“ESTAR COM JESUS É SER LIVRE
DA FOME ESPIRITUAL E MATERIAL”.
O milagre da multiplicação dos pães além de ser um grande milagre de
Jesus, pode ser interpretado como uma nova ordem social. Quando nos abrimos ao
amor de Deus começamos a ser solidários. Não tem como unir o cristianismo ao
egoísmo. Desde seu início percebemos a partilha como a ordem principal que os
primeiros discípulos viveram. No momento em que obedecermos a Deus e ele ocupar
o centro da sociedade, a fome e a miséria irão se afastar automaticamente.
Jesus não realiza os milagres para aparecer como Deus, mas comprova que a
solidariedade é o centro de sua doutrina. A partilha é o fundamento da vida dos
que querem seguir a Cristo. Este milagre também nos leva ao grande milagre da
Eucaristia que é o alimento essencial para os que querem conviver com Deus.
EVANGELHO
(Jo 06,
01-15):
Naquele
tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de
Tiberíades. Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava
a favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com os seus
discípulos. Estava próxima a páscoa, a festa dos judeus. Levantando os olhos, e vendo que uma grande
multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos
comprar pão para que eles possam comer?” Disse isto para pô-lo à prova, pois
ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: “Nem duzentas
moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. Um dos
discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: “Está aqui um menino com
cinco pães e dois peixes. Mas o que é isto para tanta gente?” Jesus disse:
“Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram,
aproximadamente, cinco mil homens. Jesus tomou os pães, deu graças e
distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com
os peixes. Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei
os pedaços que sobraram, para que nada
se perca!” Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco
pães, deixadas pelos que haviam comido. Vendo o sinal que Jesus tinha
realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele
que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para
proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
“Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam
sentados, tanto quanto queriam”.
A multiplicação
dos pães é um sinal de que Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente
homem. Uma pessoa comum não poderia realizar estes sinais que Jesus realizou.
Cada sinal ou milagre tem um sentido importante para nossa vida. Ele não quis
fazer espetáculos, mas através dos milagres comprovou sua divindade e missão.
Somos
uma sociedade carente do pão material e espiritual. Jesus multiplica os pães
como sinal de fraternidade e amor pelas pessoas que estão cansadas de buscar a
felicidade em alegrias momentâneas. O mundo precisa de Deus. A maior fome que
passamos hoje é a fome da Palavra que acarreta na falta de solidariedade. Em
Deus o ser humano encontra as verdadeiras respostas para os seus anseios mais
profundos. O sistema individualista leva as pessoas a um fechamento sobre elas
mesmas. Este fechamento tem consequências sérias. É um sinal de morte e não de
vida.
A
mensagem da Boa Nova da salvação deve nos saciar física e espiritualmente.
Podemos retirar desta passagem do evangelho muitas lições para nós hoje. Jesus
percebe o grande número de pessoas que o seguiam. Quer que todos se sintam bem,
até mesmo em relação à manutenção física de suas vidas. É uma percepção singela
de sua parte. Jesus se utiliza deste fato concreto para questionar e ensinar aos
seus discípulos que para Deus nada é impossível e quando as pessoas se reúnem
na graça de Deus a fome e a miséria física e espiritual, deixam de existir.
Deus
nos quer unidos em comunidade. Cada um deve fazer a sua parte vivendo na
solidariedade. Não podemos tirar desta passagem o fato do sinal ou milagre
direto que Jesus realiza. Não é uma refeição puramente de partilha, pois o
evangelho é claro que o que se tinha era muito pouco para saciar a fome da
grande multidão. Os sinais de Jesus servem para confirmar sua missão salvífica.
Ele não é um simples revolucionário baseado em uma ideologia política. Ele é
Deus feito homem que vem nos salvar através de seu poder. É certo também, que
quando nos unimos em torno da pessoa de Jesus começamos a viver a partilha,
mesmo dentro de nossas limitações. O reinado de Deus começa acontecer no
momento em que nos sentimos criaturas de Deus. Esta tomada de consciência nos
torna irmãos uns dos outros.
Estamos
no mundo que passa fome tanto material como espiritual. Fome de afeto e amor.
Nós cristãos somos chamados a melhorar os ambientes onde nos encontramos. Só o
amor poderá transformar a nossa sociedade. É através da renovação total de
nossa vida que iremos modificar o mundo. Muitas vezes um simples sorriso sacia
muito mais a fome de amor das pessoas do que muitas coisas materiais. Um abraço
fraterno pode mudar o coração de uma pessoa entristecida.
A
reforma da sociedade começa com a reforma de nosso coração, da nossa profunda
comunicação com aquele que realmente pode saciar a fome mais profunda de nossa
existência.
Não
podemos esquecer-nos da Eucaristia É através dela que iremos nos alimentar dos
valores eternos que não passam. Ela nos leva ao fortalecimento de nossos
ideais, nos faz mais dóceis ao plano de Deus.
“Multiplicai em nós Senhor a capacidade de sermos mais solidários e
fraternos”.
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