira toda especial da Santíssima Eucaristia. Ele está presente para nos curar e mudar nossa vida. A experiência de amizade com Jesus tem de nos levar a um amor altruísta. Vamos aos poucos nos despreocupando com uma realização pessoal. Seremos felizes em conjunto não individualmente.
Jesus se esquece de sua condição superior a nossa em todos os aspectos para nos salvar. Quer que tenhamos uma experiência profunda do amor de Deus. Ele nos  leva ao encontro com o Pai mostrando o caminho da solidariedade que vai ter uma conseqüência comunitária.
Vamos procurar nesta semana santa acompanhar Jesus em todos os seus passos e seguir seu exemplo de despojamento em favor dos irmãos. Vamos colocar de lado nossos pequenos planos particulares para aceitarmos em nossa vida o que o Senhor nos pede.
O povo de Israel estava ansioso para a chegada do Messias, o “ungido do Senhor” que traria a verdadeira libertação que esperava. A espera do Salvador, aos poucos foi deteriorada pela influência política e social dos que se serviam da religiosidade do povo para seus benefícios particulares o que vai desencadear na crise que levará Jesus até a cruz.
Podemos cair na tentação de julgarmos os judeus por não aceitarem Jesus. A situação que se desenrolava não era tão simples. Os interesses que envolviam a religião muitas vezes forçavam o povo a outras atitudes que não estavam de acordo com a sua originalidade. Quando a prática religiosa não traduz a vida ela vai se deteriorando.
Talvez tenhamos certa curiosidade para sabermos o que significa a palavra “hosana” e porque ela é aplicada especialmente neste dia dentro da liturgia. Fizemos uma pesquisa no Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Editora Herder de Barcelona), para entendermos com mais profundidade o sentido e o significado desta palavra. É uma palavra hebraica que significa “vem em ajuda, dá-nos a salvação”. Esta palavra se encontra no salmo 118, 25 como forma de oração para pedir a Deus sua ajuda permanente depois da vitória. Na festa das Tendas, hosana se converteu em uma oração corrente de súplica e também um grito de louvor. Neste dia se fazia uma procissão com palmas de vários tipos, cantando as orações com a invocação hosana como estribilho. Esta palavra só se encontra no relato da alegre entrada de Jesus em Jerusalém. Todas as fórmulas usadas significam o cumprimento da espera messiânica. Se o povo que recebeu Jesus em Jerusalém estava utilizando esta palavra é porque já estava tendo consciência da sua missão. Algumas pessoas do povo, pelos sinais que Jesus realizava, percebiam uma nova era que se estava iniciando em sua história. A aceitação de Jesus só se faz com humildade e sensibilidade as coisas de Deus. Por esta razão os nossos apegos e pecados interferem nossa visão de Deus e de sua graça em nossa vida.
Jesus vem em nome do Senhor. Ele é o senhor, verbo encarnado que vem aos que se abrem ao novo projeto de salvação. Deus tem uma linguagem paradoxal. Às vezes parece para nossa lógica humana uma linguagem contraditória, mas Ele nos vê como criaturas em particular, com a nossa individualidade e na comunidade com os dons que devem ser partilhados.
Vamos neste início da semana santa acompanhar os passos de Jesus que culminará na Ressurreição que é o grande sinal que comprova sua divindade.


“Senhor Jesus, renovai em cada um de nós a experiência de amor e acolhida para vos receber em nossa vida”.




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