segunda-feira, 28 de abril de 2014

OS DISCÍPULOS DE EMAÚS


 

“OS DISCÍPULOS DE EMAÚS TEM UMA EXPERIÊNCIA PROFUNDA COM O RESSUSCITADO”.

A  caminhada desta vida é cheia de mistérios, momentos de muitas alegrias e dificuldades. O Senhor Jesus caminha sempre conosco em qualquer situação. Os discípulos de Emaús estavam preocupados com os acontecimentos relacionados com a vida de Jesus sem perceberem que ele caminhava junto com eles. O desafio da fé é o ponto mais importante de nossa vida. Devemos aceitar o mistério da presença amorosa de Deus que nos acompanha sempre em todas as situações. Deus deseja que façamos parte de sua eterna felicidade. A fé está unida a obediência e a humildade. Podemos dizer que as três caminham juntas e se complementam mutuamente. O crer na presença do Senhor exige uma mudança de vida que nem sempre é aceita por todos.

 


EVANGELHO (Lc 24, 13-35):
Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: “O que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?” Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isto, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.   Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isto para entrar na glória?” E, começando por Moisés e passando pelos profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da escritura que falavam a respeito dele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais  adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar  com eles. Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisto os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as escrituras?” Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os onze reunidos com os outros. E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.


 “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as escrituras?”

O momento em que os discípulos estavam vivendo era de medo e expectativa frente aos fatos que haviam presenciado. Eles não tinham certeza do motivo da morte de Jesus. Estavam apavorados com a “derrota” aparente de Jesus que fez com que eles nem percebessem que falavam com o próprio mestre. Muitas vezes acontece o mesmo em nossa vida. Ficamos detidos no lado negativo do que nos acontece e esquecemos que o Senhor sempre caminha conosco. Entristecemo-nos com a opressão que a grande mídia faz em relação à Igreja e sua pregação conforme os ensinamentos de Jesus Cristo. O mundo vive na mentira da satisfação momentânea.
Os discípulos de Emaús convidam Jesus para passar a noite com eles sem saber quem ele era. Percebemos um gesto de caridade da parte deles que vai ser recompensado com o reconhecimento de Jesus ao partir o pão. A essência do cristianismo está na partilha e na vitória sobre todo egoísmo. Quando aprendemos a nos despojar de nós mesmos para vivermos em comunidade estamos vivendo o Reino pregado por Cristo.
O coração dos discípulos estava ardendo e eles não sabiam que estavam com Jesus. Muitas vezes sentimos o efeito da presença do Senhor em nossas vidas e somos indiferentes ao seu amor. Devemos cultivar a presença do Senhor em nosso meio. Pedir ao divino Espírito Santo a capacidade de lermos os sinais de Deus.
O mundo tem fome de fraternidade. O problema do ser humano vai ser sempre o mesmo: quer amar e sentir-se amado. Como cristãos devemos transformar a solidão em partilha, o sofrimento em alegria da presença do Cristo Ressuscitado no meio de nós. Devemos fazer a diferença na prática do bem no meio do mal.
O homem jamais será feliz no isolamento e nunca entenderá quem é Deus sem a experiência de altruísmo. Os discípulos de Jesus o reconhecem no partir do pão. Deus por si mesmo é partilha que leva à unidade. O mistério eucarístico faz que tenhamos a experiência com o Cristo ressuscitado.
Muitas vezes agimos como os discípulos de Emaús. Estamos com medo de nós mesmos e vemos uma realidade negativa em nossa vida acima do plano de Deus. Jesus foi explicando para eles qual era o sentido de seu gesto. Ele não veio buscar sua própria satisfação, mas sim a Vontade do Pai. A mensagem de Cristo não é de uma prosperidade neste mundo como pregam as falsas religiões hoje tão desenvolvidas no mundo porque o ser humano está fragilizado em sua ignorância.
Hoje Jesus caminha conosco em todos os momentos de nossa vida. Cabe a nós reconhecer sua presença através da oração e de uma vida espiritual mais profunda. Jesus é o nosso amigo. Devemos dialogar constantemente com Ele para sabermos o sentido de nossa existência. A pessoa humana só será feliz quando encontrar o sentido de sua vida. O objetivo do porque vive e para onde vai. Na ressurreição de Jesus encontramos esta resposta. Estamos a caminho da eternidade. A nossa vida é uma peregrinação. Nela Jesus está presente oferecendo constantemente o seu amor.
A amizade com Jesus nos faz tomar consciência do sentido de todos os fatos que nos acontecem. Não podemos criar um deus particular a serviço de nosso comodismo e de nossas necessidades imediatas. A visão comunitária de nossa vida nos compromete e nos transforma, embora seja sempre um grande desafio.
Quando estamos a caminho, vivendo um processo dinâmico de amor, vamos crescendo e nos identificando com o Cristo ressuscitado. Passamos a entender que nós também, de alguma forma, teremos a mesma experiência. Não podemos nos esquecer da Igreja que atualiza a presença de Jesus no meio de nós. Não há Cristo sem Igreja, pois ela faz parte inerente de seu projeto de salvação. Também não podemos nos esquecer da presença da Virgem Santíssima que nos ajuda a descobrir como acertarmos em nosso caminhar.
A vida do cristão é uma constante tentativa de saber qual é a vontade de Deus para concretizá-la. O nosso maior desafio é a administração das graças que Deus nos concede para sermos instrumentos de salvação para os nossos irmãos na comunidade.


 “Que possamos Senhor Jesus ter a certeza que caminhas conosco em direção a vida eterna.”



segunda-feira, 21 de abril de 2014

A DIVINA MISERICÓRDIA NOS TRAZ A PAZ

 


“A PAZ DE JESUS É FRUTO DE SUA INFINITA MISERICÓRDIA”.


No segundo domingo do tempo pascal celebramos o domingo da misericórdia. Este domingo tem uma relação íntima com a festa da misericórdia instituída oficialmente pelo nosso saudoso São  João Paulo II que foi canonizado neste domingo juntamente com o Papa João XXIII. Ele foi um grande devoto da misericórdia. Deus oferece o seu imenso amor a todos os seus filhos através de Jesus Cristo. É o grande mistério de amor da Santíssima Trindade que deseja que façamos parte de sua felicidade. O amor exige presença. Deus nos ama e quer nos ver ao seu lado por esta razão percebemos todo o esforço que Ele faz para que esta realidade aconteça. Jesus oferece para nós a sua Paz. Diferente da paz que o mundo prega sustentada por alegrias momentâneas.



EVANGELHO (Jo 20, 19-31):

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos de Jesus se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E depois de ter dito isto, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”. Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos em suas mãos, e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe  disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo tenhais a vida em seu nome.



“A paz esteja convosco. Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

O que buscamos nesta vida a não ser obter a paz? É interessante que depois de tanto sofrimento que Jesus passou vemos ele ressuscitado indo ao encontro dos discípulos e fazendo esta saudação de paz como se o resumo de tudo que enfrentamos nesta vida irá ter como consequência esta paz. Jesus entra três vezes no local onde os discípulos se encontravam. Eles estavam desorientados com as portas fechadas, com medo da perseguição mesmo tendo em seus corações os fatos maravilhosos que haviam presenciado. A saudação de Jesus é uma saudação de Paz. Uma paz que muitas vezes exigirá sofrimento daqueles que irão ser autênticas testemunhas de Cristo após a graça de Pentecostes.
Não iniciamos nosso processo de ressurreição se não iniciarmos o nosso processo de conversão associado ao da misericórdia. Sem perdão não há ressurreição. Deus nos ama acima de nossas fraquezas e limitações.
A profissão de fé de Tomé, chamado dídimo, que significa pequeno; faz-nos refletir sobre nossa Fé como aceitação do Mistério da presença de Deus em nossa vida. Tomé representa cada um de nós muitas vezes levados pelo materialismo imediatista. A segunda saudação de Jesus está unida a missão apostólica. O perdão dos pecados, o sacramento da reconciliação que nos renova da nossa incapacidade de amar. Jesus pede que os seus discípulos perdoem os pecados. É o mistério da Igreja, a forma de mediação mais perfeita que Deus deixou para nossa salvação. Infelizmente com o surgimento do protestantismo muitas pessoas relativizaram este mandato de Jesus pensando em um perdão pessoal. O pecado atinge a comunidade e o sacerdote em nome de Deus e da comunidade prejudicada com nossas faltas nos perdoa. É um momento de profunda libertação para todos nós. Se este sacramento fosse mais frequente em nossa vida, certamente que teríamos menos problemas de ordem afetiva e emocional.
Crer é aceitar e se entregar ao que Deus nos apresenta com sua linguagem paradoxal. Os discípulos “viram o Senhor”. Hoje devemos crer nesta verdade que perpassa os séculos. O testemunho é uma verdade que se vê na testa, na frente da pessoa envolvida pelo mistério. Jesus não está morto, mas vive no meio de nós, nos sacramentos, na sua Igreja.
Crer é ter a vida nova em Cristo. É se dispor a negar-se a si mesmo em favor da missão que Ele nos confia. Quando acreditamos somos enviados ao sofrimento. A experiência de Deus é rica em misericórdia. Por esta razão ela é uma experiência de perdão. Quando somos perdoados nos sentimos amados. Por esta razão a humildade se faz necessária para sermos realmente felizes em nosso processo de ressurreição.
Somos pecadores, mas o Senhor é misericordioso e quer nos reconciliar. A comunicação perdida com Deus através do pecado original é derrotada pelo próprio amor que Deus sente pelas suas criaturas.
Hoje, através de nossa vida, devemos mostrar ao mundo que Cristo está vivo, especialmente pelos valores que vamos assumindo em nossa existência em direção ao Pai. Os cristãos precisam viver na alegria verdadeira que nasce da conexão com o Criador através de Jesus Cristo. Hoje queremos ser os bem-aventurados, que mesmo sem termos visto o Senhor acreditamos no testemunho dos que nos antecederam na Fé.
A profissão de fé de Tomé marcou a história da humanidade. Podemos cair na tentação de achar que ele era uma pessoa fraca e insensível. Mas o crer no Cristo ressuscitado é o maior desafio que temos em nossa vida. Crer é realizar na vida os valores de Cristo no concreto de nossa existência. Pela fé teremos paz que é um dom muito necessário para sermos felizes.
A saudação que Jesus ressuscitado faz ao estar junto aos seus discípulos é muito importante para que saibamos qual é a consequência da vida de seus seguidores. A paz é fruto do amor que invade o coração daquele que crê. O processo de ressurreição começa já nesta vida quando iniciamos a aceitar a realidade do amor que  Deus sente em  grande escala por nós.
O perdão é uma graça dada a partir do Espírito Santo e isto provoca a unidade dentro de nós mesmos e na vivência comunitária.  Tomé representa todos nós que queremos uma comprovação tátil daquilo que é sobrenatural. Quando amamos temos certeza de fatos que não conhecemos de um modo racional. A razão é um instrumento que deve nos levar a experiência de sermos criaturas amadas por Deus. 
Os primeiros mártires da Igreja nos dão provas de que quando vamos nos entregando ao mistério da ressurreição, vamos nos desapegando aos princípios da sociedade que valoriza o que não tem valor.
Como é importante aceitarmos o testemunho de nossos irmãos. Vermos a transformação que acontece em suas vidas a partir da fé. Se Tomé tivesse valorizado aquilo que seus irmãos tinham experimentado, ele não seria revestido da dúvida em relação ao fato da ressurreição de Jesus.
Se existimos é porque somos amados. Estamos sobre o olhar amoroso de Deus que nos criou para a vida. A conversão ou o nosso processo de ressurreição exige de nossa parte uma mudança em nosso olhar. Para nos santificarmos precisamos olhar como Deus olha. Deixarmos de lado todo egoísmo para experimentarmos o amor.

 

DEVOÇÃO AO JESUS DA MISERICÓRDIA


“Diz à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e Eu a encherei de paz. A humanidade não encontrará a paz enquanto não se voltar, com confiança, para a minha misericórdia”.

Estas palavras foram pronunciadas por Jesus Cristo na aparição a Santa Maria Faustina Kowalska nos anos trinta do século passado. A missão desta santa iniciou-se em 22 de fevereiro de 1931, quando o misericordioso Salvador lhe apareceu. Ela viu Jesus vestido de túnica branca, com a mão direita levantada a fim de abençoar, enquanto a esquerda pousava no peito, fazendo que a túnica, levemente aberta, deixasse sair dois grandes raios, um vermelho e outro pálido. A Santa Faustina fixou em silêncio o olhar de Jesus que lhe disse:


“Pinta uma imagem de acordo com o modelo que estás vendo, com a inscrição: Jesus eu confio em Vós. Desejo que esta Imagem seja venerada, primeiramente, na vossa capela e, depois no mundo inteiro. Prometo que a alma que venerar esta Imagem não perecerá. Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia, estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa. A humanidade não terá paz enquanto não se voltar à fonte da Minha misericórdia” (Diário, nº. 699).


Em muitas comunidades católicas será exposta a imagem de Jesus Misericordioso. O sacerdote que divulgar esta devoção receberá muitas graças para si e para sua comunidade. Recebemos a graça da Indulgência Plenária neste dia se participarmos com devoção na Festa da Misericórdia com as devidas condições que a Igreja nos propõe.

 

“Obrigado Senhor Jesus por nos ensinar a viver a experiência de seu infinito amor por nós”.




segunda-feira, 14 de abril de 2014

TRÍDUO PASCAL

 

“DEUS FAZ TUDO PARA QUE PARTICIPEMOS DE SUA FELICIDADE”.

A maravilha do cristianismo é saber que não é uma religião que partiu da iniciativa humana. Foi Deus mesmo que veio em busca do ser humano, obra prima de sua criação, para fazer que ele retornasse ao essencial. Ele se fez homem para nos salvar. Veio em nosso meio para mudar a história da humanidade perdida pelo efeito de seu próprio egoísmo. A fé no “Cristo Vivo” manifesta a infinita misericórdia do Senhor em relação as nossas fraquezas. Por esta razão ser cristão de verdade é sempre remar contra a correnteza e lutar contra si mesmo. O maior inimigo que temos é nosso próprio egoísmo.
Estamos iniciando o momento mais importante da liturgia cristã: O Tríduo Pascal. Segundo Santo Agostinho é o Sacratíssimo Tríduo do Crucificado, Sepultado e Ressuscitado. Nele celebramos a vitória de Cristo sobre a morte. Nós cristãos não tememos a morte porque ela é a passagem (PÁSCOA) para a vida definitiva. Os sofrimentos momentâneos que enfrentamos em nossa vida quando oferecidos em forma de oração são meios de preparação para a felicidade eterna. As tristezas momentâneas do seguimento de Jesus vão ter como destino a felicidade eterna. Ele morreu na cruz e apareceu depois para seus amigos. Assim como Ele ressuscitou nós também iremos ressuscitar para a Glória.
Não podemos esquecer que o cristianismo é a única religião que tem como base o testemunho apostólico. Os apóstolos tiveram a experiência de “ver Jesus” depois de sua morte ressuscitado. Esta verdade se torna a base da doutrina da Igreja. Por esta razão os cristãos não seguem uma ideologia ou filosofia de vida. Seguem algo relacionado com suas existências. Algo que exige deles uma constante mudança de vida. O cristianismo é uma religião que visa à prática do bem em vista da vida definitiva. Jesus sofreu para nos mostrar que esta vida é uma preparação para a vida eterna. Deus nos ama muito. A grande prova do seu infinito amor por nós é que Ele além de nos ter criado nos salvou em Jesus Cristo que deu sua vida para nos salvar.
A culminância do Tríduo Pascal não é a morte de Cristo, mas sim a grande vitória sobre a morte na Ressurreição. Assim como Ele ressuscitou um dia também nós teremos esta mesma experiência se vivermos os valores que ele nos deixou dentro de nossa vida concreta. Se crermos na ressurreição de Jesus somos convidados a mudar de vida. Por esta razão nunca será fácil ser cristão.
Deus manifesta sua misericórdia sabendo que somos incompetentes em nossa missão de amar. O cristianismo é religião da misericórdia. Da vinda do Senhor para nos salvar.  Deus coloca o seu coração ao lado do nosso cheio de fragilidades. Vamos nos preparar para esta grande celebração com o abraço do Pai que experimentamos no sacramento da reconciliação que é uma grande forma de nos tornarmos mais livres e felizes. Quando Deus nos perdoa e perdoamos a nós e aos nossos irmãos, acontece na nossa vida uma verdadeira libertação.
Deus nos cria e nos recria para Ele (reconstitui o homem que se perdeu no mal uso de sua liberdade), através dos mistérios da Criação (PAI), Salvação (FILHO) e Santificação (ESPÍRITO SANTO). O homem por si mesmo não poderia se salvar. Jesus Cristo verdadeiro Deus e verdadeiro Homem absorve todos os nossos pecados para nos libertar e nos trazer novamente a possibilidade de sermos filhos muito amados de Deus. O Criador jamais se esquece de suas criaturas. Deus “pensa” com amor em cada um de nós. Não podemos calcular o amor que Ele sente por cada ser humano criado para fazer parte de sua felicidade.
Vamos procurar destacar as três principais celebrações deste Tríduo Pascal para que estas celebrações transformem nossa vida.




CEIA DO SENHOR (Quinta feira Santa):

 

Nesta celebração recordamos o grande momento da instituição da Eucaristia. Jesus antes de se dar no pão explica com um gesto concreto, lavando os pés dos discípulos, o que significa a consequência da Eucaristia: a caridade sem reservas e o serviço fraterno.

Jesus está presente no meio de nós através da Santíssima Eucaristia. Sua presença não é simbólica, mas real. O amor de Deus não é parcial nem instável como o nosso fragilizado pelo egoísmo. Jesus se dá na mesa da Eucaristia para que possamos viver o seu mistério dentro de uma relação comunitária. Começamos a ser cristãos quando vamos nos esquecendo de nossos planos particulares e procuramos concretizar o Plano de Deus.  A partilha de dons passa a ser essencial para a concretização do cristianismo. O sacrifício de Cristo sempre será recordado através da celebração da Santa Missa. Quando praticamos o bem mesmo no meio do mal, nos tornamos a extensão do que celebramos. A prática eucarística exige de nós uma constante conversão.


 

PAIXÃO DO SENHOR (Sexta feira Santa):


Já nos perguntamos alguma vez sobre o termo Paixão e por que ele é utilizado especificamente neste dia? O amor que Deus sente por nós é capaz de tudo. Até mesmo da entrega da vida preciosa de seu Filho. São João da Cruz nos diz que quem ama não cansa nem se cansa. É através da Paixão do Senhor que começamos a entender o grau de amor que Deus sente por suas criaturas. Jesus foi até as últimas consequências em sua obediência ao Pai para que todos pudessem ter novamente o que foi perdido pelo pecado.
Quando lemos os romances épicos, percebemos alguns elementos parecidos com o que Jesus fez por cada um de nós. Só que sua radicalidade ultrapassa qualquer romance. Não podemos imaginar a dor física, moral e psíquica que Jesus passou para que pudéssemos receber novamente a adoção de Filhos de Deus.
O que é amor? É o que a “grande mídia” (serpente) nos ensina? Não, amor é entrega. Amor é sofrimento para edificação do outro. É saída de si para complementar o outro. Muitas vezes exige despojamento e auto-superação de nós mesmos em favor do que amamos. Jesus se dissolve em amor por cada um de nós. Santa Teresa ao relatar sua conversão definitiva nos comove com suas palavras na recordação do que Jesus passou por cada um de nós individualmente e pela comunidade. O sofrimento de Jesus não pode ser em vão em nossa vida.
A celebração da Sexta feira Santa é muito importante para nós no sentido que nos recorda um gesto concreto de doação e amor da parte de Deus para com toda humanidade.
Ninguém pode se excluir do fato de que Deus amou tanto o mundo que lhe deu seu próprio Filho para nos salvar. Não estamos sozinhos nesta peregrinação rumo ao Eterno. A solidariedade de Deus chega ao ponto máximo para que possamos ter novamente a plenitude da vida. Neste dia jejuamos e fazemos penitência para sentirmos em nosso corpo o gesto de amor que Jesus passou por nós.



VIGÍLIA PASCAL (Sábado Santo):

A culminância do Tríduo Pascal não é a morte de Cristo. Não é a tristeza de refletimos sobre seu sofrimento e sua Paixão, mas sim a grande vitória da Ressurreição. O mais bonito de tudo isto é que assim como Ele ressuscitou um dia também iremos ressuscitar. Nós teremos esta mesma experiência se vivermos nossa vida na prática do Bem, no amor a Deus e ao próximo. A ressurreição é um processo de aceitação da grande realidade de que somos profundamente amados por Deus. Ela não é um fato isolado, mas compõe toda nossa existência. É uma opção de vida que tem sua culminância quando deixarmos este mundo. Começamos a ressuscitar quando descobrimos o que o Senhor quer de nós e tomamos a decisão séria de concretizarmos em nossa vida sua vontade.
Na vigília pascal rezamos e refletimos sobre a vida que supera a morte. Deus não é um Deus dos mortos, mas dos vivos. Ele nos criou para Ele e só n’Ele encontraremos a verdadeira felicidade. Somos todos chamados à conversão, ao retorno à fonte de nossa origem.
Como cristãos somos chamados a vencer as grandes crises de relacionamento que estamos vivendo para nos unirmos em torno ao Cristo Vivo e presente em nossa história. O homem contemporâneo não se sente amado e não consegue amar. Sem Deus viveremos sempre em uma grande crise afetiva.
Que este momento importante de celebração litúrgica nos sirva para sermos melhores em nossa vida vivendo os valores que o Senhor nos apresenta constantemente em sua Palavra.


“Obrigado Senhor Jesus por tudo que sofrestes para que nós pudéssemos experimentar a alegria da nossa futura ressurreição”.



segunda-feira, 7 de abril de 2014

DOMINGO DE RAMOS


“RECEBER JESUS É SABER RECEBER SUA CRUZ E RESSURREIÇÃO”.


Iniciamos a Semana Santa com o Domingo de Ramos. É a semana mais importante de todo o ano litúrgico. Vamos recordar o grande fato. O maior gesto de doação da parte de Deus para com suas criaturas. O Filho de Deus dá sua vida para nos salvar.  A vitória do mal é só aparente. Ele parece que sempre está acima do bem. Vemos como tudo o que se escreve e se fala de Cristo nos grandes meios de comunicação, servem para prejudicar a Boa Nova por Ele anunciada. Com a paixão, morte e ressurreição de Jesus o mal não terá mais vantagem alguma sobre o bem. Este momento é muito importante para nós refletirmos sobre o amor que Deus sente por nós e mudarmos de vida. Deus escolheu, em seu plano de amor pela humanidade, o povo de Israel. Deste povo sairá a salvação para toda humanidade a partir da experiência com Jesus o Cristo, o Verbo Encarnado. O maior investimento de Deus para nos salvar aconteceu no Mistério da Encarnação, Morte e Ressurreição de Jesus. Ele vem até nós para participar de nossa vida e nos ensinar o essencial. O nosso maior desafio está em definir a importância real de Cristo para nós. O povo exaltava Jesus como Rei de Israel, mas não queria uma mudança de vida. Não queria aceitar a verdadeira transformação que Jesus Cristo veio ensinar na mudança de nossa forma de amar. O louvor a Deus deve estar ligado a uma profunda mudança de valores. Não basta dizer que Jesus é o filho de Davi se não nos convertermos realmente ao que ele nos ensinou.
Vamos nesta semana procurar o sacramento da reconciliação para vivermos com alegria  a passagem de Jesus em nossa vida.




EVANGELHO (Mt 21, 01-11):

Naquele tempo, Jesus e seus discípulos aproximaram-se de Jerusalém e chegaram a Betfagé, no monte das Oliveiras. Então Jesus enviou dois discípulos dizendo-lhes: "Ide até o povoado que está ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho. Desamarrai-a e trazei-os a mim! Se alguém vos dizer alguma coisa, direis: 'O Senhor precisa deles, mas logo os devolverá' ". Isso aconteceu para se cumprir o que foi dito pelo profeta: "Dizei à filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta". Então os discípulos foram e fizeram como Jesus lhes havia mandado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram sobre ele as suas vestes, e Jesus montou. A numerosa multidão estendeu suas vestes pelo caminho, enquanto outros cortavam ramos das árvores, e os espalhavam pelo caminho. As multidões que iam à frente de Jesus e os que o seguiam, gritavam: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!" Quando Jesus entrou em Jerusalém a cidade inteira se agitou, e diziam: "Quem é este homem?" E as multidões respondiam: "Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia".

 

"Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!"

O povo de Israel estava ansioso por uma libertação integral nas dimensões política, espiritual e econômica. Imaginava um Messias cheio de força que iria libertar o povo de toda esta situação. Aos poucos os líderes do povo percebem que as características de Jesus não são as mesmas que eles esperavam. Jesus entra em Jerusalém aclamado pelo povo como rei-profeta. Jesus percebe as distorções dos líderes do povo e as acusa publicamente especialmente no sentido que se estava dando ao culto a Javé dentro do templo. As atitudes de Jesus são julgadas de forma errada como se ele relativizasse o templo.
Imaginamos como pode ser este povo que aclama Jesus  ser o mesmo que irá gritar para que ele seja crucificado. O Fato é que no julgamento de Jesus estavam presentes pessoas de outra categoria, que não viram ou que não queriam aceitar os sinais que Jesus havia feito que comprovaram sua missão.
A adesão a Cristo envolve toda pessoa. Não o aceitamos pelas conveniências, não buscamos nele nossa satisfação. A experiência com Jesus nos leva até a misericórdia de um Deus presente e preocupado com a nossa verdadeira realização. O motivo de ter hoje tantas religiões que falam no nome de Jesus é justamente a falta de aceitação do Cristo pleno, do Cristo que compromete e modifica a nossa vida.
Hoje Jesus está presente no meio de nós através dos sacramentos. De uma maneira toda especial do Santíssimo Sacramento. Ele está presente para nos curar e mudar a nossa vida. A experiência de amizade com Jesus tem de nos levar a um amor altruísta.
Fizemos uma pesquisa no Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Editora Herder de Barcelona), para entendermos com mais profundidade o sentido e o significado da palavra hosana. É uma palavra hebraica que significa “vem em ajuda, dá-nos a salvação”. Esta palavra se encontra no salmo 118,25 como forma de oração para pedir a Deus sua ajuda permanente depois da vitória. Na festa das Tendas, hosana se converteu em uma oração corrente de súplica e também um grito de louvor. Neste dia se fazia uma procissão com palmas de vários tipos, cantando as orações com a invocação hosana como estribilho. Esta palavra só se encontra no relato da alegre entrada de Jesus em Jerusalém. Todas as fórmulas usadas significam o cumprimento da espera messiânica. Se o povo que recebeu Jesus estava utilizando esta palavra é porque já estava tendo consciência da sua missão. Algumas pessoas do povo, pelos sinais que ele realizava, percebiam uma nova era que se iniciava em sua história.
Jesus vem em nome do Senhor. Ele é o senhor, verbo encarnado que vem aos que se abrem ao novo projeto de salvação. Deus tem uma linguagem paradoxal. Uma lógica diferente da nossa. Ele nos vê como criaturas em particular, com a nossa individualidade e na comunidade com os dons que devem ser partilhados.
Jesus se esquece de sua condição divina para nos salvar. Quer que tenhamos uma experiência profunda do amor de Deus. Ele nos  leva ao encontro com o Pai mostrando o caminho da solidariedade comunitária.
Vamos procurar nesta semana santa acompanhar Jesus em todos os seus passos e seguir seu exemplo de despojamento em favor dos irmãos. Vamos colocar de lado nossos pequenos planos particulares para aceitarmos em nossa vida o que o Senhor nos pede.


“Senhor Jesus muito obrigado por tudo que passastes para nos salvar”.