segunda-feira, 7 de março de 2016

A PECADORA ARREPENDIDA



“O AMOR É CAPAZ DE RESTAURAR AS PESSOAS”.

A experiência do perdão é uma experiência de amor. Uma faz parte da outra. Quando nos sentimos amados somos conduzidos ao perdão. O egoísmo, que tem suas raízes na vaidade, nos afasta do perdão e faz que fiquemos detidos nos aspectos negativos de nossa vida e de nossos irmãos. No evangelho deste quinto domingo da quaresma Jesus perdoa e transforma o coração de uma mulher rejeitada pelo efeito de seus próprios pecados. Devolve-lhe sua identidade perdida pelo pecado e pelas acusações dos homens que não conheciam a infinita misericórdia do Senhor. Cristo detesta o pecado, mas ama o pecador.



EVANGELHO (Jo 08, 01-11):
Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. Entretanto, os mestres da lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe a pedra”. E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio do povo. Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.



“Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

O contato com Jesus é contato com sua misericórdia. O amor de Deus por nós é tão profundo que Ele nos perdoa sempre. Muitas vezes erramos nos tornando juízes de nós mesmos e de nossos irmãos. Quando olhamos para eles com um olhar de egoísmo e vaidade não percebemos a transformação que a graça de Deus pode fazer em nós e neles. Não podemos pensar que somos “melhores” simplesmente por cumprirmos com certas normas morais nos esquecendo da essência do cristianismo que é acolher a todos da mesma forma em nosso coração. Só o amor pode construir algo na vida das pessoas. Não somos juízes, mas somos consagrados pelo nosso batismo. Devemos fazer o bem a todos especialmente os mais empobrecidos física e espiritualmente.
Os fariseus e mestres da lei pensaram em “testar” Jesus. No entanto foram eles testados. Chegaram à conclusão que eles também cometiam pecados. Até maiores do que a mulher surpreendida em adultério. Foram obrigados a ter uma experiência de humildade por se perceberem pecadores também. Quando olhamos para nós mesmos tomamos consciência que somos limitados. Por esta razão a humildade passa ser a chave da nossa santificação.
Bem pior do que o pecado de adultério é falar mal de alguém em nossa comunidade. É denegrirmos a figura dos que também foram criados conforme a imagem de Deus. Antes de julgar devemos rezar e acolher. Tornamo-nos feios quando vemos todas as coisas e as pessoas que estão na nossa volta como feias. Transbordamos para fora aquilo que o nosso coração está cheio. Nesta peregrinação não somos juízes de ninguém, mas devemos estar sempre tentando promover os nossos irmãos.
O mundo está vivendo uma profunda crise de afeto e solidão. As pessoas não se encontram mais. Estamos em uma crise mundial de relacionamento humano. A atitude de Jesus é de acolhida que acaba transformando a vida da mulher. Recebe-a em seu coração sem olhar para suas limitações. Pode ser que ela se converta numa das discípulas até a sua morte na cruz. O sentir-se amada fez que ela se comprometesse com Jesus. Mais perdão, mais amor, mais missão. Ela recebeu em Jesus um tipo de amor desconhecido em sua vida. Pode ser que muitos fatores anteriores fizessem que ela não tivesse ainda conhecido o verdadeiro amor. Hoje estamos empedernidos na sensualidade. Ficamos no exterior de nossa vida sem percebermos a fonte do verdadeiro amor que está em nosso coração.
Jesus teria autoridade para condenar e atirar a pedra na mulher, mas age de forma contrária. Prefere acolher e perdoar. Esta acolhida é fonte de renovação. Que maravilha se todos os cristãos tivessem uma verdadeira experiência de perdão. Especialmente no sacramento da reconciliação que é fonte de paz e alegria. Quando o sacerdote nos perdoa em nome de Jesus sentimos uma grande paz em nosso coração.
Como seria bom se descobríssemos o valor do perdão que supera todas as nossas limitações humanas. Preferimos muitas vezes ficar com a imagem negativa de nossos irmãos sem percebermos que também somos limitados em nosso agir e pensar.
O tempo da quaresma é próprio para mudarmos de vida. De pensarmos de forma positiva sobre nós e sobre os nossos irmãos. De buscarmos uma coerência maior com o que cremos. Só o amor poderá construir algo em nossa vida e na vida das pessoas que convivem conosco.

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 “Senhor Jesus, renovai em cada um de nós a experiência de amor e acolhida”.





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