segunda-feira, 16 de março de 2015

O GRÃO DE TRIGO MORRE PARA SE MULTIPLICAR


“O SOFRIMENTO MOMENTÂNEO QUE ENFRENTAMOS NESTA VIDA NOS PREPARA PARA A FELICIDADE ETERNA QUE TEREMOS NO FUTURO”.

As palavras morte e vida são constantes no ensinamento de Jesus. Na realidade uma não coincide com a outra. Nós desejamos “salvar” nossa vida. Desde o momento da tomada de consciência no início desta vida desejamos alcançar a felicidade. Queremos que ela nunca se extinga. Experimentamos em nosso dia a dia momentos de felicidade que nos trazem muita alegria. Mas também vivemos momentos de sofrimento e angústia. Estes sofrimentos quando oferecidos a Deus são causa de nossa santificação. Só a adesão ao projeto de Deus poderá nos trazer a felicidade interior (paz), que nem sempre coincide com as alegrias exteriores. Devemos examinar as consequências daquilo que vamos fazer para não nos arrependermos no futuro. Quando praticamos o bem temos como resposta o bem que nos traz a alegria profunda que é fruto do amor de Deus em nós.




EVANGELHO (Jo 12, 20-33):
Naquele tempo, havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa. Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galiléia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”. Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade eu vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. Agora sinto-me angustiado. E que direi? Pai, livra-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. Pai, glorifica o teu nome!” Então veio do céu uma voz: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!” A multidão que lá estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que falou com ele”. Jesus respondeu e disse: “Esta voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer.



“Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna”.

A proposta de Jesus é sempre um questionamento para nós. Jesus renuncia a si mesmo para nos salvar. Se quisermos ser seus discípulos precisamos deixar nossos projetos particulares para assumirmos um amor universal. O cristão não se preocupa somente com sua felicidade particular. Quer que todos sejam felizes. A linguagem de Deus é sempre paradoxal em relação a nossa pequena visão da realidade. Os pequenos apegos nos levam à busca de nós mesmos e nos afastam da concretização do Reino em nossa vida. A pior consequência deles é que nos tornamos escravos e alienados. O consumismo acaba nos consumindo.
O tema sobre a morte sempre preocupou e questionou o ser humano em sua história. Com a vinda de Jesus os diversos questionamentos tiveram uma única resposta: Deus nos criou para participarmos de sua felicidade. Esta existência mortal é uma preparação para a vida definitiva. A morte é a porta que conduz à vida. Esta morte é sistemática. Acontece em vários momentos de nossa vida quando renunciamos a nós mesmos para fazermos a vontade de Deus. A cada renúncia que vamos vivendo nos abrimos a uma nova consciência. Começamos a entender o que Deus quer de nós.
São João da Cruz em seus escritos nos traz uma mensagem muito importante: Quando queremos chegar ao Tudo, precisamos ir pelo Nada. A renúncia de nós mesmos é essencial para sabermos quem nós somos. Jesus nos fala do grão de trigo que precisa morrer para perfilhar em outros vegetais que produzirão muito mais frutos do que se ele ficasse preso em sua pequena existência. Aí encontramos a raiz da verdadeira felicidade que o homem “moderno” se esqueceu completamente por confiar mais em si no que no Criador.
A morte e o sofrimento não são queridos por Deus. Surgiram como consequência do pecado. Deus se aproveita deles como meios de santificação, de reconhecimento do essencial.
Todos se questionam diante da morte: os sábios, os ricos, os pobres. A morte é um ensinamento para os que confiam em suas próprias forças deixando Deus de lado. Os cristãos chamam a morte de irmã porque é por meio dela que iremos passar para vida definitiva junto com Deus e todos os santos. Não seremos mais escravos do relativismo imposto pelo mundo presente que se fere a si mesmo. O mundo produz infelicidade para si e para os outros. Procura costurar as coisas boas de Deus com falsos valores.
Jesus para nos salvar passou também pela experiência da morte que não foi definitiva para Ele como não será definitiva para nós. Fomos criados para a eternidade. Por esta razão precisamos saber selecionar os valores e participarmos da missão salvífica de Jesus através de nossa colaboração com a missão de evangelizarmos a todos os povos e a todos os ambientes. Para que isto aconteça vamos passar pela cruz e pelo sofrimento momentâneo na certeza da paz definitiva.
Os gregos quiseram “ver Jesus”. Precisamos de uma amizade histórica com o Senhor para vencermos os nossos egoísmos e vê-lo na realidade e em todos os nossos irmãos especialmente os mais necessitados. Quando vemos Jesus somos obrigados a segui-lo dentro da realidade onde nos encontramos. A missão está sempre relacionada com a revelação. Deus se revela para nos enviar como instrumentos de salvação para os nossos irmãos. O seguimento de Jesus não é uma teoria, precisa passar pelo coração, pelo centro afetivo de nossa vida.
Deus quer que façamos desta existência mortal um processo de preparação para a vida definitiva vencendo aos poucos as nossas limitações. Neste tempo da quaresma precisamos recorrer ao sacramento da reconciliação. Pelo perdão de Deus saberemos nos perdoar e perdoar os nossos irmãos.



“Senhor Jesus, que possamos aceitar a realidade do sofrimento que devemos passar nesta vida para experimentarmos a verdadeira alegria que vem de ti”.




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