“A EXPERIÊNCIA DE DEUS NOS LEVA À EXPERIÊNCIA DE PERDÃO”.
Neste XI domingo do tempo comum
somos convidados a refletir sobre o tema da aceitação do próximo na vivência do
mandamento do amor. Quanto mais amamos, mais perdoamos e nos sentimos perdoados
e capazes de ter uma visão nova da realidade. O mundo está sofrendo a dura
consequência de seu fechamento sobre si mesmo sem descobrir as raízes da
verdadeira felicidade proposta por Jesus no anúncio da Boa Nova da Salvação. Quando
somos envolvidos pelo amor misericordioso de Deus não olhamos para o mundo e as
pessoas com um olhar de maldade, mas de compaixão e misericórdia. Estamos em um
processo de retorno ao nosso criador que nos ama infinitamente.
EVANGELHO
(Lc 07, 36-08, 3):
Naquele tempo, um fariseu convidou Jesus para uma refeição em sua casa.
Jesus entrou na casa do fariseu e pôs-se à mesa. Certa mulher, conhecida na
cidade como pecadora, soube que Jesus estava à mesa, na casa do fariseu. Ela
trouxe um frasco de alabastro com perfume, e, ficando por detrás, chorava aos
pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés, enxugava-os com os
cabelos, cobria-os de beijos e os ungia com o perfume. Vendo isso, o fariseu
que o havia convidado ficou pensando: “Se este homem fosse profeta, saberia que
tipo de mulher está tocando nele, pois é pecadora”. Jesus disse então ao
fariseu: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Simão respondeu: “Fala,
mestre!” “Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentas moedas de
parta, o outro cinqüenta. Como não tivessem com que pagar, o homem perdoou os
dois. Qual deles o amará mais?” Simão respondeu: “Acho que é aquele ao qual
perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Tu julgaste corretamente”. Então Jesus
virou-se para a mulher e disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei
em tua casa, tu não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, banhou
meus pés com lágrimas e enxugou-os com os cabelos. Tu não me deste o beijo de
saudação; ela porém, desde que entrei, não parou de beijar meus pés. Tu não
derramaste óleo na minha cabeça; ela porém, ungiu meus pés com perfume. Por
esta razão, eu te declaro: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados
porque ela mostrou muito amor. Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco
amor”. E Jesus disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. Então, os
convidados começaram a pensar: “Quem é este que até perdoa pecados?” Mas Jesus
disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz!” Depois disso, Jesus andava por
cidades e povoados, pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus. Os doze
iam com ele; e também algumas mulheres que haviam sido curadas de maus
espíritos e doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído demônios;
Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e várias outras
mulheres que ajudavam a Jesus e aos discípulos com os bens que possuíam.
“Os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados
porque ela mostrou muito amor”.
O projeto de Deus está relacionado com a
salvação da pessoa. Na passagem do evangelho deste domingo percebemos que Jesus
não olha as aparências, nem os títulos, nem as honras, mas sim o desejo de uma
profunda conversão que começa pelo amor que nos incita à experiência de perdão.
Tudo é resumido no amor. Nunca poderemos entender Deus sem penetrarmos na
órbita do amor.
O fato da mulher adúltera que vai ao
encontro de Jesus é muito impressionante pela atitude humilde e corajosa desta
pessoa marcada pelos erros que havia cometido em sua vida e pela acolhida
restauradora do Senhor em sua vida. O grande número de pecados que ela havia
cometido, tendo consciência de seus atos, não lhe impediram a ir até o encontro
do Senhor que iria modificar definitivamente a sua vida. Percebemos como o
Senhor é infinitamente misericordioso.
A atitude de acolhida da parte de Jesus
não é bem vista por um homem que se considerava justo, mas que não tinha
capacidade para entender que Deus é infinitamente misericordioso. Quando nos
voltamos para Deus nossa vida passa por uma profunda transformação. Somos
criaturas novas. O passado deixa de imperar em nossa vida e só nos importamos
pelo fato de sermos profundamente amados por Deus. Nós necessitamos de um ideal
mais profundo que oriente a nossa vida. Muitas vezes nos perdemos no
superficial e nos esquecemos que nosso coração só encontrará paz em Deus.
Vivemos em um mundo pluralista que nos arrasta a relativizarmos os valores que
são fundamentais para a nossa verdadeira realização. A ditadura do relativismo
comanda as pessoas iludidas pelo poder econômico que corrompe todas as camadas
da sociedade. Não é fácil viver dentro desta realidade e colocarmos os valores
de solidariedade cristão dentro deste ambiente.
Os cristãos não devem julgar ninguém.
Não podemos, com nossa visão limitada, conhecer as intenções mais profundas das
pessoas. Por esta razão devemos ver o lado bom de cada indivíduo e procurar
promovê-lo no sentido de uma profunda transformação que só acontece no
reconhecimento do amor que Deus sente por nós todos.
Quando estamos dentro do processo de
amorização (aceitação do amor de Deus em nós e em nossos irmãos) passamos a
aceitar a todos dentro de sua realidade. Começamos a fazer o possível para
promover a pessoa em seu nível original. O tema do perdão e do amor é
importantíssimo para entendermos que Deus quer que todos participem de sua
felicidade. Só o amor poderá construir algo em nossa vida.
"Senhor Jesus, fazei que saibamos
aceitar com amor os nossos irmãos superando as suas e as nossas limitações”.
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