“O ESPÍRITO
SANTO ABRE NOSSO CORAÇÃO AO AMOR DE DEUS”.
Celebramos
neste domingo a festa de Pentecostes que nos recorda a vinda do Espírito Santo
sobre os apóstolos reunidos com Maria Santíssima. Na antiga tradição judaica era
a festa da Aliança e do dom da Lei. Recordava o recebimento das tábuas da Lei
dadas a Moisés (Ex 20, 01-21). Era também associada às colheitas, à riqueza da
vida, aos frutos do campo e do trabalho do homem. Celebrada cinquenta dias após
a Páscoa. A festa cristã de Pentecostes celebra a vinda do "Espírito
Santo" (At 2, 01-11). Ela conserva também esse sentido de
plenitude. É o tempo da colheita, da Vida Nova. É tempo de viver e aproveitar
os Dons que o Senhor nos dá para nossa santificação. Nesta festa comemoramos o
início da Igreja quando os Apóstolos “tomam consciência” do grande mistério que
envolveu suas vidas com a presença do ressuscitado saindo para a missão
universal.
I LEITURA (At 02, 01-11):
Quando chegou o
dia de pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. De
repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a
casa onde eles se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se
repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava.
Moravam em Jerusalém judeus devotos de todas as nações do mundo. Quando ouviram
o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia
os discípulos falar em sua própria língua. Cheio de espanto e de admiração,
diziam: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? Como é que nós
os escutamos em nossa própria língua? Nós que somos pertos, medos e elamitas,
habitantes da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da
Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia, próxima de Cirene, também
romanos que aqui residem; judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os
escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!”
EVANGELHO (Jo 20,19-23):
Ao anoitecer
daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as
portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no
meio deles disse: “A paz esteja convosco”. Depois destas palavras, mostrou-lhes
as mãos e o lado. Então os discípulos se
alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A Paz esteja convosco.
Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isto, soprou
sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados,
eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras
línguas, conforme o Espírito os inspirava”.
A vinda do
Espírito Santo transformou a história da humanidade. A partir deste momento os
discípulos de Jesus não terão mais medo de anunciarem que ele é o Cristo, o
ungido, o Filho de Deus que veio nos salvar. A grande realidade que ele está
vivo no meio de nós. Celebrar pentecostes é recordar o momento em que os
discípulos de Jesus se tornaram Apóstolos. De seguidores de Jesus como mestre,
começam a dar testemunho dele como Senhor Ressuscitado (Kyrios). O seguimento
antes de pentecostes era desde fora. Após a experiência no Espírito Santo, eles
terão um seguimento desde dentro. De agora em diante será uma amizade com o
Cristo Vivo que se manifesta dentro da comunidade e nos sacramentos que nascem
da Igreja.
A leitura histórica do cristianismo deve ser feita
de trás para frente a partir de Pentecostes. A Efusão do Espírito Santo
transformou a vida destas primeiras pessoas e até hoje realiza a mesma
transformação. Ela é provocada pela tomada de consciência de que somos amados
por Deus. Não estamos “soltos” sem apoio, pois o Senhor está conosco. Quando
descobrimos esta realidade não temos mais medo de anunciar a verdade e
experimentamos em nosso interior a verdadeira alegria.
Podemos afirmar que em pentecostes se cumpre a
antiga promessa que Deus fez a Abraão que foi o primeiro homem a receber a
revelação do amor de Deus em sua vida (Gn 15). A “grande promessa” se cumpre,
pois esta revelação chega a sua plenitude. Deus vem até nós com seu Espírito e
jamais irá nos deixar.
A linguagem nova dos apóstolos não será mais uma
simples teoria filosófica ou teológica. É fruto da graça santificante que se
transforma em linguagem universal. Por esta razão eles são entendidos enquanto
discursavam. Eles irão anunciar as maravilhas de Deus que irá tocar o coração
dos judeus e de todas as pessoas de boa vontade.
A experiência com o Espírito Santo é transformadora
de nossa vida. Quando refletimos sobre o mistério de Pentecostes temos que
sempre utilizar o verbo transformar. O egoísmo já não tem lugar na vida do que
experimenta o amor de Deus. A palavra transformação é sinônimo de conversão. De
agora em diante tudo será dissolvido no amor de Deus. Quando isto acontece as
coisas do mundo se tornam enjoadas. O mundo não exerce nenhuma atração sobre os
que vivem sobre o amor. A paz do coração toma lugar da angústia do materialismo
e da sensualidade. Aí entendemos a atitude dos mártires que morriam felizes em
meio as torturas que sofriam.
Após pentecostes, a compreensão do sentido da vinda
de Jesus é mais clara e a Igreja toma a sua forma como comunidade daqueles que
acreditam em Deus e em seu projeto. Ela irá dar continuidade através da
transmissão apostólica das graças recebidas com a vinda de Cristo. Não existe
cristão fora da Igreja. Todos que são batizados legitimamente pertencem a ela
mesmo que não queiram ou não saibam desta realidade. Só existe um cristianismo
e uma só Igreja de Cristo. Por esta razão nossa catequese deve ser cada vez
mais sólida ensinando ao povo a verdade que realmente liberta.
Jesus envia o Espírito Santo para que possamos ter
uma experiência profunda de perdão e misericórdia. Só quando nos sentimos
perdoados e nos capacitamos para aceitar o amor de Deus começamos a
experimentar em nosso coração a paz de consciência. Em Pentecostes se celebra a
vitória sobre o pecado, a vitória sobre nossas limitações, pois tomamos
consciência de que o amor de Deus por nós é maior do que todas as coisas. Somos
amados acima de nossas limitações. Os apóstolos e seus sucessores são revestidos
do poder de perdoar os pecados. Este poder não é humano, mas vem diretamente do
coração de Deus que ama suas criaturas. Lembramos que Jesus antes de curar
fisicamente algum enfermo, sempre perdoava os seus pecados. A experiência de
perdão é capaz de curar qualquer enfermidade.
A paz é consequência da certeza do porque existimos.
O sacramento da Reconciliação é muito importante para nós, especialmente no
sentido de abrir nosso coração ao amor de Deus. Existe um grande número de
pessoas sofrendo de depressão, justamente porque o amor de Deus ainda não
conseguiu penetrar profundamente em suas vidas. Quando recebemos o perdão de
Deus nos tornamos novas criaturas com uma alegria infinita.
Não podemos deixar de pedir ao Senhor a Graça do
Espírito Santo em todas as atividades que vamos empreender, especialmente
naquelas que sejam relacionadas com a caridade, para não errarmos o caminho e
concretizarmos efetivamente a vontade de Deus.
Quando estamos envolvidos pelo Espírito Santo somos
criaturas novas. Nosso amor se reparte para toda humanidade, somos promotores
da unidade e da verdade que nos torna livres. A alegria invade nosso coração,
vencemos a discórdia e o espírito anti comunitário reinante na sociedade
comercial que vivemos. O ser humano é muito mais do que compra e venda. Somos
amados por Deus e estamos a caminho de uma união definitiva com Ele.
“Divino Espírito
Santo, consumi em mim tudo aquilo que me impede que eu me consuma em Vós”.
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