segunda-feira, 25 de agosto de 2014

RENUNCIAR A SI MESMO


“SEGUIR A CRISTO É RENUNCIAR A SI MESMO PARA IMPLANTAR O AMOR NO MUNDO”.


No evangelho deste próximo domingo Jesus nos fala do sofrimento que terá que passar para concretizar o plano do Pai. Não existe amor sem perda. Ele é uma saída de nós mesmos para a edificação do próximo. Quando Pedro percebe o fato do sofrimento de Jesus e sua “aparente derrota” faz uma espécie de falsa profecia dizendo que Deus jamais iria permitir isto. Ele fala isto sem pensar devido ao grande amor que devotava ao seu mestre. Pedro nesta ocasião representa a nossa fraqueza diante do desafio do seguimento. É repreendido pelo mestre que lhe ensina que precisamos perder a vida se queremos salvá-la. Não há como separar a Cruz do Cristo e o Cristo da Cruz. São duas realidades que se unem para nossa salvação. A conclusão que chegamos é que se queremos seguir ao Senhor até a eternidade iremos passar inevitavelmente por ela.


EVANGELHO (Mt 16,21-27):

Naquele tempo, Jesus começou a mostrar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” Jesus, porém, voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!” Então Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta”.


“Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la”.


A partir deste evangelho podemos refletir sobre as coisas de Deus e as coisas dos homens. Qual é a diferença entre as duas? Deus nos ama como Criador e nós amamos de forma limitada como criaturas. As coisas de Deus são eternas. Deus no vê já na eternidade ao seu lado. Nós ainda somos limitados e muitas vezes nos enganamos pensando que a vida é só aqui neste mundo e somos enraizados no materialismo. Os nossos instintos nos dominam levando-nos para fora de nós mesmos. A crise afetiva mundial que a humanidade atravessa tem aí sua origem.
A resposta dura de Jesus a Pedro nos apresenta um forte radicalismo no objetivo que ele tem de dar sua vida para nos salvar. Talvez este seja o ponto de difícil aceitação do cristianismo por parte de um bom número de pessoas da sociedade que querem um Cristo do conforto e não o conforto do Cristo. Muitos fogem do comprometimento com a missão que Jesus nos pede.
A cruz é inerente ao seguimento de Cristo. Não é uma busca de sofrimento voluntário. É a consequência dos que dizem sim a Deus. A visão limitada de Pedro era incapaz de perceber a dimensão sobrenatural do Mestre que veio ao mundo para dar sua vida em resgate da nossa. O despojamento se faz necessário para descobrirmos a realidade do amor de Deus e sairmos de encontro aos nossos irmãos. Devemos imitar a Cristo se quisermos alcançar a felicidade, o mundo já provou a muito tempo o seu fracasso em buscar a felicidade com seu método egoísta.
Quando nos tornamos cristãos assumimos a vida de Cristo em nossa vida. Ele foi desprezado, nós também não seremos aceitos por todos especialmente por aqueles que são manipulados pela grande mídia e que caem no relativismo.
O processo de adesão à verdade fará que comecemos neste mundo uma experiência da verdadeira liberdade. Não adianta ter tudo se não termos nada. A felicidade se encontra dentro de nosso coração. Não nos elogios e valores que possam nos dar por aspectos externos de nossa vida. O ter está em função do ser. Se ele estiver fora de sua função se torna um aguilhão da morte.
O amor exige saída e desconforto. É uma tarefa árdua, exercício de puro altruísmo de nossa parte. Se nos esquecermos e colocarmos a missão em primeiro plano seremos mais felizes. A fonte de sofrimento que existe no mundo vem pelo egoísmo implantado pelo pecado pessoal e social que torna as pessoas indiferentes ao Criador.
A vida é o maior dom que recebemos de Deus. Ela deve ser preservada no sentido positivo: na tentativa de direcioná-la na concretização da vontade de Deus. A nossa existência já é um chamado para se alcançar a verdadeira felicidade.
Nesta linguagem paradoxal de Jesus, percebemos que o buscar a si mesmo leva o homem a sua própria ruína. O ser humano foi criado para uma relação com o “outro”. Depois de se descobrir amado pelo Criador, ele passa a se amar e vai de encontro aos seus semelhantes.
Pedro ainda não entendia o valor do mistério da Redenção que estava para acontecer com o sacrifício de Jesus seu mestre que era seu amigo e Messias com a missão de ser o Salvador da humanidade. A compreensão total só irá acontecer após a graça de Pentecostes com a força do Espírito Santo.
Muitas pessoas hoje mudam de religião toda hora procurando aquela que possa lhe “satisfazer” mais. Isto acontece por falta de uma verdadeira assimilação da missão de Jesus. Vemos o aumento das facções que se dizem cristãs. O nome de Cristo é usado para se conseguir uma prosperidade para esta vida terrena se esquecendo totalmente da realidade da vida eterna. O encontro com a cruz da renúncia vai evitar qualquer tipo de relativismo. Somos convidados a uma luta constante contra nosso próprio egoísmo para concretizarmos a vontade de Deus.
Jesus chama a Pedro de Satanás, porque seus sentimentos em relação a sua pessoa são simplesmente humanos. São de alguém que busca a si mesmo numa amizade terrena com Jesus. Com a experiência de pentecostes, Pedro vai entender que a morte leva à vida quando se busca a verdade de Deus. Ele mesmo será martirizado para confirmar que o individualismo não se casa com o altruísmo cristão.
Percebemos nas obras de São João da Cruz, o grande místico carmelita, que o homem para ser feliz precisa estar totalmente desnudado de seu egoísmo. “Aquele que quiser chegar ao Tudo deverá ir pelo caminho do nada”. Quando somos queimados pela chama do amor de Deus percebemos o verdadeiro valor de nossa vida. Infelizmente, hoje somos manipulados a buscar nosso próprio prazer. Justificamos prazer com prazer e vamos nos afastando cada vez mais de nosso princípio existencial.
Quando vivemos o verdadeiro romance de um Criador que busca as suas criaturas, nossa vida muda de perspectiva: somos canais de transmissão do amor de Deus. Já não nos preocupamos com nós mesmos. Passamos a ser instrumentos de amorização da humanidade.


“Senhor Jesus, fazei que possamos aceitar a cruz do despojamento com alegria”.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

TU ÉS PEDRO E SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA



“A IGREJA É EDIFICADA SOBRE A PEDRA HUMANA COM A GRAÇA DIVINA”.


No próximo domingo celebramos dentro do mês vocacional o dia do Apóstolo leigo. Os nossos ministros da catequese têm uma função muito importante em nossas comunidades. Devem transmitir os dados e as experiências em relação à vida cristã a crianças, jovens e adultos. Na realidade a catequese é algo interminável em nossa vida. O evangelho deste domingo nos apresenta a profissão de Fé de Pedro que vai ser o fundamento da Igreja. Deus em sua infinita sabedoria escolheu homens limitados para provar que sua obra é divina. Vamos aproveitar e rezar pelo nosso Santo Padre o Papa Francisco que hoje é para nós Pedro que se entrega em todos os momentos por cada cristão do mundo inteiro.


EVANGELHO (Mt 16,13-20):

Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra, será ligado no céu; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. Jesus então ordenou aos seus discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o messias.


 

“Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra, será ligado no céu; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Muitas vezes durante a nossa vida lemos este capítulo famoso de São Mateus. Ele é representado por vários artistas religiosos do mundo inteiro. São Pedro aparece com as grandes chaves do Paraíso. Recebe do próprio Cristo o mandato de ligar o céu e a terra. É uma grande responsabilidade hoje vivida pelo nosso Santo Padre o Papa.
Pedro é um pescador, homem simples do povo. Esta realidade não descarta o chamado de Deus e sua resposta sincera. Os humildes estão mais preparados para receber as missões mais profundas do seu plano de amor.
Nesta passagem vemos a sua profissão de fé que o consagra chefe da Igreja. Cai sobre ele a responsabilidade de estar na frente da futura maior sociedade dos que acreditam em Jesus como sendo Cristo. Sua afirmação o confirma como Pedro, pedra e cabeça da Igreja. O alicerce é um fundamento. O edifício depende dele. Muitas vezes terá que sofrer solitariamente para que todos possam beber da fonte.
Jesus faz uma pergunta bem geral sobre a sua pessoa: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Os homens são criaturas, o Filho do Homem é Deus. Os homens são incapazes de reconhecer a realidade do Filho do Homem sem a ação do Espírito Santo. É Ele que dá capacidade a Pedro de responder a pergunta feita por Jesus. Este questionamento devemos fazer constantemente para nós mesmos. Como consideramos Jesus? É um personagem da história, é uma idéia vertical ou horizontal, ou é o nosso amigo que nos oferece a vida plena? Conforme experimentamos a nossa amizade com Cristo será a nossa vida concreta como cristãos no mundo.
“Tu és o messias, o Filho do Deus vivo”. Nesta afirmação, Pedro está reconhecendo a realidade da missão de Jesus. Ele vem para salvar seu povo, não é uma salvação política, é uma salvação integral baseada na solidariedade comunitária do Reino de Deus. Não podemos esquecer que Javé está presente, Ele é um Deus vivo na história de seu povo. O novo povo de Deus serão todos os batizados no mundo inteiro irão compor a Igreja de Cristo desfalcada pelas falsas religiões que deturpam a Palavra de Deus com interpretações subjetivas da Fé.
Quanto mais nos aprofundamos no mistério de Cristo, mais percebemos a universalidade de sua missão. Por meio de Cristo e de sua Igreja tendo Pedro como fundamento, temos uma maior garantia de estarmos na comunidade dos crentes. Somos intercessores uns dos outros, somos responsáveis pela salvação ou pela perdição do Corpo Místico de Cristo.
O pertencer a Igreja não é algo relativo em relação a nossa salvação. Quando estamos com a Igreja, estamos com Cristo e com seu projeto. Infelizmente o ser humano se considera criador de tudo, inclusive de projetos pessoais que interferem no que Deus deixou para nós com muita clareza. A vivência sacramental dentro da Igreja tem como objetivo praticar o bem e evitar o mal. Fazer o bem dentro de um ambiente adverso. Por isto ela se fortifica amando a presença de Jesus na Eucaristia, na Palavra e na intercessão materna de Maria que é nossa mãe.
Estando com Pedro estamos com Cristo e seu projeto de amor para com toda a humanidade. Precisamos amar mais a Igreja. Estudar mais os seus documentos para não sermos dominados pelo relativismo que impera na humanidade e que está levando o ser humano a uma crise afetiva cada vez maior.


“Senhor tu és o Cristo. Pela nossa amizade contigo estaremos juntos na eternidade”.



segunda-feira, 11 de agosto de 2014

ASSUNÇÃO DE MARIA


“A MÃE DE JESUS INTERCEDE POR NÓS NA GLÓRIA DOS CÉUS”.

A Igreja sempre alimentou uma grande devoção a mãe de Jesus. Por Jesus ser o Filho de Deus nós passamos a ser filhos de Maria. A devoção a Nossa Senhora nos traz uma grande alegria e segurança em nossa caminhada cristã. No próximo domingo celebramos a festa da Assunção de Maria. O Papa Pio XII (01 de novembro de 1950) declarou oficialmente que Maria foi glorificada por Deus, está no paraíso e intercede por todos nós. Ela foi “elevada” ao céu por Deus pelo imenso merecimento que teve em aceitar a grande missão de ser a mãe do Salvador.
A devoção a Nossa Senhora é parte integrante da vida dos cristãos desde o início da sua história pela importância do fenômeno da Encarnação do Verbo. Ela aceitou livremente em ser a “mãe do Salvador”.
Maria recebeu e recebe muitos títulos no decorrer da história da humanidade. Eles nascem conforme as necessidades concretas que surgem na caminhada rumo ao Pai. Se recorrermos às nossas mães em nossas dificuldades, é justo recorrermos a mãe de Jesus que é nossa mãe comum que intercede junto a Deus por nós. Ela é muito atenciosa as nossas necessidades.
Dentro do mês vocacional celebramos também o dia dos consagrados (religiosos). O religioso procura dar testemunho de Jesus através de seu carisma e de sua entrega a Deus pela alegria que brota de seu gesto de solidariedade na sua consagração.



EVANGELHO (Lc 01, 39-56):

Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre! Como posso merecer que a mãe de meu Senhor me venha visitar? Logo que a saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. Bem aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus, meu salvador, porque olhou para a humanidade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem aventurada, porque o todo poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre”. Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa.


“Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre!”

A devoção a nossa Senhora inicia no fato misterioso da Anunciação do anjo e da Encarnação do Verbo no momento em que ela aceita ser a mãe do Salvador. Temos dois grandes mistérios: a escolha de Deus feita a ela e sua aceitação. Deus faz a Maria uma proposta de envergadura gigantesca. Maria é convidada a ser a mãe do Messias, do Cristo, enviado do Pai para salvar a humanidade. É muito difícil saber exatamente o que se passou no coração de Maria neste momento. É um mistério que vai acompanhar a história do cristianismo até o final dos tempos. Quando Maria aceitou ser a mãe de Jesus, ela aceitou a tarefa árdua de auxiliar Deus no plano de salvação de toda a humanidade.
A “Anunciação” e a “Encarnação” só foram possíveis pela grande humildade e obediência de Maria. Ela abandonou seu plano pessoal para aceitar o plano de Deus. Este fato só poderia ter acontecido em um ambiente de profunda comunicação (oração) com o Senhor. Como aconteceu várias vezes com os grandes heróis do Antigo Testamento, poderíamos tirar de Maria estes dois grandes exemplos: quem reza obedece e se esquece de si mesmo para realizar em sua vida o que Deus determina. A oração está ligada a capacidade de despojamento. A paz que almejamos em nossa vida só é possível quando obedecemos a Deus.
O dogma da Assunção dá uma qualidade especial à missão de Maria. Poderíamos dizer que é consequência da Anunciação e Encarnação. Por seus imensos merecimentos Maria é elevada ao Céu. Ela não irá passar pelo processo de glorificação comum como nós. Ela recebe, de imediato, a graça da ressurreição como merecimento por ter aceitado ser a mãe do Salvador.
Deus “deseja” profundamente que as pessoas participem de sua felicidade. Ele não se conforma com a incapacidade de correspondência ao seu amor da parte da pessoa e por isto vai de encontro a sua fraqueza para salvá-lo. Maria faz parte deste desejo através do mistério da Encarnação do Verbo. Ela se torna instrumento essencial no plano de Deus. Na recuperação do homem perdido pelo pecado. Por Eva a humanidade cai na divisão do pecado e pelo sim solidário e livre de Maria o homem se une novamente ao seu Criador. Pelo sim de Maria nos é restituída à capacidade de dizermos sim a Deus.
Na atitude de Maria ir ao encontro de sua prima Isabel, percebemos uma forte disponibilidade e solidariedade na alegria. Esta é a característica dos que servem a Deus. Quando procuramos à concretização da vontade de nosso Criador somos “desacomodados”. Saímos de nós mesmos e vamos ao encontro de Deus, de nós mesmos e de nossos irmãos. Este é o segredo da verdadeira felicidade: vencer nosso egoísmo e sermos solidários.
A maioria das pessoas de hoje são infelizes porque não se conhecem em profundidade. Erram em suas opções. A competição econômica reinante em nosso mundo é como o aguilhão do escorpião que se volta contra ele mesmo quando se sente encurralado. Estamos sofrendo os efeitos do egoísmo, mas infelizmente não queremos sair desta situação. O tempo não é bem administrado em relação ao que faz a pessoa realmente feliz. Somos manipulados a ficarmos na mesmice do relativismo implantado pela grande mídia.
A graça de Deus é capaz de fazer que nos valorizemos no sentido pleno da palavra. O canto do “magnificat” de Maria não é um canto de auto-suficiência de sua pessoa. É a realidade que cobre aqueles que se sentem verdadeiros servos de Deus. Através da humildade vamos nos transformando no que o Senhor projetou para nós.
Maria está no céu gloriosa. Certamente muito preocupada com a nossa salvação. Ela realmente se considera nossa mãe pelo próprio mandato de Cristo nos últimos momentos em que estava na cruz entregando sua vida para nos salvar. Vamos sempre recorrer a Maria em todos os momentos de nossa vida e sempre estaremos fazendo o que seu Filho nos pede.

 


“Querida mãe do Céu. Olhe para vossos filhos que caminham na instabilidade desta vida rumo ao Pai”.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

JESUS ANDA NAS ÁGUAS



“QUANDO DESVIAMOS NOSSO OLHAR DE JESUS NOS AFOGAMOS EM NOSSO PRÓPRIO EGOÍSMO”.

O  mês de agosto  é  dedicado ao conhecimento e reflexão sobre o tema vocacional. A vocação é um chamado de Deus para sermos felizes servindo aos nossos semelhantes. Inicialmente fomos chamados à existência, depois ao batismo, quando nos consagramos a Deus. Finalmente escolhemos um estilo de vida que vai nos fazer felizes e irá nos transformar em instrumento de realização para os nossos irmãos. Para este fim podemos escolher a vocação sacerdotal, a vocação religiosa e de apóstolo leigo (casado ou solteiro). Neste domingo refletimos e rezamos sobre a vocação ao matrimônio que é um dos grandes desafios para todos os cristãos: formar boas famílias  independentes da filosofia egoísta do mundo atual.


EVANGELHO (Mt 14, 22-33):
Depois da multiplicação dos pães, Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali sozinho. A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. Quando os discípulos o avistaram andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” Assim que subiram no barco, o vento se acalmou. Os que estavam no barco, prostaram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”

 


“Homem fraco na fé, por que duvidaste?”

Esta passagem do evangelho é de uma riqueza extraordinária para nós hoje. Tem muito a nos ensinar em relação a nossa entrega ao plano de amor do Criador. Em primeiro lugar percebemos o gesto de Jesus que manda seus discípulos seguirem adiante dele para que ele possa rezar. Não existe fé sem oração. Jamais poderemos saber o que Deus deseja de nós se não nos comunicamos com Ele. Jesus dá exemplo da importância da oração. Quando rezamos começamos a ter discernimento em relação à escolha sobre o bem e o mal. Na oração descobrimos a vontade de Deus e ao mesmo tempo nos fortalecemos para concretizá-la em nossa vida.
Os discípulos já estavam bem afastados. Jesus vai ao encontro deles andando sobre as águas. Os sinais de Jesus também são um mistério para nós. Certamente que este gesto serviria de base para a fé dos discípulos. No futuro, em meio às dificuldades do seguimento. Para que eles não vacilassem, em meio aos desafios da futura vida que teriam que levar. O Senhor toma sempre a iniciativa. Ele nos ama e vem até nós. É o Pai misericordioso.
O alcance da fé dos discípulos não chega ainda à altura do acontecimento de Jesus andar sobre as águas. Eles têm medo. Muitas vezes se sentem fragilizados pela falta do Espírito Santo que no futuro dará força para enfrentarem a realidade e assumirem totalmente a pessoa de Jesus. O medo pode ser um dos maiores inimigos para seguirmos a Cristo. Numa fase inicial os seus discípulos sempre serão criticados e humilhados frente ao egoísmo da sociedade.
Pedro, o futuro chefe da Igreja, toma a iniciativa e aceita o desafio. Quer ir também. Andar nas águas com a segurança do mestre. Inicialmente, quando confia na presença de Jesus, consegue caminhar sobre as águas. Quando começa a se entregar mais para a lógica humana do que divina se afoga. A perda do olhar do mestre, o medo e o desvio para as coisas externas fizeram que ele começasse a se afundar. Muitas vezes somos tomados de dúvidas porque queremos explicar as atitudes de Deus sem nos entregar para Ele. A barca pode representar a Igreja. Nunca devemos nos afastar dela se queremos alcançar a verdadeira felicidade.
Quando Jesus sobe no barco a tempestade é acalmada. A presença do Salvador muda a situação de domínio do pecado. Deus vai à busca do homem que sozinho não tem como se salvar sem o seu auxílio. Nunca poderemos entender quem é Deus se não formos solidários. Os mesmos homens que tiveram esta experiência maravilhosa terão que padecer a consequência de sua adesão ao plano de Deus. Será exigido deles o martírio, a total entrega à vontade de Deus. Duas realidades se unem: a imensa misericórdia do Senhor que se manifesta a nós e a missão como consequência imediata daqueles que aderem ao Reino.
A confiança no Senhor é fundamental para vencermos as diversas tempestades de nossa vida. Ele está no meio de nós e nunca nos abandonará.



“Senhor Jesus venha em nosso auxílio quando somos medrosos e olhamos para o lado.”