“DEUS FAZ
TUDO PARA QUE PARTICIPEMOS DE SUA FELICIDADE”.
A
maravilha
do cristianismo é saber que não é uma religião que partiu da iniciativa humana.
Foi Deus mesmo que veio em busca do ser humano, obra prima de sua criação, para
fazer que ele retornasse ao essencial. Ele se fez homem para nos salvar. Veio
em nosso meio para mudar a história da humanidade perdida pelo efeito de seu
próprio egoísmo. A fé no “Cristo Vivo” manifesta a infinita
misericórdia do Senhor em relação as nossas fraquezas. Por esta razão ser
cristão de verdade é sempre remar contra a correnteza e lutar contra si mesmo.
O maior inimigo que temos é nosso próprio egoísmo.
Estamos iniciando o
momento mais importante da liturgia cristã: O Tríduo Pascal. Segundo Santo
Agostinho é o Sacratíssimo Tríduo do Crucificado, Sepultado e Ressuscitado.
Nele celebramos a vitória de Cristo sobre a morte. Nós cristãos não tememos a
morte porque ela é a passagem (PÁSCOA) para a vida definitiva. Os sofrimentos
momentâneos que enfrentamos em nossa vida quando oferecidos em forma de oração
são meios de preparação para a felicidade eterna. As tristezas momentâneas do
seguimento de Jesus vão ter como destino a felicidade eterna. Ele morreu na
cruz e apareceu depois para seus amigos. Assim como Ele ressuscitou nós também
iremos ressuscitar para a Glória.
Não podemos esquecer
que o cristianismo é a única religião que tem como base o testemunho
apostólico. Os apóstolos tiveram a experiência de “ver Jesus” depois de sua
morte ressuscitado. Esta verdade se torna a base da doutrina da Igreja. Por
esta razão os cristãos não seguem uma ideologia ou filosofia de vida. Seguem
algo relacionado com suas existências. Algo que exige deles uma constante
mudança de vida. O cristianismo é uma religião que visa à prática do bem em
vista da vida definitiva. Jesus sofreu para nos mostrar que esta vida é uma
preparação para a vida eterna. Deus nos ama muito. A grande prova do seu
infinito amor por nós é que Ele além de nos ter criado nos salvou em Jesus
Cristo que deu sua vida para nos salvar.
A culminância do Tríduo
Pascal não é a morte de Cristo, mas sim a grande vitória sobre a morte na
Ressurreição. Assim como Ele ressuscitou um dia também nós teremos esta mesma
experiência se vivermos os valores que ele nos deixou dentro de nossa vida
concreta. Se crermos na ressurreição de Jesus somos convidados a mudar de vida.
Por esta razão nunca será fácil ser cristão.
Deus manifesta sua
misericórdia sabendo que somos incompetentes em nossa missão de amar. O
cristianismo é religião da misericórdia. Da vinda do Senhor para nos
salvar. Deus coloca o seu coração ao
lado do nosso cheio de fragilidades. Vamos nos preparar para esta grande
celebração com o abraço do Pai que experimentamos no sacramento da
reconciliação que é uma grande forma de nos tornarmos mais livres e felizes.
Quando Deus nos perdoa e perdoamos a nós e aos nossos irmãos, acontece na nossa
vida uma verdadeira libertação.
Deus nos cria e nos
recria para Ele (reconstitui o homem que se perdeu no mal uso de sua
liberdade), através dos mistérios da Criação (PAI), Salvação
(FILHO) e Santificação (ESPÍRITO SANTO). O homem por si mesmo não
poderia se salvar. Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem absorve
todos os nossos pecados para nos libertar e nos trazer novamente a
possibilidade de sermos filhos muito amados de Deus. O Criador jamais se
esquece de suas criaturas. Deus “pensa” com amor em cada um de nós. Não podemos
calcular o amor que Ele sente por cada ser humano criado para fazer parte de
sua felicidade.
Vamos procurar destacar
as três principais celebrações deste Tríduo Pascal para que estas celebrações
transformem nossa vida.
CEIA DO SENHOR (Quinta-feira Santa):
Nesta celebração
recordamos o grande momento da instituição da Eucaristia. Jesus antes de se dar
no pão explica com um gesto concreto, lavando os pés dos discípulos, o que
significa a consequência da Eucaristia: a caridade sem reservas e o serviço
fraterno.
Jesus está presente no
meio de nós através da Santíssima Eucaristia. Sua presença não é simbólica, mas
real. O amor de Deus não é parcial nem instável como o nosso fragilizado pelo
egoísmo. Jesus se dá na mesa da Eucaristia para que possamos viver o seu
mistério dentro de uma relação comunitária. Começamos a ser cristãos quando
vamos nos esquecendo de nossos planos particulares e procuramos concretizar o
Plano de Deus. A partilha de dons passa
a ser essencial para a concretização do cristianismo. O sacrifício de Cristo
sempre será recordado através da celebração da Santa Missa. Quando praticamos o
bem mesmo no meio do mal, nos tornamos a extensão do que celebramos. A prática
eucarística exige de nós uma constante conversão.
PAIXÃO DO
SENHOR (Sexta feira Santa):
Já nos perguntamos
alguma vez sobre o termo Paixão e por que ele é utilizado especificamente neste
dia? O amor que Deus sente por nós é capaz de tudo. Até mesmo da entrega da
vida preciosa de seu Filho. São João da Cruz nos diz que quem ama não cansa nem
se cansa. É através da Paixão do Senhor que começamos a entender o grau de amor
que Deus sente por suas criaturas. Jesus foi até as últimas consequências em sua
obediência ao Pai para que todos pudessem ter novamente o que foi perdido pelo
pecado.
Quando lemos os
romances épicos, percebemos alguns elementos parecidos com o que Jesus fez por
cada um de nós. Só que sua radicalidade ultrapassa qualquer romance. Não podemos
imaginar a dor física, moral e psíquica que Jesus passou para que pudéssemos
receber novamente a adoção de Filhos de Deus.
O que é amor? É o que a
“grande mídia” (serpente) nos ensina? Não, amor é entrega. Amor é sofrimento
para edificação do outro. É saída de si para complementar o outro. Muitas vezes
exige despojamento e auto-superação de nós mesmos em favor do que amamos. Jesus
se dissolve em amor por cada um de nós. Santa Teresa ao relatar sua conversão
definitiva nos comove com suas palavras na recordação do que Jesus passou por
cada um de nós individualmente e pela comunidade. O sofrimento de Jesus não
pode ser em vão em nossa vida.
A celebração da Sexta
feira Santa é muito importante para nós no sentido que nos recorda um gesto
concreto de doação e amor da parte de Deus para com toda humanidade.
Ninguém pode se excluir
do fato de que Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu próprio Filho para nos
salvar. Não estamos sozinhos nesta peregrinação rumo ao Eterno. A solidariedade
de Deus chega ao ponto máximo para que possamos ter novamente a plenitude da
vida. Neste dia jejuamos e fazemos penitência para sentirmos em nosso corpo o
gesto de amor que Jesus passou por nós.
VIGÍLIA
PASCAL (Sábado Santo):
A culminância do Tríduo
Pascal não é a morte de Cristo. Não é a tristeza de refletimos sobre seu
sofrimento e sua Paixão, mas sim a grande vitória da Ressurreição. O mais
bonito de tudo isto é que assim como Ele ressuscitou um dia também iremos
ressuscitar. Nós teremos esta mesma experiência se vivermos nossa vida na
prática do Bem, no amor a Deus e ao próximo. A ressurreição é um processo de
aceitação da grande realidade de que somos profundamente amados por Deus. Ela
não é um fato isolado, mas compõe toda nossa existência. É uma opção de vida
que tem sua culminância quando deixarmos este mundo. Começamos a ressuscitar
quando descobrimos o que o Senhor quer de nós e tomamos a decisão séria de
concretizarmos em nossa vida sua vontade.
Na vigília pascal
rezamos e refletimos sobre a vida que supera a morte. Deus não é um Deus dos
mortos, mas dos vivos. Ele nos criou para Ele e só n’Ele encontraremos a
verdadeira felicidade. Somos todos chamados à conversão, ao retorno à fonte de
nossa origem.
Como cristãos somos
chamados a vencer as grandes crises de relacionamento que estamos vivendo para
nos unirmos em torno ao Cristo Vivo e presente em nossa história. O homem
contemporâneo não se sente amado e não consegue amar. Sem Deus viveremos sempre
em uma grande crise afetiva.
Que este momento
importante de celebração litúrgica nos sirva para sermos melhores em nossa vida
vivendo os valores que o Senhor nos apresenta constantemente em sua Palavra.
“Obrigado Senhor Jesus por tudo que sofrestes para que nós
pudéssemos experimentar a alegria da nossa futura ressurreição”.
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