“JESUS
NOS ENSINA QUE AJUDAR AO PRÓXIMO É A ESSÊNCIA DE NOSSA VIDA CRISTÔ.
A caridade ou o amor sem interesse é a
essência do que Jesus veio nos ensinar. A revelação de Deus ao povo de Israel
por meio de Abraão inicia o plano de salvação de toda a humanidade. A nova lei
trazida por Cristo não é diferente da lei apresentada a Moisés. Podemos afirmar
que é seu pleno cumprimento. A solidariedade é o grande desafio de nossa vida.
Amar é sair de nós mesmos para irmos ao encontro do mistério do outro. O amor
cristão é exigente e transformante do que ama e do que é amado. A parábola do
bom samaritano nos ensina a ver o próximo como alguém que precisa ser ajudado
por nós. No momento que ajudamos o próximo nos tornamos mais felizes e
iniciamos um verdadeiro processo de libertação de nossas limitações. Quem é o
nosso próximo nos dias de hoje dentro de um mundo impregnado pelo egoísmo e
vaidade?
EVANGELHO
(Lc 10, 25-37):
Naquele tempo, um mestre da lei se levantou e, querendo pôr Jesus em
dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida
eterna?” Jesus lhe disse: “O que está escrito na lei? Como lês?” Ele então
respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua
alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como
a ti mesmo!” Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e
viverás”. Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu
próximo?” Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu
nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no, e foram-se
embora deixando-o quase morto. Por acaso, um sacerdote estava descendo por
aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo
aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo
outro lado. Mas um samaritano que estava viajando, chegou perto dele, viu e
sentiu compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho
nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma
pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e
entregou-as ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu
voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: “Na tua
opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos
assaltantes?” Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”.
“Vai e faze a mesma coisa”.
Jesus faz um resumo de tudo o que Deus projetou em
relação à pessoa quando é interrogado por um homem que se considerava entendido
na lei de Moisés. O mandamento ou conselho máximo de Deus para nós se divide em
dois: amar a Deus sobre todas as coisas (Dt 06, 05) e ao próximo como se fosse
a nós mesmos (Lv 19, 18). Assim como a misericórdia tem três elementos
fundamentais, o amor tem três dimensões: amor ao Criador, amor a nós mesmos e o
amor ao próximo. Podemos dizer que Deus vive em plenitude esta tríplice
dimensão. Nós, como seres criados a sua imagem e semelhança só encontraremos a
razão de nossa vida se vivermos o amor, pois está é a essência de Deus.
O amor está ligado diretamente ao verbo sair. Ele
é uma saída de nós mesmos para descobrirmos quem é Deus, quem somos nós e quem
são nossos irmãos. É um movimento de altruísmo que se preocupa em transmitir
vida. Devemos amar ao próximo como se fosse a nós mesmos. Se nós não nos amamos
de verdade não temos condições de amar ao outro como ele é. O sacerdote e o
levita se afastaram do homem machucado para não perderem a pureza ritual. Um
estrangeiro (samaritano), se compadece do homem ferido e faz tudo por ele mesmo
ele sendo um desconhecido. Nós somos os próximos de todos os que necessitam de
nossa ajuda.
Mas quem é o nosso próximo? Porque Jesus utiliza
esta palavra que tanto nos questiona em relação à tão conhecida parábola do bom
samaritano? Jesus inverte os papéis. Talvez pudéssemos pensar que ele deveria
perguntar qual é o próximo do bom samaritano que pratica a caridade, mas a
pergunta vem ao reverso: qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos
dos assaltantes? Este questionamento de Jesus nos afirma que a caridade tem um
duplo efeito. Ela atinge tanto o que a pratica como o que a recebe. Precisamos
amar a todos sem distinção. Praticar o bem e evitar o mal, sem nos preocupar
com as aparências ou com o que dirão de nós se ajudarmos os outros.
Infelizmente tanto o sacerdote judeu como o
levita estavam de certa maneira impedidos de fazer a caridade de socorrer o
ferido, devido ao ofício sagrado que deveriam exercer. Se eles o socorressem,
seriam impuros e não poderiam prestar culto a Deus segundo a Lei. O que Jesus
nos mostra é que a caridade e a solidariedade é o principal culto que poderemos
oferecer a Deus.
Jesus coloca todas as leis em segundo plano
quando se trata de fazer o bem, quando se trata de promover a vida do homem.
Nós somos convidados a praticar a justiça e sermos solidários. Devemos
partilhar tudo o que temos, tanto os bens materiais como os espirituais. Estes
são bem mais difíceis de serem partilhados especialmente por muitas vezes
estarmos fechados em nós mesmos e não vermos que o Senhor está presente em
nossa vida
Não podemos amar só aqueles que de alguma forma irão
nos retribuir com algo. O verdadeiro amor é desinteressado. Estamos carentes
deste amor em nossa sociedade. O mundo de hoje está passando por uma grande
carência afetiva. O individualismo já provou a sua falência. O contato com
Jesus é um contato libertador de nossas fraquezas para vivermos o verdadeiro
afeto. Talvez não iremos ter a oportunidade do bom samaritano em socorrer
alguém gravemente ferido, mas a pessoa que está ao nosso lado, neste momento,
será que não precisa de nosso sorriso e carinho?
Amar o próximo é reconhecer a presença do outro.
É sentir que podemos nos comunicar. Dar do que temos o nosso coração aos que
necessitam. Gosto muito desta frase de Charles Chaplin: “Mais do que
máquinas precisamos de humanidade, mais do que inteligência, precisamos de
afeição e doçura”. Que possamos ser um pequeno tijolo de amor
dentro da construção do mundo.
"Senhor Jesus, ajuda-nos a sair de nós mesmos para nos
sentirmos amados por ti e edificarmos os nossos irmãos”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário