“DEUS NOS AMA ACIMA DE
NOSSAS LIMITAÇÕES”
O segundo
domingo da Páscoa é reconhecido oficialmente pela Igreja como Domingo da
Misericórdia. Jesus entra no Cenáculo Glorioso com as portas fechadas e
transmite a grande consequência dos que experimentam a Deus. A Paz que é fruto
do amor misericordioso de Deus para com suas criaturas. Deus oferece o seu
imenso amor a todos os seus filhos através de Jesus Cristo. É o grande mistério
de amor da Santíssima Trindade que deseja que façamos parte de sua felicidade.
Deus nos criou para o Eterno Convívio com Ele e com todos os que procuraram
fazer o bem passando por cima de suas limitações.
“Diz à
humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e Eu a
encherei de paz. A humanidade não encontrará a paz enquanto não se voltar, com
confiança, para a minha misericórdia”.
Estas
palavras foram pronunciadas por Jesus Cristo na aparição a Santa Maria Faustina
Kowalska nos anos trinta do século passado. A missão desta santa iniciou-se em
22 de fevereiro de 1931, quando o misericordioso Salvador lhe apareceu. Ela viu
Jesus vestido de túnica branca, com a mão direita levantada a fim de abençoar,
enquanto a esquerda pousava no peito, fazendo que a túnica, levemente aberta,
deixasse sair dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. A Santa Faustina
fixou em silêncio o olhar de Jesus que lhe disse:
“Pinta
uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus eu
confio em Vós. Desejo
que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois no
mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Desejo
que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas,
especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha
misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da
fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o
perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas
divinas, pelas quais fluem as graças. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas
entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da
Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha
misericórdia” (Diário,
nº 699).
Neste
próximo domingo em muitas comunidades católicas será exposta a imagem de Jesus
Misericordioso. O sacerdote que divulgar esta devoção receberá muitas graças
para si e para sua comunidade.
EVANGELHO (Jo 20, 19-31):
Ao
anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos
judeus, as portas do lugar onde os discípulos de Jesus se encontravam, Jesus
entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois destas
palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por
verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me
enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e
disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles serão
perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado
Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros
discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu
não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos
pregos em suas mãos, e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias
depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava
com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e
disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e
olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas
incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste?
Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Jesus realizou muitos outros
sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes
foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo tenhais a vida em seu nome.
“Acreditaste,
porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
A humanidade está passando por uma grande crise
de fé e afeto. As pessoas não se sentem amadas e por isso se perdem em seus
próprios egoísmos. Nós seremos bem-aventurados no momento em que crermos
firmemente que Jesus está vivo no meio de nós. Temos a certeza de sua presença
e esta realidade é fonte de realização interior. Jesus nos oferece uma
felicidade permanente. Hoje devemos crer no testemunho dos apóstolos que viram
Jesus Ressuscitado. O cristianismo é uma herança do testemunho apostólico.
A profissão de fé de Tomé,
chamado dídimo, que significa pequeno; faz-nos repensar sobre nossa Fé como
aceitação do Mistério da presença de Deus em nossa vida. Muitas vezes agimos
como ele. Queremos uma comprovação daquilo que só é possível saber pela Fé.
Jesus entra três vezes no local
onde os discípulos se encontravam com as portas fechadas. Com medo da
perseguição e das críticas que os outros poderiam fazer em relação ao seu
discipulado. Eles ainda não tinham experimentado a força do Espírito Santo que
fará a abertura do Cenáculo e o anúncio do testemunho da Ressurreição de Jesus.
A saudação de Jesus é uma
saudação de Paz. Uma paz que muitas vezes exigirá sofrimento daqueles que irão
ser seus apóstolos após Pentecostes. A segunda saudação de paz está unida à
missão apostólica. O perdão dos pecados, o sacramento da reconciliação que nos
renova da nossa incapacidade de amar. Jesus pede que os seus discípulos perdoem
os pecados. É o mistério da Igreja, a forma de mediação mais perfeita que Deus
deixou para nossa salvação. Infelizmente com o surgimento do protestantismo
muitas pessoas relativizaram este mandato de Jesus pensando em um perdão
pessoal. O pecado atinge a comunidade e o sacerdote em nome de Deus e da
comunidade prejudicada com nossas faltas, nos perdoa. É um momento de profunda
libertação para todos nós. Se este sacramento fosse mais freqüente em nossa
vida, certamente teríamos menos problemas de ordem afetiva e emocional.
Crer é aceitar e se entregar ao
que Deus nos apresenta com sua linguagem paradoxal. Os discípulos “viram o
Senhor”. Hoje devemos crer nesta verdade que perpassa os séculos. O testemunho
é uma verdade que se vê na testa. Na frente da pessoa envolvida pelo mistério.
Jesus não está morto, mas vive no meio de nós, nos sacramentos, na sua Igreja.
Crer é ter a vida em Cristo. É se
dispor a negar-se a si mesmo em favor da missão que Ele nos confia. Quando
acreditamos somos enviados ao sofrimento. A experiência de Deus é rica em misericórdia. Por
esta razão ela é uma experiência de perdão. Quando somos perdoados nos sentimos
amados. Por esta razão a humildade se faz necessária para sermos realmente
felizes em nosso processo de ressurreição.
Somos pecadores, mas o Senhor é
misericordioso e quer nos reconciliar. A comunicação perdida com Deus através
do pecado original é derrotada pelo próprio amor que Deus sente pelas suas
criaturas.
Hoje, através de nossa vida,
devemos mostrar ao mundo que Cristo está vivo. Especialmente pelos valores que
vamos assumindo em nossa existência em direção ao Pai. Os cristãos precisam
viver na alegria verdadeira que nasce da conexão com o Criador através de Jesus
Cristo. Hoje queremos ser os bem-aventurados, que mesmo sem termos visto o
Senhor acreditamos no testemunho dos que nos antecederam na Fé.
A profissão
de fé de Tomé marcou a história da humanidade. Podemos cair na tentação de
achar que ele era uma pessoa fraca e insensível. Mas o crer no Cristo
ressuscitado é o maior desafio que temos em nossa vida. Crer é realizar na vida
os valores de Cristo no concreto de nossa existência. Pela fé teremos paz que é
um dom necessário para sermos felizes.
A saudação que Jesus ressuscitado
faz ao estar junto aos seus discípulos é muito importante para que saibamos
qual é a conseqüência da vida de seus seguidores. A paz é fruto do amor que
invade o coração daquele que crê. O processo de ressurreição começa já nesta
vida quando iniciamos a aceitar a realidade do amor que Deus sente em
grande escala por nós.
O perdão é uma graça dada a
partir do Espírito Santo e isto provoca a unidade dentro de nós mesmos e na
vivência comunitária. Tomé representa
todos nós que queremos uma comprovação tátil daquilo que é sobrenatural. Quando
amamos temos certeza de fatos que não conhecemos de um modo racional. A razão é
um instrumento que deve nos levar a experiência de sermos criaturas amadas por
Deus.
Os primeiros mártires da Igreja nos
dão provas de que quando vamos nos entregando ao mistério da ressurreição, nos
desapegamos da sociedade que valoriza o que não tem valor.
Como é importante aceitarmos o
testemunho de nossos irmãos. Vermos a transformação que acontece em suas vidas
a partir da fé. Se Tomé tivesse valorizado aquilo que seus irmãos tinham
experimentado, ele não seria revestido da dúvida em relação ao fato da
ressurreição de Jesus.
A partir do mistério da
Ressurreição de Jesus a história da humanidade já não é mais a mesma e a
definição sobre a existência humana toma outro sentido. Jesus está vivo no meio
de nós oferecendo a sua infinita misericórdia. Não podemos mais perder tempo
com alegrias momentâneas, tudo o que estamos passando é preparação para a vida
definitiva.
Se existimos é porque somos
amados. Estamos sobre o olhar amoroso de Deus que nos criou para a vida. A
conversão ou o nosso processo de ressurreição exige de nossa parte uma mudança
em nosso olhar. Para nos santificarmos precisamos olhar como Deus olha. Deixarmos
de lado todo egoísmo para experimentarmos o amor.
“Jesus eu espero e
confio em Vós.”
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