segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A PORTA ESTREITA




“ENTRAR PELA PORTA ESTREITA É O CAMINHO DIRETO PARA ALCANÇARMOS A DEUS”.

O grande desafio que enfrentamos na peregrinação desta vida consiste na assimilação dos valores do Evangelho. Para que isto aconteça precisamos ter a coragem de entrar na “porta estreita” das provações que se tornam essenciais para sermos felizes. Neste domingo rezamos e meditamos na vocação do leigo pedindo especialmente pelos catequistas que passam o essencial de nossa fé. São cristãos comprometidos com as diversas comunidades onde a Igreja está presente. Devemos estar sempre atentos ao que o Senhor nos solicita em meio às diversas contradições presentes dentro da sociedade.











EVANGELHO (Lc 13, 22-30):

Naquele tempo: Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” Jesus respondeu: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’. Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’ Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!’ Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora. Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no reino de Deus. E assim há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.


“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”.

Quando olhamos para a doutrina de Jesus podemos ter certa desconfiança por ela se apresentar de um modo contraditório ao que nós adotamos no cotidiano de nossas vidas.  Deus se utiliza de uma linguagem paradoxal. São dois contrários que se unem para se chegar a uma verdade. É como a criança que por se baixa vê o bordado da mãe pelo avesso e se queixa para ela da falta de beleza no seu trabalho até que a mãe abaixa o bordado e mostra para a criança o lado contrário do avesso e a criança percebe a beleza do que a mãe está fazendo.
A linguagem evangélica é sempre contrária ao que a nossa natureza nos inspira no momento. Jesus fala em porta estreita. São as dificuldades, as provações que vamos assumindo em nossas vidas que vão nos purificando e mostrando o essencial. A porta larga são as facilidades e de uma falsa prosperidade que é na realidade um desvio do imenso desafio daqueles que querem seguir a Cristo. Nesta porta estão contidas as alegrias momentâneas que nos enganam nos arrastando ao superficial. As pessoas seduzidas pelo passageiro do mundo não conseguem encontrar a Paz do Ressuscitado porque vivem presas no emaranhado do ter do poder e do prazer.
Os verdadeiros discípulos de Jesus são reconhecidos pela prática da justiça unida a solidariedade. Não seguimos uma doutrina vazia em relação ao amor que devemos devotar aos nossos semelhantes. Não adianta termos uma prática religiosa só em nível pessoal esquecendo que o cristianismo é uma vivência comunitária. Talvez esta seja a porta mais estreita que teremos que passar, pois a comunidade sempre nos questiona e nos pede mais. A nossa santificação sempre tem uma dimensão eclesial. Buscamos a santidade com e para a Igreja.
Todo ser humano busca a felicidade. Gostaríamos de viver uma felicidade mais permanente. Desde a sua origem o homem deve fazer escolhas, ele é administrador de sua vida. Quando pensamos poder encontrar a felicidade sozinhos, nos enganamos profundamente. Começamos a nos satisfazer com pequenos momentos de alegria que depois podem se transformar numa grande angústia. Podemos perceber que esta é a radiografia do ser humano da atualidade: pensa em ser feliz sem um profundo relacionamento com seu Criador. Pensa em buscar a felicidade sem as raízes da própria felicidade que está na profunda comunicação com Aquele que pode nos dar uma verdadeira explicação do sentido de nossa existência.
A porta larga das facilidades é uma tentação constante na vida do cristão. Hoje poucos falam de ascese e penitência, até mesmos os consagrados a Deus pelos votos religiosos. Entrar pela porta estreita é auto superar-se na tentativa de praticar a justiça que sempre nos questiona. É buscar uma conversão sistemática sob a ação do Espírito Santo. A experiência da Noite Escura de São João da Cruz é de grande atualidade pois ela nos purifica para chegarmos ao essencial.
Jesus se afasta daqueles que praticam a injustiça. Todos aqueles que se perdem na falta de solidariedade. Deus é o Sumo Bem, Ele quer que todos vivam na prática do Bem. Deus não nos criou para atingirmos a felicidade no fechamento em nós mesmos. A paz interior é consequência da certeza do objetivo de nossa vida.
A porta estreita sempre será um grande desafio. Não sabemos bem onde ela se encontra se não formos pessoas de profunda oração. Ela é um trato de amizade que nos traz automaticamente discernimento sobre o sentido de nossa vida. Pela oração descobrimos o que o Senhor quer de nós e ao mesmo tempo encontramos força para concretizarmos o que Ele nos pede em nossa vida.
Quando amamos alguém buscamos as coisas da pessoa amada. Se amarmos realmente a Deus vamos buscar os seus valores, vamos procurar, com nossas limitações, viver o essencial. Jesus se nega a aceitar os injustos porque eles mesmos fizeram sua escolha de viverem longe do projeto de Deus.




"Senhor Jesus, com a vossa graça nos ajude a termos a coragem de sempre escolher a porta estreita de seu amor”.

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