A festa
da Epifania (revelação ou manifestação), que celebramos no domingo após a festa da Sagrada Família,
nos faz refletir sobre a grande finalidade da vinda de Jesus. Ele não vem
salvar só o povo de Israel, mas sim todas as pessoas que se abrem ao Reino de
Deus. No menino Jesus deitado na manjedoura e adorado pelos reis magos vemos a
concretização da grande promessa de Deus feita a Abraão (Gn 17, 01-07). Em Jesus Abraão será pai
de todas as pessoas da face da terra. Jesus Cristo irá expandir o Reino de Deus
para todas pessoas de boa vontade, ou seja, para os que são humildes e se abrem
a Graça de Deus. Somos convidados a seguir a estrela de Jesus rumo a um mundo
mais solidário e fraterno. Quando Jesus vem participar de nossa vida somos
transformados pelo seu amor e buscamos uma profunda conversão. Estar com Jesus
significa acolher a todos e levá-los a uma conversão de vida.
EVANGELHO (Mt 02, 01-12):
Tendo
nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que
alguns magos do oriente chegaram a Jerusalém, perguntando: “Onde está o rei dos
judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no oriente e viemos
adorá-lo”.
Ao
saber disto, o rei Herodes ficou perturbado assim como toda a cidade de
Jerusalém. Reunindo todos os sumos sacerdotes e os mestres da lei,
perguntava-lhes onde o messias deveria nascer. Eles responderam: “Em Belém, na
Judéia, pois assim foi escrito pelo profeta: e tu, Belém, terra de Judá, de
modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá
um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo”. Então Herodes chamou em
segredos os magos e procurou saber deles cuidadosamente quando a estrela tinha
aparecido. Depois os enviou a Belém, dizendo: “Ide e procurai obter informações
exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me, para que também eu
vá adorá-lo”.
Depois
que ouviram o rei, eles partiram. E a estrela, que tinham visto no oriente, ia
diante deles, até parar sobre o lugar onde estava o menino. Ao verem de novo a
estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande. Quando entraram na casa,
viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram.
Depois abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra.
Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra,
seguindo outro caminho.
“Onde
está o rei dos judeus, que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no oriente
e viemos adorá-lo”.
A
vinda de Jesus é repleta de mistério. Ele nasce numa pobreza extrema e atrai personagens
desconhecidos. Os reis magos surgem misteriosamente dos diferentes continentes
do então mundo conhecido da época para adorá-lo. Jesus é o centro de toda
cultura e de toda história. Poderíamos afirmar que a epifania é como se fosse o
que será no futuro Pentecostes onde todas as pessoas “abertas” a vontade de
Deus serão renovadas pelo sentimento do amor profundo de Deus em suas vidas. O
fato da “baixada” de Deus até nós em Jesus Cristo sempre será surpreendente. Jesus
vivo e ressuscitado será foco da pregação de diversas pessoas fora do âmbito do
judaísmo.
Como
poderemos hoje ver a estrela de Jesus em meio à humanidade dividida em contínua
discórdia? Percebemos as pessoas afastadas de seu centro. Perdidas na busca do
corruptível, aquilo que não é essencial. Assim como os reis magos somos
atraídos à gruta de Belém. Para a humildade que nos revelará aquilo que somos.
O homem jamais será feliz enquanto pensar que é autor de sua própria
felicidade. Deus nos criou como suas criaturas. Estamos aqui para irmos em
direção ao seu chamado. A vida dentro da iniquidade ou indiferença para as
coisas de Deus já provou sua falência dentro de um mundo depressivo e cheio de
sinais de morte.
Percebemos
na figura de Herodes um rei ambicioso que não cumpre com sua função de ajudar
na salvação de seu povo. Tem poder, mas não sabe direcioná-lo no sentido da
justiça e fraternidade. Todos nós, embora sendo profundamente limitados,
podemos fazer algo para que este mundo seja melhor. Devemos utilizar todos os
dons e bens que o Senhor nos concede para que o mundo seja transformado pelo
amor de Deus derramado em nossos corações. Não podemos ficar cegos na busca das
coisas materiais porque elas não nos pertencem. Só o que nos pertence é a vida
definitiva que é conquistada pela aceitação da vontade de Deus em nossa vida.
Os
reis levam presentes relacionados com o que Jesus representa para nós. O ouro
da realeza, o incenso da divindade e a mirra da humanidade. Jesus irá entregar
sua vida por cada um de nós. Ele vem libertar o coração de todos os que se
sentem oprimidos. Nós quando somos batizados também assumimos estes três múnus:
o sacerdócio, a profecia e o reinado. Isto nos é dado para concretizarmos o
Reino de Deus no mundo. Não o reino de Herodes, mas sim o reino de
solidariedade que Jesus nos ensinou a viver através de sua Palavra e do
alimento Eucarístico. Os reis magos nos dão exemplo que precisamos nos
desacomodar para sermos felizes. Eles sentem uma grande alegria quando se
encontram com o menino Jesus. A mesma alegria que sentimos quando temos a
certeza que estamos fazendo a vontade de Deus.
Para
seguir a estrela de Jesus precisamos esquecer-nos de nós mesmos e percebermos o
quanto somos importantes para Deus e para nossos irmãos. Não podemos parar em
nossa peregrinação na tentativa de construir um mundo de paz, de amor e de solidariedade.
“Senhor fazei que nos
desacomodemos de nossa apatia para irmos ao seu encontro com amor”.
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